Pesquisa relaciona ingestão de microplásticos com doenças inflamatórias intestinais
Um estudo publicado no jornal Environmental Science & Technology indica que pessoas com doenças inflamatórias intestinais (DII) têm 50% mais microplásticos em suas fezes que pessoas sem a condição. Enquanto estudos anteriores realizados em animais provaram que o plástico pode causar DII, essa é a primeira vez que os seus efeitos foram comprovados em seres humanos.
A poluição de microplásticos já é vasta em todo o mundo. Ele é o principal poluente dos oceanos e sua presença já foi comprovada nos cantos mais remotos da Terra, chegando até no Monte Evereste. Seu uso na agropecuária também foi apontado como causa da contaminação da produção agrícola.
É quase impossível evitar sua ingestão, uma vez que suas partículas foram encontradas até no ar. O material já foi encontrado na água potável, diversos alimentos e até mesmo no sal de cozinha.
Os cientistas não conseguiram apontar os microplásticos como causadores da doença, mas foi possível criar uma relação entre esses dois fatores. Ainda é possível que as DII façam com que os pacientes retenham mais microplásticos que pessoas saudáveis.
A pesquisa também apontou que pessoas que consomem alimentos em embalagens de marmitex e água direta de garrafas plásticas têm o dobro da concentração “normal” de microplástico em suas fezes. Foram encontrados 15 tipos de plástico, como o PET e o poliamida.
Pesquisas futuras serão necessárias para indicar o microplástico como agravante ou causador da doença inflamatória intestinal, porém, a publicada pelo Environmental Science & Technology conseguiu evidenciar que estamos, de fato, ingerindo microplásticos.
Os químicos presentes no plástico já foram associados a casos de diabetes, doenças cardíacas, câncer e infertilidade. Porém, os estudos da ingestão indireta de microplásticos ainda são escassos.
O Journal of Hazardous Materials publicou um estudo comprovando outro impacto do material no organismo. Foi observado que o plástico pode causar dano celular por meio da contaminação de alimentos.
Quando os microplásticos entram em contato com o meio ambiente, é quase impossível retirá-los. A única solução para o problema em questão é a redução do uso do plástico em geral.