O conceito de Economia Sustentável é amplo e possui diversas abordagens, sendo em geral visto como um conjunto de práticas que levam em conta não só o lucro, mas também a qualidade de vida dos indivíduos e a harmonia com a natureza. Uma economia sustentável é aquela que foca seu crescimento no bem-estar do ser humano, colocando-o no centro do processo de desenvolvimento.
O modelo defende que o ser humano deixe de ter um preço para se dotar de dignidade. Também a capacidade de regeneração da natureza passa a ser considerada como um bem a ser preservado para a própria continuação da atividade econômica. A Economia Sustentável é uma nova ética a ser adotada por empresas e países, superando não só a crença de que a economia é um fim em si mesma, mas também a noção de que o ser humano é um instrumento (substituível e destituído de dignidade).
Autores como Ignacy Sahcs, Ricardo Abramovay, Amartya Sen e Sudhir Anand são alguns dos que estudam a Economia Sustentável, também chamada de sustentabilidade econômica. Eles questionam a ideia do desenvolvimento baseado apenas no PIB (produto interno bruto), apontando para a necessidade de incluir outros fatores, como o bem-estar social (qualidade no estilo de vida) e a consciência ambiental, no planejamento econômico. Essa seria uma das melhores formas de desenvolver uma economia sustentável, que é antes de mais nada um caminho a ser percorrido por meio da mudança de atitudes.
Em seu livro Estratégias de transição para o século XXI, o economista Ignacy Sachs define a economia sustentável, ou sustentabilidade econômica, como a alocação e o gerenciamento eficiente dos recursos e de um fluxo constante de investimentos públicos e privados. Uma condição importante para o desenvolvimento de uma economia sustentável, para o autor, é ultrapassar os malefícios gerados pelas dívidas externas e pela perda de recursos financeiros do sul, pelos termos de troca (relação entre o valor das importações e o valor das exportações de um país em determinado período) desfavoráveis, pelas barreiras protecionistas ainda existentes no Norte e pelo acesso limitado à ciência e tecnologia.
Na visão de Sachs, a economia sustentável pressupõe que a eficiência econômica deve ser avaliada em termos macrossociais, e não apenas por meio do critério da rentabilidade empresarial de caráter microeconômico. Para ser efetivo, o modelo deve incentivar medidas de desenvolvimento econômico intersetorial equilibrado, segurança alimentar e capacidade de modernização contínua dos instrumentos de produção.
Os escritores Amartya Sen e Sudhir Anand, no artigo “Human development and economic sustainability“, defendem que a definição de economia sustentável deve incluir a relação entre distribuição, desenvolvimento sustentável, crescimento ótimo e taxa de juros. Esses fatores, para eles, devem ser desenvolvidos e levados em consideração com base nas preocupações do presente.
A crescente preocupação com o “desenvolvimento sustentável” parte da crença de que os interesses das gerações futuras devem receber o mesmo tipo de atenção que os da geração atual. Não podemos abusar e acabar com nosso estoque de recursos naturais ou gerais, deixando as futuras gerações incapazes de aproveitar as oportunidades que hoje damos por adquiridas, nem contaminar o ambiente, violando os direitos e os interesses das futuras gerações.
A demanda por “sustentabilidade” é uma universalização das reivindicações aplicada às futuras gerações. Entretanto, segundo os autores, esse universalismo também faz com que, na ansiedade de proteger as gerações futuras cada vez mais, ignoremos as reivindicações dos menos privilegiados de hoje. Para eles, uma abordagem universalista não pode ignorar as pessoas desprivilegiadas de hoje na tentativa de evitar a privação no futuro e ao longo prazo, mas deve tratar tanto das pessoas do presente quanto das do futuro. Além disso, é difícil medirmos e adivinharmos quais serão as necessidades das gerações futuras.
Para os autores, na medida em que a preocupação é com a maximização geral da riqueza, independente de distribuição – há um grave desrespeito às dificuldades individuais, o que pode ser o motivo principal das privações mais extremas. Além do mais, a busca por uma economia sustentável não pode ser deixada inteiramente para o mercado. O futuro não está adequadamente representado no mercado – pelo menos, não o futuro distante – e não há razão para que o comportamento comum do mercado cuide das obrigações do futuro.
O universalismo exige que o estado sirva de administrador para os interesses das gerações futuras. As políticas governamentais, como os impostos, os subsídios e a regulamentação, podem adaptar a estrutura de incentivos de forma a proteger o meio ambiente e a base de recursos globais para as pessoas que ainda não nasceram. Os autores observam que há um amplo acordo de que o Estado deve proteger os interesses do futuro em algum grau contra os efeitos de nosso desconto irracional e de nossa preferência por nós mesmos sobre nossos descendentes.
A economia sustentável, para o autor Ricardo Abramovay, em seu livro Muito além da economia verde, deve se dar por meio de várias frentes. A economia não deve se orientar apenas por seu próprio crescimento, mas também por resultados reais de bem-estar social e de capacidade de regeneração dos ecossistemas. Uma economia sustentável deve reconhecer que existe um limite para a exploração dos ecossistemas por parte da sociedade.
Segundo o autor, o pensamento econômico predominante do século XX – de que as tecnologias e a inteligência humana seriam sempre capazes de reparar os danos ambientais – se mostrou explicitamente errôneo. As consequências já sentidas em decorrência das mudanças climáticas são uma das provas desse erro. Para Abramovay, é fundamental que – para o desenvolvimento da sociedade e de uma economia sustentável – exista inovação; e ela deve estar atrelada ao reconhecimento de que os ecossistemas possuem limites. É nesse sentido que uma economia sustentável deve orientar o desenvolvimento de seus sistemas de inovação.
A economia sustentável, ou sustentabilidade econômica, é chamada pelo autor José Eli da Veiga de “nova economia“. Ela seria a capacidade de desenvolvimento de um metabolismo social em que coexistam regeneração constante dos serviços ecossistêmicos e suprimentos suficientes para cobrir as necessidades humanas essenciais. O autor conclui que a economia sustentável está intimamente ligada à ética. Sendo esta última definida como as questões referentes ao bem, à justiça e à virtude, ela deve, portanto, ocupar um espaço central nas decisões econômicas, que implicam nas decisões sobre como serão utilizados os recursos materiais, energéticos e a organização do próprio trabalho das pessoas.
Abramovay afirma que: “a ideia de crescimento incessante da produção e do consumo choca-se contra os limites que os ecossistemas impõem à expansão do aparato produtivo. O segundo problema é que a capacidade real de o funcionamento da economia criar coesão social e contribuir de forma positiva para erradicar a pobreza tem sido, até aqui, muito limitada. Mesmo que a produção material tenha atingido uma escala impressionante, nunca houve tantas pessoas em situação de extrema miséria, ainda que proporcionalmente representem uma parcela da população menor que em qualquer momento da história moderna.”
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