De repente você se dá conta de que existem pilhas de coisas amontoadas na sua casa que não têm mais utilidade, só ocupando espaço. Doar parece ser a solução. Afinal, tem muita gente precisando de roupas, móveis, eletrodomésticos e eletrônicos que não estão nas melhores condições de uso, mas que podem ser consertados e servir perfeitamente para outra pessoa. Mas será que, nesse caso, passar para a frente é mesmo a melhor alternativa? Como saber o que doar, reciclar ou jogar fora?
Doar é uma boa ação, mas nem sempre uma ação bem-intencionada está livre de provocar danos. Segundo reportagem do portal Tree Hugger, instituições beneficentes nos Estados Unidos registraram um aumento nas doações durante a pandemia do novo coronavírus, porque as pessoas têm passado mais tempo limpando e organizando a casa.
Embora, por um lado, esse avanço seja positivo – afinal, com mais doações, mais pessoas serão beneficiadas –, o crescimento das doações também implica mais lixo indo parar nos aterros sanitários. Isso acontece porque nem tudo o que é doado pode ser reutilizado ou revendido.
Ao Tree Hugger, Mande Butler, diretor sênior de programas especiais da ONG Habitat for Humanity International, explica que a organização faz o que pode para salvar itens não vendáveis de aterros sanitários, firmando parcerias com empresas locais e outras ONGs para enviar esses produtos para a reciclagem.
Ainda assim, Butler explica que “quando itens inutilizáveis, quebrados ou não vendáveis são doados, mais recursos são gastos no descarte desses itens do que em itens que podem ser vendidos”. Isso quer dizer que, na intenção de fazer o bem, você pode estar arrumando um problemão para as instituições de caridade.
Você já ouviu falar em “reciclagem aspiracional”? Assim como as doações de itens sem potencial para revenda ou repasse, a reciclagem aspiracional também causa prejuízos, mesmo que seja motivada por uma boa intenção.
Segundo dados divulgados pelo portal internacional Vox, 25% dos resíduos que os norte-americanos tentam reciclar não pode ser reciclado. Especialistas chamam esse fenômeno de “aspirational recycling”, ou, em tradução livre, reciclagem aspiracional.
Quando você mistura itens não recicláveis entre materiais recicláveis, todos eles podem ser contaminados, impedindo o processo de reciclagem e causando estragos nos sistemas de gerenciamento de resíduos. Por isso, se você não tem certeza absoluta de que o seu resíduo é reciclável, é melhor descartá-lo no lixo comum.
Da mesma maneira, se você separou uma pilha de objetos para doações, verifique se todos eles podem ser reutilizados e/ou revendidos pelas pessoas ou instituições que os receberem.
Assim, você evita que as organizações se desdobrem para solucionar o problema do descarte de itens sem uso e garante que seus resíduos terão uma destinação adequada. Se você se responsabilizar pelo que joga fora, a chance de que itens recicláveis serão de fato reciclados é muito maior do que se você deixar nas mãos de terceiros.
Em maio de 2021, um porta-voz da Goodwill – rede beneficente de lojas que recebe roupas, sapatos e outras doações nos Estados Unidos – disse à organização NPR que apenas 30 de suas lojas jogaram fora mais de 13 milhões de libras de lixo no ano anterior. Todo esse lixo gerou uma conta de cerca de 1 milhão de dólares – um valor que poderia ter sido encaminhado para os serviços de colocação de empregos da instituição de caridade.
De acordo com a organização sem fins lucrativos Green America, a Goodwill envia cerca de 5% das roupas doadas direto para o aterro sanitário, principalmente por causa do mofo. As peças que podem ser revendidas são enviadas para as lojas Goodwill Outlets, que funcionam, basicamente, como enormes brechós. Lá, elas podem ser comercializadas a granel por cerca de um dólar por libra.
Lisa Tempel, vice-presidente da empresa Discovery Shop da American Cancer Society, disse à Treehugger que apenas 10% das doações para os locais da Discovery Shop são consideradas invendáveis. Mesmo quando os itens não podem ser vendidos, a organização os repassa para outras organizações ou os otimiza.
A sustentabilidade é uma prioridade para a instituição de caridade, mas Tempel diz que gastar esse tempo extra tentando desviar o lixo dos aterros “reduz os recursos e os valores que poderiam apoiar nossa missão de salvar vidas”.
Uma dica valiosa na hora de decidir o que doar para brechós ou famílias é se perguntar: “Eu doaria isso a um parente ou amigo?”. Garanta que seus itens estejam em boas condições de uso, limpos e funcionais. Se você não tem tempo, interesse ou dinheiro para consertar um objeto quebrado, provavelmente as instituições de caridade também não terão.
Antes de doar, entre em contato com a loja ou a pessoa interessada e envie fotos e detalhes sobre os produtos, especialmente se forem itens grandes.
Em geral, os centros de doação aceitam:
Evite doar qualquer coisa que esteja suja, rasgada, manchada, quebrada ou danificada. Aqui estão alguns itens que geralmente não são aceitos:
Em 2019, foi assinado o Acordo Setorial de Logística Reversa de Eletroeletrônicos, que estabelece a obrigatoriedade da Logística Reversa para produtos eletroeletrônicos e a participação de fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes desses produtos na coleta de itens usados. Se você precisa descartar um eletroeletrônico, entre em contato com a fabricante, que providenciará a destinação adequada dos resíduos.
Os impactos do descarte de roupas dependem do tipo de tecido. Mas vale lembrar que, embora grande parte dos têxteis sejam recicláveis, o dificultoso processo de reciclagem das fibras acaba impedindo que as peças sejam reaproveitadas.
Por isso, a solução mais adequada é comprar menos para descartar menos. Aposte em um guarda-roupas compacto, com peças de boa qualidade e vida útil longa.
Outra dica é lançar mão de técnicas de upcycling: sabe aquela calça jeans velha que não quer mais? Em vez de jogar fora, por que não transformá-la numa saia? Se a peça ainda estiver em boas condições, você também pode doá-la ou vender para um brechó. Mas a regra é clara: descarte, só em último caso!
Brinquedos velhos costumam não ser aceitos para reciclagem porque misturam muitos materiais diferentes. Se as partes dos componentes estiverem bem separadas ou se o brinquedo for 100% reciclável, a coisa muda de figura. No entanto, há outras possibilidades.
Você pode consertar o seu brinquedo e vendê-lo na internet para colecionadores. Com uma rápida pesquisa na internet, você vai ver que tem muita gente disposta a pagar – alto – por uma peça antiga. Brechós e lojas de antiguidade também podem ter interesse.
Você sabia que baterias, pilhas, móveis, eletrodomésticos, colchões e muitos outros itens podem ser reciclados? No mecanismo de busca do Portal eCycle, você descobre onde descartar seus resíduos adequadamente e perto da sua casa!
Vale lembrar que resíduos orgânicos podem ser reaproveitados na compostagem doméstica. Saiba mais no vídeo abaixo:
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