Dracaena fragrans é o nome científico da planta dracena, ou ainda, pau d’água. A planta é da família Asparagaceae, originária de regiões tropicais da África.
O nome popular pau d’água é uma referência a forma de suas mudas. Suas folhas longas, de até 40 cm de comprimento, crescem num caule que lembra um tronco de árvore.
A planta pode ser cultivada em vasos, em ambientes internos, chegando a até dois metros de altura. Diretamente no solo, a planta pode atingir 15 metros de altura.
É uma planta tipicamente tropical, pode apresentar diferentes variedades de cores e cultivar uma não é nada complicado.
De acordo com a BBC Gardeners’ World Magazine, a planta dracena não necessita de muita rega, tudo depende do clima e da umidade do substrato. Se a superfície do substrato estiver úmida ao toque, não é preciso regar. É importante ter o solo bem drenado, tomando cuidado para não encharcar. Também é essencial manter o solo bem adubado, rico em matéria orgânica.
Por ter folhas largas, é importante deixá-las livres de poeira. Passar um pano limpo, seco ou umedecido com água, é uma boa maneira de manter as folhas limpas. Isso faz com que a planta fique saudável e melhora a fotossíntese.
Além disso, a planta se adapta bem em ambientes com bastante claridade, mas não deve ficar no sol pleno. Meia sombra ou sol indireto é o suficiente para a dracena. A temperatura ambiente ideal varia entre 15°C e 24°C. Também não é necessário se preocupar com a demora em seu crescimento, pois a Dracaena fragrans tem um desenvolvimento lento.
É importante tomar cuidado com vasos de plantas que ficam ao alcance de animais de estimação. Se ingeridas, as folhas da dracena são tóxicas para gatos, cachorros e cavalos. Não existe registro de sua toxicidade para humanos ou outros animais.
Além de belas folhas, a Dracaena fragrans também dá flores, de cor branca e rosa, bastante perfumadas, que atraem insetos e pássaros. O termo “fragans” é uma referência a esse perfume, como explica a Escola de Botânica.
Além de toda a praticidade no seu cultivo, a dracena também apresenta benefícios importantes, melhorando a qualidade do ar em ambientes internos.
Em 1989, a agência espacial norte-americana, Nasa, publicou uma pesquisa relacionando as plantas e sua capacidade de purificação do ar de ambientes internos. Para o estudo foram analisadas plantas variadas, como gérberas, palmeiras de bambu e algumas variações de dracaena.
O objetivo era atestar a capacidade de remoção de toxinas do ar, dentro de residências e escritórios, que plantas comuns poderiam ter. Além disso, também era importante verificar a eficácia das espécies de acordo com poluentes específicos.
Com o experimento, os pesquisadores descobriram que as raízes das plantas, em conjunto com o solo, eram parte essencial do processo, realizando a maior parte da filtragem do ar. Além disso, também ficou provado que as diferentes espécies de plantas têm respostas distintas quando expostas aos poluentes. Isso quer dizer que algumas plantas funcionam melhor do que outras, quando a intenção é filtrar o ar do ambiente.
Desde então, cientistas de todo o mundo continuam fazendo novas descobertas relacionadas às plantas e os benefícios de diferentes espécies na qualidade do ar. A dracaena fragrans é uma delas.
Já em 2022, pesquisadores do Reino Unido investigaram o efeito que algumas espécies de plantas, cultivadas em vasos, poderiam ter em relação ao dióxido de nitrogênio (NO2). O NO2 é um poluente atmosférico e pode causar sérios problemas de saúde.
Estudos prévios já haviam sugerido que plantas, com elevadas concentrações de ácido ascórbico (vitamina C) em suas folhas, seriam capazes de remover mais NO2 do ar. Além disso, a eficácia entre espécies distintas também poderia ser maior ou menor.
A pesquisa investigou a capacidade de três espécies de plantas na remoção, em tempo real, de uma concentração de 100 ppb (partes por bilhão) de dióxido de nitrogênio do ar.
O valor é estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um padrão de qualidade do ar. Essa é a quantidade máxima de NO2 que pode estar presente no ar, sem prejudicar a saúde humana, durante uma hora.
As plantas testadas, em vasos, foram o lírio-da-paz (Spathiphyllum wallisii), a pau d’água (Dracaena fragrans) e a planta da fortuna (Zamioculcas zamiifolia). Foram utilizados diferentes níveis de umidade no substrato (seco, molhado e típico) e ausência de luz interna.
A falta de luz foi com a intenção de simular e investigar a eficácia do processo no período noturno. Já o substrato “típico” foi usado simulando as condições típicas de um escritório (com o uso de ar condicionado, por exemplo).
O experimento demonstrou que as espécies analisadas são capazes de remover quantidades significativas de dióxido de nitrogênio do ar, em condições comuns de ambientes internos. Além disso, as espécies também se mostraram capazes de remover o poluente em quantidades diferentes, de acordo com o tamanho de suas folhas.
Em relação às condições de umidade dos substratos utilizados, esse fator se mostrou relevante apenas para a planta da fortuna. As outras espécies não demonstraram sofrer impacto significativo. Em uma hora, a planta pau d’água conseguiu remover 0.62 ppm de NO2 do ar, enquanto o lírio-da-paz removeu 0.60 ppm e a planta da fortuna 0.58 ppm.
Os pesquisadores britânicos, assim como os do Nasa, denotam que o meio de cultivo (solo/substrato) é a principal fonte de remoção de NO2 do ar. Nesse caso, o poluente é absorvido pelas folhas e transportado para o solo por meio de suas raízes.
De acordo com os pesquisadores, o solo com umidade menor do que 10% pode diminuir a taxa de remoção do poluente. Ainda, um solo considerado “seco”, entre 15% e 20% de umidade, já é o suficiente para o processo de remoção de NO2.
Em termos numéricos, cinco vasos de uma dessas plantas, num escritório pequeno, teriam capacidade de remover 3 ppm de NO2 do ar, por metro quadrado de folha, em uma hora.
Apesar de parecer um valor baixo, os cientistas reforçam que a vantagem é que esse valor médio não varia de acordo com a exposição de luz. Isso porque a luminosidade demonstrou não ter influência no comportamento das plantas neste processo, reforçando que a purificação do ar ocorre de forma passiva e de modo constante, sem custos adicionais.
Outro estudo, publicado pela Science Direct, analisou os impactos que diferentes níveis de exposição de luz podem causar na remoção de dióxido de carbono (CO2) por espécies vegetais. Ao contrário do NO2, a luminosidade é um fator conhecido por influenciar na remoção de CO2 por plantas.
É durante a fotossíntese que as plantas atuam como sumidouros de carbono, convertendo o CO2, presente na atmosfera, em glicose e oxigênio.
O dióxido de carbono é um dos gases de efeito estufa e, tecnicamente, não é considerado um gás poluente, uma vez que sua presença é essencial para a vida terrestre. Entretanto, sua presença em excesso na atmosfera causa poluição, gerando uma série de impactos negativos.
Os pesquisadores analisaram a capacidade de redução dos níveis de CO2 de ambientes internos, por meio de seis espécies vegetais, sob diferentes níveis de iluminação.
As espécies analisadas incluíram a clorofito (Chlorophytum comosum), uma variação de lírio-da-paz (Spathiphyllum blandum), o filodendro (Philodendron hederaceum), a espada-de-são-jorge (Sansevieria trifasciata), a café-de-salão (Aglaonema commutatum) e a pau d’água (Dracaena fragrans).
Essas espécies foram escolhidas de acordo com a recomendação feita pela Nasa, no estudo citado anteriormente. Além disso, todas são plantas adaptadas ao clima tropical.
Todas as espécies foram plantadas em vasos plásticos de mesmo tamanho e com o mesmo volume de solo. Além disso, as plantas foram mantidas em condições idênticas de temperatura, umidade e iluminação durante dois meses anteriores ao experimento, para aclimatação.
De acordo com os pesquisadores, a capacidade de remoção de CO2 por uma planta, em ambiente interno, depende de sua capacidade de assimilação e conversão do gás em biomassa.
A análise foi feita com as seis espécies sob quatro diferentes níveis de iluminação artificial (variando de 500 a 2000 lux). Os ensaios duraram 24 horas. Nas primeiras 12 horas, em que as plantas ficaram sem iluminação, houve um aumento na concentração de CO2. Na segunda etapa, com iluminação, foi notada uma rápida diminuição no nível dos gases.
No caso da espada-de-são-jorge, houveram rápidas mudanças nas taxas de CO2, ao longo das 24 horas. De acordo com os cientistas, a espécie não demonstrou diferenças significativas com a presença de luz.
Em alguns períodos, com e sem luz, houve aumento de CO2. Além disso, a planta também absorveu CO2 sem qualquer iluminação. Essa condição é típica das espécies suculentas, é uma adaptação de plantas de zonas áridas.
Nessas espécies, a fotossíntese ocorre por Metabolismo do Ácido Crassuláceo (CAM, da sigla em inglês). A planta armazena dióxido de carbono na forma de um ácido durante a noite (ácido málico) e durante o dia, ela converte o ácido em CO2 que, por sua vez, pode ser convertido em glicose.
Em relação a planta pau d’água, com ausência de luz houve um aumento de até 150 ppm (partes por milhão) de CO2. Com a presença de luz, a planta apresentou diferentes níveis de absorção, de acordo com a intensidade da iluminação. Quanto maior a intensidade luminosa, maior foi a quantidade de CO2 absorvido pela planta.
Em estudos anteriores, já havia sido comprovada a eficácia da Dracaena fragrans na absorção de CO2 em ambientes internos, além do gás tóxico e incolor formaldeído (formol).
As outras plantas analisadas demonstraram maior aumento de CO2 na ausência de luz, em relação a Dracaena fragrans. Com o filodendro e o lírio-da-paz, o aumento foi de 300 ppm. Tanto com o clorofito quanto com a planta café-de-salão, a concentração aumentou em até 400 ppm. Em todos os casos houve a diminuição de CO2 na presença de luz. Os valores melhoraram ainda mais conforme a intensidade.
Segundo os cientistas, com exceção da espada-de-são-jorge, todas as espécies estudadas são práticas e eficazes na remoção de CO2, em ambientes internos. Eles reforçam, ainda, que essas plantas podem ser fundamentais para a redução dos níveis de CO2 em estabelecimentos e residências em zonas metropolitanas.
Esse fator pode contribuir, inclusive, para refrescar o ambiente, reduzindo o uso de ar condicionado, diminuindo ainda a pegada de carbono dos grandes centros.
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