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A economia linear tem sido considerada uma forma de organização econômica inviável. Entenda e conheça alternativa

A economia linear é um modelo de organização da sociedade baseado na extração crescente de recursos naturais. Na qual os produtos feitos a partir desses recursos são utilizados até serem descartados como rejeitos. Nessa forma de economia, a maximização do valor dos produtos se dá pela maior quantidade de extração e produção.

A economia linear tem sido considerada uma forma de organização econômica inviável. Isso porque, em longo prazo, os limites planetários terão chegado a um nível insustentável de manutenção desse modelo. Ela é resultado da revolução industrial e não evoluiu desde então.

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A humanidade já vive a insustentabilidade da economia linear com a crescente escassez de recursos. Além do aumento da poluição do meio ambiente e vulnerabilidade humana e ambiental à essa poluição.

Mas existe uma alternativa à economia linear que tem se apresentado como uma nova forma de organização: Essa é a economia circular, que utiliza da logística reversa. Entenda:

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O que é Economia Circular e quais seus princípios?

Quais são os problemas da economia linear?

Limitação de suprimento

Em uma economia linear, a incerteza sobre a disponibilidade de recursos para a manutenção do sistema é cada vez mais crescente. Isso devido a existência de limites planetários e aumento da população.

Volatilidade dos preços

A flutuação nos preços das commodities (produtos de base em estado bruto) aumenta significativamente os preços médios.

Isso não só causa problemas para os produtores e compradores de matérias-primas, mas também aumenta os riscos no mercado, tornando os investimentos no fornecimento de materiais menos atraentes.

Isso pode garantir um aumento de longo prazo nos preços das matérias-primas.

Materiais críticos

Há uma série de indústrias que fazem uso extensivo de materiais críticos para sua produção. Estas são a indústria metalúrgica, a indústria de computadores e eletrônicos, a indústria de equipamentos elétricos e a indústria automotiva e de transporte.

A dependência de materiais críticos pode tornar as empresas reféns da escassez.

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Interdependência

Devido ao aumento das atividades comerciais, a interdependência dos produtos tornou-se cada vez mais forte. Por exemplo: países com escassez de água com excesso de petróleo bruto, comércio de petróleo para alimentos, o que resulta em uma ligação entre essas commodities no mercado.

Além disso, a produção de bens depende da água e dos combustíveis. Devido a essa interdependência, a escassez de uma matéria-prima teria um impacto generalizado sobre os preços e a disponibilidade de mais bens.

Aumento de externalidades

Externalidades são os efeitos sociais, econômicos e ambientais indiretamente causados pela venda de um produto ou serviço.

O presidente da North American Economic and Finance Association (Associação Norte Americana de Economia e Finanças), Dominick Salvatore, diz que as externalidades se resumem à “diferença entre custos privados e custos sociais ou entre lucros privados e lucros sociais”.

Isso significa que as externalidades nascem na economia e podem ser negativas ou positivas para a sociedade.

O que são externalidades positivas e negativas?

Se colocássemos em uma balança as externalidades positivas e negativas produzidas pelos efeitos da economia linear, com certeza o peso maior seria das negativas.

Elas incluem danos aos ecossistemas, redução na vida útil do produto e o desajuste com a demanda por produtos responsáveis.

Seguir o modelo linear leva à criação de resíduos. Durante os processos de produção, consumo e descarte de produtos são gerados grandes fluxos de material que não são usados, mas queimados ou deixados em um depósito de lixo.

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Foto de Emmet no Pexels

Isso acabará por levar ao excesso de montanhas materiais inutilizáveis, sobrecarregando os ecossistemas.

Isso garante que o ecossistema seja prejudicado na prestação de serviços ecossistêmicos essenciais (como fornecimento de alimentos, materiais de construção e abrigo e processamento de nutrientes).

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Nos últimos anos, a vida dos produtos diminuiu drasticamente. Essa é uma das forças motrizes por trás do crescente consumo de material no mundo ocidental.

A vida útil dos produtos ainda está diminuindo, por um processo de obsolescência programada e feedback positivo: os consumidores querem novos produtos mais rapidamente e estão usando seus produtos “antigos” por um período mais curto.

Isso resulta em uma menor necessidade de produtos de qualidade que possam ser usados ​​a longo prazo, o que estimula os consumidores a comprar novos produtos ainda mais rapidamente.

Desajuste com o consumo sustentável

Tanto para os políticos quanto para os consumidores, a conscientização sobre os efeitos negativos da indústria e a demanda por responsabilidade das empresas está aumentando.

A pegada ecológica de uma empresa pode reduzir o poder de uma marca quando os consumidores evitam práticas insustentáveis. Além disso, os decisores políticos darão prioridade aos negócios sustentáveis ​​quando as consequências negativas da economia linear forem perceptíveis.

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Sustentabilidade por meio da ecoeficácia ou ecoeficiência

Em uma economia linear, a sustentabilidade é aprimorada pelo foco na ecoeficiência. Isso implica maximizar o ganho econômico que pode ser realizado com um impacto ambiental minimizado.

Este impacto negativo por ganho econômico é minimizado, a fim de adiar o momento em que o sistema será sobrecarregado.

Na economia circular, a sustentabilidade é melhorada por meio do reforço da ecoefetividade do sistema. Isso significa que, em vez de minimizar o impacto negativo do sistema, o foco é colocado na maximização do impacto positivo do sistema por inovações radicais e mudanças estruturais.

Diferença entre economia circular e linear

Uma economia circular parte do pressuposto que o sistema industrial deve ser restaurativo ou regenerativo por princípio. Nesse tipo de economia, a ideia é que não haja “fim da vida do produto” ou de seus componentes.

O conceito de “fim de vida” é substituído pelo conceito de restauração e menor geração de impacto, incluindo o uso de energia renovável, substituição de produtos químicos nocivos, e eliminação da geração de resíduos por meio da melhoria do desenho industrial e dos negócios.

Em primeiro lugar, em sua essência, uma economia circular visa “projetar” os resíduos. O desperdício não existe – os produtos são projetados e otimizados para um ciclo de desmontagem e reutilização.

Esses ciclos rígidos de componentes e produtos definem a economia circular e a diferenciam do descarte e até da reciclagem, onde grandes quantidades de energia e mão-de-obra incorporadas são perdidas.

Em segundo lugar, a circularidade introduz uma diferenciação estrita entre componentes consumíveis e duráveis ​​de um produto.

Ao contrário de como é na economia linear, os consumíveis da economia circular são em grande parte feitos de bases biológicas ou “nutrientes” que não são tóxicos e possivelmente até benéficos, podendo ser devolvidos com segurança à biosfera – diretamente ou em cascatas de usos consecutivos.

Os bens duráveis ​​como motores ou computadores, que são feitos de materiais inadequados para a devolução na biosfera, como metais pesados e plásticos, são projetados desde o início para serem reutilizados.

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Em terceiro lugar, a energia necessária para abastecer este ciclo deve ser renovável por natureza, para diminuir a dependência de recursos e aumentar a resiliência do sistema.

Para os componentes técnicos, a economia circular substitui amplamente o conceito de consumidor pelo de um usuário. Isso exige um novo contrato entre as empresas e seus clientes com base no desempenho do produto.

Ao contrário da economia linear que parte do princípio do “compre e consuma”, os produtos duráveis ​​são alugados ou compartilhados sempre que possível. Se eles são vendidos, existem incentivos ou acordos para garantir seu retorno ao sistema e, posteriormente, a reutilização do produto ou de seus componentes e materiais ao final de seu período de uso primário.

Todos esses princípios impulsionam quatro fontes claras de criação de valor que oferecem oportunidades de arbitragem em comparação com o desenho linear de produtos e o uso de materiais: O “poder de circulação interna” minimiza o uso de material em comparação ao sistema linear.

Quanto mais forte for o círculo, ou seja, quanto menos um produto precisar ser mudado para a reutilização, reforma e remanufatura e quanto mais rápido ele voltar a ser usado, maior será o potencial de economia em termos materiais, de mão de obra, energia e capital embutido no produto.

Esse estreitamento do “círculo” também faz com que haja menos externalidades negativas como poluição.

Uma camisa de algodão orgânico produzida a partir de energia renovável, por exemplo, após o término de sua vida útil como camisa, pode ser utilizada para a indústria moveleira como enchimento de fibra de estofado e, posteriormente reutilizada em isolamento para construção – em cada caso substituindo um influxo de materiais virgens na economia – antes que as fibras de algodão sejam devolvidas com segurança à biosfera.

Uma economia circular funciona de acordo com a abordagem 3R de “Reduzir, Reutilizar e Reciclar”. A extração de material é reduzida quando possível usando menos material.

Os produtos são feitos de peças e materiais reutilizados e após o descarte de um produto, materiais e peças são reciclados.

Em uma economia circular, o valor é criado com foco na retenção de valor. Mantendo os fluxos de material tão puros quanto possível durante toda a cadeia de valor, o valor desse material é retido.

Fluxos de materiais puros podem ser usados ​​várias vezes para fornecer uma determinada funcionalidade ou serviço, ao mesmo tempo em que são feitos apenas um investimento.

A principal diferença entre a ecoeficácia e a ecoeficiência reside na qualidade da reutilização.

Numa economia circular, a reutilização destina-se a ser da melhor qualidade possível. Um fluxo residual deve ser reutilizado para uma função que seja igual (reutilização funcional) ou de um valor mais alto (upcycling) do que a função inicial do fluxo de material.

Isso garante que o valor do material seja mantido ou aprimorado. Por exemplo: o concreto pode ser triturado em grãos que são usados ​​para criar uma parede similar à anterior. Ou até mesmo um elemento construtivo mais forte.

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Dentro de uma economia linear, a reutilização é vista principalmente em práticas de downcycling: um produto é usado para uma finalidade de baixa qualidade que reduz o valor do material. Isso complica as possibilidades de reutilização do material em uma terceira vida. Por exemplo: o concreto é triturado e usado como filamento de estrada.

A segunda lei da termodinâmica e a economia circular

De acordo com a Segunda Lei da Termodinâmica, a tendência da energia é sempre se dissipar.

É por isso que em qualquer transformação sempre haverá perda de valor: a qualidade de materiais e energia diminui quando é extraída e usada, porque o grau de ordem diminui (a entropia aumenta).

Por exemplo, um quilo de ouro que é moldado em uma peça pode ser usado diretamente, e é mais valioso que um quilo de ouro distribuído sobre microchips em telefones celulares espalhados por toda a América Latina. Localizar, separar e derreter o ouro desses microchips para juntá-los não é tão fácil.

Aumenta o risco de perdas de material, diminui a qualidade e a funcionalidade do material e custa dinheiro e trabalho. Assim, sempre haverá uma perda de ‘valor’, o que significa que a necessidade de novas ‘entradas’ ainda é necessária. Em outras palavras: uma economia circular 100% fechada não é possível.

Entretanto, isso não significa que não é urgente partimos do sistema de economia linear, nem que a economia circular é inviável. Mesmo no modelo econômico linear, muitos elementos já são feitos circularmente.

Isso inclui a redução da extração de matérias-primas, o aumento da reciclagem, a mudança dos modelos de negócios de produto para serviço e outros métodos de financiamento.

Ao circular a energia e a matéria-prima utilizada por meio da economia, a demanda por “novos” inputs é diminuída e a velocidade com que a entropia aumenta é atrasada.


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