A economia da nostalgia é um fenômeno da economia categorizado pelo consumo de produtos que provocam sentimentos de memória afetiva. Ela é muito usada pela indústria para o impulsionar marcas e a criação de novos produtos.
Nostalgia não é um termo recente. Há mais de mil anos atrás, pessoas já ansiavam pelo passado e lembravam-no com um carinho específico. Além disso, o fenômeno atravessa limites territoriais e é sentida por grande parte da população.
Contudo, a economia da nostalgia está longe de ser inocente. Ela é uma estratégia de propaganda que apela para o lado emocional do consumidor para gerar lucros e pode ser perigosa, influenciando o consumo exacerbado.
O que faz ela parecer inocente é exatamente a memória afetiva derivada de um passado que parecia mais simples. O mundo está cada vez mais caótico e a necessidade por uma segurança que não pode ser proporcionada é substituída por momentos do passado, que se apresentam na forma de produtos.
É difícil associar uma origem à nostalgia, porém, alguns historiadores conseguem o sentimento com alguns acontecimentos do século 18. Acredita-se que alguns aristocratas tinham o costume de construir castelos meio demolidos para criar um passado falso.
Quando a indústria começou a utilizar desse sentimento para explorar o ser humano, porém, não é datado.
A indústria da moda é uma que não segue um caminho linear, ela sempre se inspira em tendências do passado e resgata esses sentimentos de nostalgia. Em 2020, por exemplo, com o surgimento do aplicativo TikTok, por exemplo, a moda viajou em tempo real ao redor do mundo todo. O estilo Y2K, inspirado pelos anos 2000 voltou com um baque, trazendo de volta calças de cós baixo e camisetas baby look com estampas infantis.
Além disso, tendência dos anos 60 e 70 sempre voltam, seja em estampas, cores, ou até mesmo na indústria de maquiagem, que anda juntamente com a indústria da moda.
Acredita-se que parte dessa nostalgia seja até visitada por pessoas que não viveram a época em questão. A geração Z, apelidada de Gen-Z, se inspira em peças e objetos de anos anteriores ao seu nascimento, constantemente expressando seu desejo de ter participado dessas épocas.
Similarmente, a indústria da música também anda resgatando tendências do passado e pegando inspirações de outras décadas, principalmente dos anos 80. O pop synth, caracterizado pelo uso exagerado de sintetizadores, vem mostrando sua ressurgência desde 2014.
É difícil apontar quando exatamente essas influências foram resgatadas, porém, um dos marcos do mundo da música foi o álbum 1989 da Taylor Swift, inspirado no pop dos anos 80. O lançamento desse CD resultou na quebra de diversos recordes, mantendo-o em primeiro lugar em qualquer ranking da época. As músicas de 1989 são reconhecidas mundialmente por suas batidas características dos anos 80 e traduzidas para o ano de 2014, quando ele foi lançado.
O TikTok também foi importante para a indústria da música e o ressurgimento dos anos 80. Cantoras como Dua Lipa e Doja Cat viralizaram no aplicativo com suas próprias versões de synth pop.
Os discos de vinil também estão reaparecendo desde o começo de 2010. Esse mercado superou o de CD’s pela primeira vez de 1968 em 2020. A venda de discos aumentou em 100% apenas no primeiro semestre de 2021, e acredita-se que vai continuar crescendo sem estimativa de queda.
Seguindo tendências, a economia da nostalgia consegue se inspirar, criando “novos” velhos produtos, que marcaram gerações anteriores. Esses produtos são vendidos em preços altos, denominando-se “vintages”, e que instigam a memória afetiva do consumidor.
O carinho, a saudade e a segurança passada por objetos resulta na compra desses produtos, que impulsiona a economia da nostalgia a continuar crescendo. Novas “trends“, resgates de outras décadas sempre voltam, e é impossível barrar que a nostalgia também volte.
Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos.
Saiba mais