Uma duna é formada a partir do acúmulo de grãos de areia moldados em um monte, sob ação do vento ou influência da gravidade. Essas formações geralmente ocorrem ao longo de praias ou no deserto e se formam quando o vento sopra areia para uma área protegida. Portanto, também podem ocorrer naturalmente em alguns campos agrícolas erodidos e abandonados em regiões semiáridas.
Embora possua a hostil característica de falta de vida selvagem, sendo inabitada por pouquíssimas espécies de plantas e animais, as dunas são de extrema importância. Além de contribuírem para o desenvolvimento econômico de países em que essas formações são comuns, acredita-se também que as dunas possam proteger povoamentos e rodovias diante de eventos climáticos extremos.
Segundo a National Geographic, cada duna possui um lado de barlavento e uma superfície deslizante. O lado de barlavento é o lado onde o vento sopra e empurra a areia para cima. Já a superfície deslizante é, simplesmente, o lado sem vento. A superfície deslizante é geralmente mais lisa do que o lado de barlavento.
Devido à formação característica das dunas, que são majoritariamente compostas por areia, as plantas geralmente não conseguem criar raízes. Frequentemente, as dunas de areia estão localizadas próximas aos oceanos, o que também impossibilita a ocorrência de muitas espécies.
Porém, algumas gramíneas com sistemas radiculares superficiais e espécies resistentes à atmosfera salgada são comuns nos ecossistemas de dunas de areia presentes em áreas costais.
Semelhantemente, os animais não conseguem se abrigar na areia instável de uma duna. No entanto, algumas espécies podem habitar essas áreas, como a espécie de lagartos Scincus scincus, capaz de retrair as pernas e “nadar” na areia. Além disso, alguns animais maiores também podem sobreviver nesses ambientes, como a chita-asiática.
Então, diferentemente do que é retratado no longa-metragem de ficção científica de Denis Villeneuve, as dunas de verdade não possuem o segredo para longevidade ou para a viagem espacial — a não ser que esse segredo seja a areia…
O processo de formação de uma duna é um tanto complexo. Porém, ele pode ser explicado com base em uma única estrutura.
A maior parte da areia transportada pelo vento se move como uma massa de grãos “saltantes”. A areia “salta” mais facilmente em superfícies duras do que em superfícies macias, ou seja, mais areia pode ser movida sobre uma superfície desértica do que sobre uma superfície lisa ou macia — o que explica sua ocorrência maior em desertos.
Nesse tipo de superfície, áreas mais lisas reduzem a quantidade de areia que o vento pode transportar. Assim, cria-se uma pequena cavidade de areia que, se grande o suficiente, atrai mais areia.
A partir disso, o vento ajusta seu gradiente de velocidade ao atingir a cavidade de areia. Ventos acima de uma certa velocidade diminuem sua velocidade próxima à superfície e depositam areia na área. Este ajuste ocorre ao longo de vários metros e a areia depositada nesta distância forma uma duna.
Porém, essas formações não continuam crescendo através da influência do vento. A inclinação de barlavento é eventualmente ajustada, de modo que haja um aumento na velocidade próxima à superfície. Quando isso acontece, a duna para de crescer e não há ganho ou perda de areia.
Existem diversos tipos de dunas que variam de tamanho — podendo ser grandes formações geológicas ou pequenas áreas arenosas. E, a maioria dessas formações são classificadas pelo seu formato.
Existem cinco tipos principais de dunas: barcanas, lineares, estrelas, dômicas e parabólicas.
Além disso, existe uma outra categoria de duna, que não ocorre em desertos e praias. Conhecidas como dunas subaquáticas, essas formações ocorrem através da ação de fortes correntes abaixo da água e são comuns no oceano, rios e canais.
No Brasil, existem dunas costeiras desde o Pará até o Rio Grande do Sul. Dentre elas, incluem a de Jalapão, no Tocantins, que possui uma característica areia alaranjada e as dunas de Itaúnas, no litoral do Espírito Santo.
Contudo, as formações mais conhecidas no Brasil são as localizadas nos Lençóis Maranhenses.
Todo ano, durante as estações de chuva, o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses passa por uma transformação. Durante a primeira metade do ano, as dunas enfrentam tempestades constantes em que a chuva se acumula nos vales entre as formações de areia. Assim, criando um sistema lagunar único, em que a areia é rodeada por corpos d’água que podem atingir até três metros de altura dependendo da época do ano.
Devido à beleza característica dos Lençóis Maranhenses, a área recebe turistas do mundo inteiro e é de extrema importância para a economia local. De fato, no ano de 2018, segundo um levantamento do Ministério do Turismo (MTur), o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses contabilizou 107 mil visitantes ao longo do ano.
Dados do IBGE do mesmo ano apontam que o Maranhão foi o estado do Nordeste que apresentou maior crescimento de PIB, com 2,9% — valor acima da média nacional, que ficou em 1,8%. (1)
Além de impulsionarem o crescimento da economia através do turismo e contribuir para a biodiversidade de ecossistemas, as dunas também podem ser importantes em um contexto climático, protegendo povoamentos e rodovias. Isso é o que diz o especialista Hans Jürgen Herrmann em uma conferência que foi retratada pela Agência Fapesp.
Porém, para que as formações desempenhem esse papel, é necessário um maior entendimento sobre a sua formação e deslocamento.
Devido à constante influência do vento, essas formações de areia podem se deslocar indefinidamente. E, segundo Hermann, “a velocidade de deslocamento da duna é inversamente proporcional à sua altura”. Esse conhecimento, em conjunto com o entendimento da interação das dunas com a vegetação são essenciais na busca de estratégias para deter o movimento de dunas com o objetivo de proteger povoamentos ou rodovias.
Assista a primeira Conferência FAPESP 2024, “A Vida das Dunas” no YouTube:
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