Ecomodernismo e ecopragmatismo são os nomes dados ao movimento que teve início em 2005, com a publicação do Manifesto Ecomodernista.
Nesse manifesto, 18 ativistas ecomodernistas inspirados na nova época proposta por Eugene Stroermer, o período Antropoceno, defenderam a ideia de que já não há mais a possibilidade da natureza se manter preservada do ser humano, uma vez que a pegada ecológica humana já atinge o planeta em todos os níveis. Muita gente concorda nesse ponto.
Mas os ecomodernistas vão além… Afirmam que não se deve fazer nenhum esforço para diminuir a exploração dos recursos naturais. Muito pelo contrário, segundo o movimento, é preciso intensificar a atividade humana sobre a natureza.
No ideal ecomodernista, intensificar a urbanização, a agricultura, o uso da energia nuclear, da aquacultura, da dessalinização e do desenvolvimento de organismos geneticamente modificados (OGM) seria a saída ideal para evitar um colapso ecológico e econômico e acabar com a pobreza. Isso porque, de acordo com o ecomodernismo, essas atividades intensivas ocupam menos espaços de terra, fazendo com que sobrem locais para outras espécies, além de emitirem menos carbono, possibilitando a estabilização do clima. De acordo com o ecomodernismo, a vida rural ou suburbanizada da agricultura de subsistência e de muitas formas de energia renovável, apesar de agredir menos o ambiente, exige mais terra e mais recursos, não deixando espaço de terra para a natureza, levando mais rapidamente ao colapso ambiental pelas emissões de carbono.
De maneira geral, o ecomodernismo afirma que os sistemas naturais não podem ser protegidos nem controlados quanto maior for a dependência humana desses sistemas pela procura de sustento e bem-estar. A corrente também afirma que os sistemas convencionais antigos só causavam menor pegada ecológica porque as populações antigas eram muito menores.
De acordo com o ecomodernismo, as tecnologias empregadas por nossos ancestrais traziam um nível de vida muito inferior ao atual com uma pegada ecológica muito maior, e essa seria a justificativa para optarmos por tecnologias mais intensivas.
Para o ecomodernismo, a abundância em energia moderna é um requisito essencial para o desenvolvimento e para a maior independência da humanidade em relação aos recursos naturais. A disponibilidade de energia barata permite, por exemplo, que os mais pobres deixem de recorrer à lenha para produzir energia e possam utilizar maiores pedaços de terra para plantio, utilizando instrumentos intensivos de energia, fertilizantes e tratores.
Adrián Almazán, em seu artigo publicado pela Universidade Autônoma de Madrid, John Ulhoi e Richard Welford, da Universidade de Huddersfield, no Reino Unido e Armin Grunwald, do Journal of Cleaner Production, são alguns exemplos de autores que fazem críticas às ideias contidas no Manifesto Ecomodernista. Abaixo listamos algumas delas:
Esperar que a tecnologia nos salve de um colapso ambiental é perigoso. É preciso dar atenção a outras fontes de atuação sustentável e lembrar que mesmo as tecnologias que possam nos trazer melhores benefícios, ocupando menores espaços de terra, também podem trazer externalidades negativas não desejadas que afetem o meio ambiente como um todo.
Nessa perspectiva há o exemplo dos alimentos geneticamente modificados (OGM), que além de ainda não serem comprovadamente seguros para a humanidade a longo prazo, tendo seu uso contrariado o princípio da precaução, concentram maiores quantidades de agrotóxicos, pois são desenvolvidos com a capacidade de serem altamente resistentes a esse tipo de substância.
Outro problema é que esses agrotóxicos e o fósforo, empregados em grande escala pela agricultura intensiva, contaminam o lençol freático e o ambiente, trazendo danos aos seres humanos, à fauna e à flora.
Pode ser que energias não renováveis, como a energia nuclear, utilizem menores espaços de terra e emitam menos dióxido de carbono, mas isso não significa que os danos de uma usina nuclear não atinjam o planeta Terra em diversos níveis. Esse tipo de energia não é considerado “limpo” justamente pelos riscos que traz. Na prática, temos o exemplo negativo do acidente nuclear em Fukushima, que trouxe danos persistentes para o planeta.
Apesar de o ecomodernismo afirmar que a urbanização intensiva é a solução por deixar mais áreas livres para outras espécies, o que ocorre é que os danos da urbanização não se limitam às cidades.
Os impactos ambientais de uma cidade não se restringem a ela: impactam o ambiente como um todo. Outro problema é que o isolamento da natureza proporciona consequências diretas à saúde humana, como pertubações psicológicas e psicossomáticas causadas pela poluição sonora e pela poluição visual. Além de problemas causados por doenças infecciosas oriundas da poluição dos mananciais (esgotos) por resíduos domésticos e industriais. E também as doenças crônicas causadas pela alimentação altamente industrializada.
Rejeitar todos esses contras ao ecomodernismo é ignorar que a sustentabilidade inclui o bem-estar como um todo, não apenas medidas de eficiência energética. Mas, de qualquer forma, há pontos importantes abordados, e a chave é diálogo e o aproveitamento do que há de melhor em cada corrente de pensamento na busca pelo equilíbrio ambiental.
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