A doença de chagas é uma condição comum em regiões da América Latina, como o México, América Central e do Sul. Ela é causada por um protozoário flagelado chamado Trypanosoma cruzi e transmitida através de um inseto, o triatomíneo, também conhecido como bicho-barbeiro.
Ao contrário do que muitos pensam, a doença de chagas não é causada pela picada do inseto, mas sim pelas suas fezes. Para que ocorra a transmissão da doença, o barbeiro pica o ser humano com intuito de se alimentar de sangue e defeca logo após. Em seus resíduos é liberado o parasita T. cruzi, que impulsiona o desenvolvimento de mal de chagas no organismo.
Como a picada do barbeiro causa coceira, a pessoa pode acabar coçando a região, espalhando as fezes do inseto e fazendo com que elas entrem em orifícios, causando infecções. Porém é preciso ficar atento, pois a penetração do parasita pode acontecer tanto pela picada, quanto pela boca, nariz, feridas e cortes abertos, ou pela mucosa dos olhos.
A transfusão de sangue ou transplante de órgãos com indivíduos que são portadores do mal de chagas podem gerar infecções. As mães podem passar a condição para os filhos ainda na gestação. Outros vetores de transmissão da doença incluem a ingestão de alimentos contaminados, carne crua infectada e acidentes em laboratórios.
O parasita causador da doença de chagas pode alocar no sangue e nas fibras musculares do indivíduo, onde se reproduz e causa danos à saúde do hospedeiro. A condição tem duas fases, a aguda e a crônica, mas é comum que os sintomas da condição acompanhem o paciente durante a sua vida toda.
Em geral, a fase aguda da doença de chagas é de difícil diagnóstico, já que a pessoa apresenta poucos sintomas. Ela pode durar semanas ou meses sem que o indivíduo sinta qualquer efeito colateral. Porém, quando aparecem, geralmente são fáceis de lidar .
A região da picada pode ficar inchada cerca de quatro a dez dias depois da picada do inseto. Nesse período, pode ocorrer o aumento do baço e do fígado pelo endurecimento do abdômen. O paciente adoecido pode apresentar febre, mal estar, fadiga, coceira, dores corporais, inchaço da pálpebra, perda de apetite, náusea, diarreia e vômito.
É importante que o acometido faça uma visita ao médico para saber se é passível de tratamento. Isso porque as fases aguda e crônica se diferenciam pela possibilidade de cura. Enquanto a primeira pode ser tratada facilmente com a eliminação do parasita do organismo, a segunda não tem cura e só pode ser cuidada para que não evolua em quadros graves, como a morte.
Quando o tratamento da doença de chagas não é feito, ou não tem sucesso, e ela evolui para a fase crônica, existem três possibilidades:
Não-determinada: mesmo estando infectado, o indivíduo é assintomático pelo resto da vida;
Cardíaca: o músculo cardíaco é comprometido, o que pode resultar em insuficiência cardíaca, batimentos cardíacos irregulares e parada cardíaca;
Digestiva: nesse tipo de fase crônica, a doença de chagas ataca o intestino grosso e o esôfago, causando o aumento dessas regiões (megacólon e megaesôfago). Esses fatores causam dificuldade de engolir, dores no estômago e constipação.
A partir deste quadro da doença a taxa de cura é menor do que 8%, ou seja, a possibilidade é bem pequena. Assim, o tratamento se volta para garantir a qualidade de vida do paciente e não a recuperação da condição.
Caso você apresente algum sintoma — principalmente depois de visitar regiões tropicais onde o barbeiro é comum — faça uma visita ao médico. Em situações onde a pessoa foi picada e conseguiu pegar o inseto (sempre com segurança), os profissionais da saúde recomendam levá-lo para o hospital, para que seja feita sua biópsia junto com a da amostra da pessoa.
Se alguém da sua família ou região apresentou sintomas ou você tenha entrado em contato com alimentos infectados com o protozoário T. cruzi procure fazer um teste. O médico responsável pelo caso ficará encarregado de realizar os exames e determinar se existe doença de chagas ou não.
Para tratar a condição é feito o uso de medicamentos prescritos por profissionais capacitados. A medicação deve ser acompanhada por um médico para evitar efeitos colaterais fortes e garantir o bem estar do paciente. Os remédios mais usados para cuidar de quadros de doença de chagas são nifurtimox e benzonidazol.
Não existem vacinas para prevenir a doença de chagas. Portanto, para evitar a transmissão é preciso garantir alguns direitos básicos do ser humano: como a moradia em locais seguros, o saneamento básico e a alimentação saudável e descontaminada.
O controle a domicílio do bicho-barbeiro é feito através do uso de telas em portas e janelas em áreas rurais, melhora no manejo ambiental, monitoramento de casos na região, tamponamento de frestas e rachaduras e o descarte de entulho no interior da residência. Fazer a limpeza periódica do terreno é essencial.
Além disso, a vigilância sanitária precisa ser mais criteriosa na legislação que proíbe a venda de alimentos contaminados. Empresas do ramo alimentício precisam ficar atentos em sua produção e na limpeza dos materiais para garantir que nada está sendo contaminado pelo parasita.
No caso da transmissão vertical, é imprescindível que durante a gravidez a gestante faça o acompanhamento do pré-natal. Assim, ela pode verificar se não existe nenhum problema de saúde que pode afetar o desenvolvimento do bebê ou que pode infectá-lo, como a doença de chagas.
Na transmissão acidental por transplantes e transfusões é responsabilidade da instituição manter a inspeção sanitária constante e garantir que os doadores estejam com seus exames em dia antes dos procedimentos.
O inseto transmissor do parasita da doença de chagas se assemelha a um besouro de seis patas, casca com listras, duas antenas, um bico para picar a presa e uma coloração que varia de vermelho e preto para laranja e marrom. Existem diversas subespécies do bicho-barbeiro, algumas delas são:
Se o inseto morrer depois de picar o indivíduo, a melhor forma de coletá-lo é usando luvas ou uma sacola para proteger as mãos. Sem ter contato direto com o barbeiro, coloque-o dentro de um pote bem lacrado e longe do alcance de crianças e animais até que seja possível fazer a análise laboratorial.
Ao matar o inseto você pode acabar se contaminando com o parasita que habita no interior do barbeiro. A melhor forma de lidar com esse bicho é o coletando, com todo o cuidado mencionado acima, e entrando em contato com o controle de zoonoses da sua região. Assim, eles poderão investigar se existe uma infestação acontecendo no território.
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