A Ecofalante, organização da sociedade civil que atua nas áreas de cultura, educação e sustentabilidade, lança no dia 17 de março sua nova plataforma de streaming, a Ecofalante Play.
Totalmente gratuita, a plataforma será exclusiva para professores, educadores e instituições de ensino que desejam utilizar o cinema como ferramenta para discutir questões socioambientais contemporâneas em sala de aula.
O acervo da Ecofalante Play conta com mais de 130 filmes brasileiros e internacionais que abordam temas como emergência climática, consumo, cidades, energia, conservação, economia, trabalho e saúde, entre outros. As obras são selecionadas a partir da curadoria da Mostra Ecofalante de Cinema, evento que acontece anualmente desde 2012 e é hoje o maior festival de cinema com temática socioambiental realizado na América do Sul, tendo atingido um público de mais de 500 mil pessoas desde sua primeira edição.
Além de organizar a Mostra, a Ecofalante desenvolve projetos de cunho educacional ao longo do ano, exibindo filmes e organizando debates e formações de professores em escolas, universidades e equipamentos culturais. A plataforma Ecofalante Play vem para adaptar essas atividades à nova realidade de distanciamento social e para ampliar e democratizar o acesso aos conteúdos oferecidos pela organização.
A nova plataforma surge no contexto da pandemia, onde as atividades a distância são priorizadas. Em 2020, a Mostra Ecofalante de Cinema foi pela primeira vez realizada por streaming e a demanda foi enorme, com a participação de mais de 200 mil pessoas que assistiram aos filmes e debates em quase 1.800 municípios do Brasil. Durante o evento, ocorreu uma importante participação das universidades – os professores programaram dezenas de debates a partir dos filmes que eram exibidos na Mostra Ecofalante de Cinema. Essa participação estimulou a criação da plataforma para atender diretamente o setor educacional de todo o país, democratizando ainda mais o acesso aos filmes e ao debate socioambiental.
Para utilizar a Ecofalante Play, os professores precisarão realizar, na própria plataforma, um cadastro vinculado à sua instituição de ensino, podendo assim ter acesso ao catálogo de filmes e agendar uma sessão.
Entre os filmes que estarão disponíveis na nova plataforma, destacam-se produções premiadas em diversos festivais ao redor do mundo e que foram sucesso na edição mais recente da Mostra Ecofalante de Cinema.
No eixo Emergência Climática, a produção francesa que rodou inúmeros festivais internacionais “Breakpoint: Uma Outra História do Progresso”, dirigida por Jean-Robert Viallet, analisa 200 anos de desenvolvimento para fornecer uma visão alternativa de nossa história do progresso. “A Era das Consequências” (EUA) investiga, pelas lentes da Segurança Nacional norte-americana, os impactos das mudanças climáticas em conflitos ao redor do mundo, revelando como a escassez de água e alimentos, a seca, as condições climáticas extremas e a elevação do nível do mar funcionam como “catalisadores de conflitos”.
O filme é assinado por Jared P. Scott, mesmo diretor de “A Grande Muralha Verde”, documentário produzido por Fernando Meirelles. Já “Obrigado, Chuva” (Noruega/Reino Unido) é assinado por Julia Dahr, eleita pela Forbes como uma das 30 personalidades jovens que estão definindo a mídia mundial. A cineasta acompanha um pequeno agricultor queniano para registrar os impactos das mudanças climáticas e a obra foi selecionada para os festivais IDFA – Amsterdã, CPH:DOX e Hot Docs.
O tema Consumo conta com “Ladrões do Tempo”, uma coprodução Espanha/França dirigida por Cosima Dannoritzer que investiga como o tempo se tornou uma nova fonte cobiçada. Premiada no United Nations Association Film Festival, a obra ouve especialistas para revelar o quanto a monetização do tempo, por um sistema econômico agora predominante, afeta a vida cotidiana.
Ainda há o canadense “Beleza Tóxica”, de Phyllis Ellis, exibido no festival HotDocs – um documentário contundente sobre a falta de regulação da indústria cosmética e sobre o verdadeiro custo da beleza; e “O Custo do Transporte Global”, coprodução entre a Espanha e a França dirigida pelo vencedor de mais de 30 prêmios internacionais Denis Delestrac, que faz uma audaciosa investigação sobre o funcionamento e aregulamentação da indústria de transporte oceânico – que movimenta 90% dos bens que consumimos -, assim como os impactos socioambientais ocultos.
Na temática Campo, o filme “Os Despossuídos” (Canadá/Suíça), dirigido por Mathieu Roy como um misto de cinéma vérité e ensaio audiovisual, promove uma jornada impressionista que nos revela, em uma era de agricultura industrializada, a luta diária da classe camponesa faminta. “Dolores” (EUA), de Peter Bratt, ganhou repercussão no Festival de Sundance e premiações em São Francisco e Seattle ao focalizar Dolores Huerta, líder trabalhista e uma das mais importantes ativistas dos direitos civis da história dos Estados Unidos.
O austríaco “Espólio da Terra”, de Kurt Langbein, retrata investidores globais tanto em seu discurso sobre economia sustentável e prosperidade quanto em suas contradições: despejos, trabalho escravo e fim dos pequenos proprietários.
Já na categoria Povos Tradicionais destaca-se produção brasileira “Amazônia Sociedade Anônima”, na qual o diretor Estêvão Ciavatta focaliza índios e ribeirinhos que, em uma união inédita liderada pelo Cacique Juarez Saw Munduruku, enfrentam máfias de roubo de terras e desmatamento ilegal para salvar a floresta Amazônica.
O documentário “Resplendor”, de Claudia Nunes e Erico Rassi, ganhou o Prêmio do Público de Melhor Curta na 9ª Mostra Ecofalante ao retratar um capítulo ainda muito obscuro da nossa história: a existência de um centro de detenção indígena, na cidade de Resplendor (MG), chamado Reformatório Krenak. “Martírio”, dirigido por Vincent Carelli em colaboração com Ernesto de Carvalho e Tatiana Almeida, busca as origens do genocídio praticado contra os índios Guarani Kaiowá. A produção foi premiada no Festival de Brasília, na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e no Festival de Mar del Plata.
A plataforma Ecofalante Play faz parte do Programa Ecofalante Universidades, criado em 2017 com o objetivo de levar para o ambiente educacional uma seleção de filmes que incitam a reflexão e o debate sobre questões atuais da realidade brasileira e mundial. O programa atende instituições públicas e privadas de ensino médio, técnico e superior de todo o país. A partir dele, a Ecofalante proporciona às instituições parceiras acesso aos conteúdos audiovisuais, técnicos e educacionais que são utilizados em atividades dos três pilares: ensino, pesquisa e extensão.
Criado para atender inicialmente o estado de São Paulo, a partir de 2021 o programa passa a ter abrangência nacional. “Já no segundo ano da Mostra Ecofalante de Cinema o setor educacional nos procurou para firmar parcerias”, informa Chico Guariba, diretor da Mostra Ecofalante de Cinema e coordenador do Programa. Segundo ele, “no começo foram os colégios privados da cidade de São Paulo, que nos procuravam para levar filmes da nossa curadoria para exibição nas escolas e incluí-los em seus currículos.
Simultaneamente, professores e alunos de Etecs (Escola Técnica Estadual de São Paulo) começaram a frequentar as itinerâncias da Mostra Ecofalante de Cinema no interior do estado.
Procuramos o Centro Paula Souza e firmamos um Termo de Cooperação Técnica-Educacional, o que permitiu levar os conteúdos audiovisuais da Mostra para as salas de aula e auditórios das Etecs e das Faculdades de Tecnologia do Estado de São Paulo (Fatecs).”Com a ampliação crescente da Mostra Ecofalante de Cinema – que passou de um público de quatro mil pessoas em 2012 para mais de 200 mil em 2020 -, o interesse do setor educacional também se expandiu. O número de exibições seguidas de
debates com a participação de especialistas e docentes tornou a Mostra cada vez mais conhecida no setor educacional.
Guariba acrescenta que “a partir de 2016, grupos de professores quiseram levar recortes da curadoria da Ecofalante para organizar programações nas universidades. A relação evoluiu rapidamente e começaram a ser criadas disciplinasestruturadas com conteúdos audiovisuais da Mostra Ecofalante de Cinema.” A primeira foi a disciplina “Economia, Sociedade e Meio Ambiente na Produção Audiovisual Contemporânea”, organizada pela professora Mariana Fix, do Instituto de Economia da Unicamp. “A disciplina foi um sucesso e percebemos que havia uma mudança de qualidade na relação da Ecofalante com as universidades.
Estávamos começando a fornecer conteúdos para para os três pilares das universidades: ensino, pesquisa e extensão. Assim, surgiu o Programa Ecofalante Universidades”.
Hoje, a Ecofalante possui Termos de Cooperação Técnica-Educacional com todas as universidades públicas no estado de São Paulo – USP, Unicamp, Unesp, UFABC,
Unifesp e UFSCar – e realiza anualmente centenas de sessões de filmes seguidas de debates em parcerias com dezenas de instituições de ensino no país.
O Programa Ecofalante Universidades vem fomentando a realização de Mostras promovidas pelas instituições, exibições de filmes em aulas e encontros técnicos, a criação de disciplinas, cursos, mini cursos e projetos de extensão. “Não existe uma única fórmula, as relações são construídas de forma customizada com cada professor e instituição, de acordo com os diferentes projetos educacionais e respeitando as realidades regionais. Acho que é por isso que o programa está crescendo e dando certo", esclarece Guariba.
O Programa Ecofalante Universidades é viabilizado através da Lei de Incentivo à Cultura e tem apoio do Valgroup e da Colgate. É uma produção da Doc & Outras Coisas e realização da Ecofalante, do Ministério do Turismo, Secretaria Especial da Cultura e do Governo Federal.
Acesso à plataforma: play.ecofalante.org.br
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