Ecoansiedade: a relação entre os efeitos ambientais das mudanças climáticas e a saúde mental

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Um estudo realizado pelo Instituto de Inovação em Saúde Global aponta que as mudanças climáticas estão intensificando os problemas de saúde mental e o bem-estar emocional das pessoas. Onda de calor intensas, períodos de seca, inundações e incêndios, todos exacerbados pelas alterações climáticas, têm gerado traumas e sofrimento psíquico.

Além disso, os efeitos crônicos do aquecimento global, como a insegurança alimentar e hídrica, bem como conflitos políticos gerados por questões sociais, como o racismo ambiental, têm agravado esse cenário.

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Vivenciar os impactos das mudanças climáticas, juntamente com a consciência da ameaça iminente, pode desencadear respostas psicológicas, tais como um medo persistente de danos ambientais, o que é denominado ansiedade ecológica, ou ecoansiedade.

De acordo com o levantamento, realizado em 2021 com 10 mil pessoas entre 16 e 25 anos, em 10 países diferentes, quase 60% dos entrevistados demonstraram grande preocupação com as mudanças climáticas, enquanto mais de 45% afirmaram que os sentimentos em relação às alterações climáticas afetam suas atividades diárias, incluindo capacidade de trabalho e qualidade do sono.

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Embora seja natural enfrentar reações emocionais intensas diante de uma ameaça existencial como essa, muitas pessoas conseguem lidar com esses sentimentos de forma autônoma. No entanto, é importante destacar que algumas necessitam de ajuda especializada.

Embora existam relatos de um aumento no número de pessoas buscando ajuda profissional devido à ansiedade ecológica, o impacto psicológico das mudanças climáticas muitas vezes permanece invisível, o que contribui para sua negligência.

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Um dos desafios fundamentais enfrentados é a quantificação do impacto específico das mudanças climáticas na saúde mental e sua evolução ao longo do tempo. Grande parte das pesquisas realizadas até o momento tem se concentrado em países de alta renda, apesar de serem os países de baixa e média renda os mais afetados pelo aquecimento global. É essencial que as experiências cotidianas das pessoas pertencentes a grupos marginalizados e comunidades indígenas também sejam consideradas e documentadas.

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Muitas das pesquisas sobre clima e saúde mental têm se concentrado nos extremos do espectro, como diagnósticos clínicos, emergências ou casos de suicídio. No entanto, em um cenário em que aproximadamente metade da população mundial reside em países com uma carência significativa de profissionais de saúde mental, não surpreende que muitos casos de doenças mentais não sejam diagnosticados e registrados.

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É urgente uma melhoria na monitorização e compartilhamento de dados clínicos de saúde mental. Os pesquisadores devem desenvolver e implementar formas padronizadas de mensurar formas mais leves ou passageiras de ansiedade e angústia ecológica que não se encaixam nos padrões diagnósticos convencionais, determinando assim quando intervenções são necessárias.

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Uma das descobertas mais alarmantes do relatório é a correlação entre o aumento da temperatura e o índice de suicídios. Parece haver uma ligação clara entre as ondas de calor extremo e um aumento nos casos de suicídio, sugerindo que as mudanças climáticas podem ter um impacto negativo na saúde mental das pessoas.

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Além disso, o estudo revela que eventos climáticos extremos, como furacões e inundações, estão associados a um aumento do sofrimento psíquico grave. Isso significa que as comunidades afetadas por desastres naturais enfrentam não apenas desafios físicos, mas também desafios significativos em termos de saúde mental.

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É importante destacar que as pessoas que já sofrem de doenças mentais são mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas na saúde física e mental. Portanto, a crise climática não só agrava o sofrimento mental, mas também ameaça perturbar os cuidados a pessoas com problemas mentais, exacerbando as desigualdades sociais existentes.

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Diante dessas descobertas preocupantes, é importante que os formuladores de políticas ajam rapidamente. O estudo enfatiza a necessidade de realizar pesquisas robustas, interdisciplinares e colaborativas para entender completamente o impacto das mudanças climáticas na saúde mental e no bem-estar emocional.

Além disso, é fundamental priorizar ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas que também tenham benefícios para a saúde mental e para a redução das desigualdades sociais. Isso pode incluir medidas como melhorar a qualidade do ar, garantir acesso equitativo à natureza e promover a eficiência energética das habitações.

Stella Legnaioli

Jornalista, gestora ambiental, ecofeminista, vegana e livre de glúten. Aceito convites para morar em uma ecovila :)

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