Entenda o que é e-combustível e se ele pode ajudar a tornar os carros livres de CO2
O e-combustível é um tipo de combustível sintético feito a partir de hidrogênio e dióxido de carbono, sendo uma alternativa aos combustíveis fósseis. Embora ainda conte com o uso de carbono, alguns defensores do material acreditam que esse tipo de combustível pode ser uma forma de reduzir as suas emissões.
Isso se deve ao fato de que o e-combustível, para ser considerado carbono neutro, deve ser feito com fontes de energia renovável ou simplesmente livre de CO2. Além disso, o CO2 usado deve ter origem de técnicas de captura de carbono.
Desse modo, embora seja responsável por uma parcela pequena de emissões de gases do efeito estufa, elas são compensadas pela quantidade retirada da atmosfera para produzir o combustível.
A primeira fábrica comercial de e-combustíveis foi inaugurada no Chile em 2021 e, de acordo com a empresa, tem o objetivo de produzir 550 milhões de litros do produto por ano.
Os e-combustíveis ganharam tração a partir do debate sobre regulamentos de emissões mais rígidos na União Europeia. Em 2023, foi estabelecido um objetivo de atingir zero emissões de carros e vans novas até 2035. Ou seja, banindo efetivamente os motores à gasolina e diesel.
Como o e-combustível é feito?
De acordo com a eFuel Alliance, a produção de e-combustível é baseada na extração de hidrogênio. Isso é feito através de um processo de eletrólise em que a água é decomposta em seus componentes — o hidrogênio e o oxigênio. Esse processo é dependente do uso de eletricidade, o que pode resultar no uso de combustíveis fósseis.
Depois da eletrólise, o hidrogênio é combinado com o CO2 extraído do ar e, com a ajuda de um catalisador de alta pressão, convertido no e-combustível líquido.
Por ser dependente do uso de energia, a produção desses combustíveis é considerada um processo conhecido como power-to-liquid: a eletricidade é convertida em um líquido sintético.
Entretanto, existem outros métodos de produção, que dependem se o produto final desejado está na forma de gás ou líquido. Um desses métodos, por exemplo, é chamado de power-to-gas, em que a eletricidade é convertida em um gás sintético.
Quais são os tipos de e-combustíveis?
Existem diversos tipos de e-combustíveis, como o e-GNL (gás natural liquefeito), e-metano, e-gasolina, e-diesel e e-querosene. O e-metano, e-metanol, e-diesel e e-querosene são hidrocarbonetos sintéticos, ou seja, dependem do uso de CO2.
Porém, o carbono usado em suas produções é principalmente capturado diretamente da atmosfera ou retirado de plantas industriais que utilizam combustíveis fósseis.
Aplicações
A produção de e-combustível foi uma resposta direta à necessidade de desenvolvimento de fontes renováveis e alternativas aos combustíveis fósseis. Porém, mais que isso, foi resultante do impacto dos combustíveis automotivos, que são uma grande fonte de emissões de gases do efeito estufa.
De fato, a mobilidade pesada é responsável por cerca de um quarto das emissões globais de CO2. Desse modo, acredita-se que a sua aplicação seja benéfica para os meios de transporte.
As emissões de carbono resultantes da aviação, por exemplo, representam cerca de 2% das emissões globais anuais provocadas pelo homem. Apesar de parecer pequeno, as emissões dos aviões têm a capacidade de agravar o aquecimento global rapidamente.
Isso acontece porque, em altas temperaturas, os gases e outras substâncias liberadas pelas aeronaves na atmosfera aceleram o processo do aquecimento global. Por isso, é estimado que até 2050, a aviação seja responsável por até 22% de todas as emissões de carbono do mundo.
Por outro lado, com a substituição, estima-se que o e-querosene, um tipo de e-combustível, atenderá a 40% da demanda de energia da aviação até 2070.
“Os e-combustíveis podem ser usados não apenas para transportar e armazenar hidrogênio, mas para muitos outros usos, desde a descarbonização de transporte pesado até a química verde. Eles também são uma forma de reciclar e recuperar o CO2, do qual a maioria dos e-combustíveis é feita”, disse Laurence Boisramé, Diretor do Programa de Hidrogênio e E-Combustíveis da ENGIE.
Desvantagens
Embora seja uma boa alternativa ao meio ambiente, a produção de alguns tipos de e-combustível ainda é complexa e intensiva em energia. Além disso, acredita-se que alguns tipos de material podem custar mais de € 2,80 por litro na Alemanha até 2030 — quase 50% mais caro do que a gasolina comum.
Em geral, os e-combustíveis exigem uma maior quantidade de energia para serem produzidos do que é necessário para alimentar uma frota equivalente de veículos elétricos. Portanto, a transição para carros elétricos é mais favorecida nas mudanças impostas pela União Europeia.