A economia verde se mostra como uma crítica à busca pelo crescimento econômico “infinito”. Isso porque este último tem gerado o aparecimento de diversos problemas ambientais por conta do excesso de exploração de recursos naturais, bem como pela poluição e pela destinação incorreta de resíduos. Além disso, esse modelo também ocasiona uma grande concentração de riquezas e desequilíbrio social. Essas questões colocam em xeque a subsistência das gerações futuras e da vida como conhecemos hoje.
A necessidade de reorientar os padrões de consumo e produção atuais é evidente. Para isso, setores empresariais, governo, agentes sociais e ONGs precisam se unir rumo à uma economia mais ambientalmente responsável e socialmente inclusiva, segundo algumas visões atuais.
Economia tem muito a ver com sustentabilidade. A estrutura do modelo econômico tradicional não contempla as necessidades para o desenvolvimento sustentável. Por esse motivo, governos, sociedade civil e setor privado têm buscado (juntos ou de forma separada) alternativas com definições e acordos que permitam a transição ou ruptura para modelos econômicos mais sustentáveis.
Muitos são os conceitos associados à sustentabilidade: economia circular, bioeconomia, ecodesenvolvimento, sustentabilidade, sociedade sustentável, economia de baixo carbono, economia sustentável, economia inclusiva, economia solidária, economia verde, etc. Todos eles buscam processos de desenvolvimento e instrumentos econômicos que façam uso sustentável dos recursos naturais e proporcionem alterações sociais.
Além disso, de acordo com a ONU, a economia verde poderia impulsionar a geração de empregos.
Em 2008, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), lançou a Iniciativa Economia Verde (IEV, ou GEI-Green Economy Initiative, em inglês). A expressão “Economia Verde” foi aceita pela comunidade internacional e popularizada. O termo substituiu o conceito de “ecodesenvolvimento” usado pelo primeiro diretor-executivo do Pnuma e secretário-geral da Conferência de Estocolmo (1972) e da Rio-92, Maurice Strong.
O Conceito divide opiniões sobre a possibilidade de sua prática efetiva. A economia verde é definida pelo Pnuma como “uma economia que resulta em melhoria do bem-estar da humanidade e igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz os riscos ambientais e a escassez ecológica”. As características preponderantes da economia verde são: baixo carbono, eficiência no uso de recursos naturais e inclusão social. No projeto de economia verde, propõe-se o consumo consciente, reciclagem, reutilização de bens, uso de energia limpa e valoração da biodiversidade.
Na economia verde, o conjunto de processos produtivos e as transações que decorrem deles devem contribuir para o desenvolvimento, seja social, quanto ambientalmente falando. Busca-se a melhoria da qualidade de vida, diminuição das desigualdades, conservação da biodiversidade e preservação do meio ambiente, segundo preconizam seus principais defensores em fóruns internacionais e agências multilaterais, como o Pnuma, o Banco Mundial e a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Para isso, o Estado pode participar com a utilização de instrumentos econômicos que induzam ao comportamento social buscado. Medidas de política fiscal, como impostos maiores para firmas poluidoras ou subsídios para implantação de tecnologias ambientalmente corretas, são uma opção. Em conjunto, deve ser feita a regulação de limites quantitativos para emissão de gases ou consumo máximo de energia permitido. Assim, transitar da economia marrom para a economia verde.
O Estado pode definir políticas públicas como instrumento de ação para introduzir programas que favoreçam o desenvolvimento econômico e respeitem os limites ambientais. As políticas públicas podem atuar na conscientização da importância dos recursos ambientais.
O custo social supera o custo privado em atividades que geram poluição e desmatamento. Por esse motivo, essas atividades devem sofrer interferência, para que o resultado final não seja um nível de poluição acima ou um grau de preservação do meio ambiente abaixo do que deveria.
Muitas críticas são tecidas ao tema, por organizações e movimentos sociais, que consideram a economia verde como uma falsa solução que tem a forma de um capitalismo verde. Atrás de uma fachada técnica, o relatório da economia verde inclui a aceitação de carbono, água e biodiversidade sejam passíveis de apropriação e negociação por contrato e que se constituam em novas cadeias globais de commodities.
A principal crítica feita à economia verde gira em torno dessa questão e a negação da possibilidade de se atribuir valores monetários a bens naturais. As críticas à ideia de valoração do meio ambiente com mecanismos tradicionais consideram a economia verde um outro nome para o chamado ambientalismo de mercado.
Quando os bens naturais são valorados em dinheiro é possível fazer operações de compensação ambiental em que uma área natural ou recursos naturais destruídos podem ser compensados por outras áreas e recursos, como o caso das Cotas de Reserva Ambiental (CRA). Os críticos não consideram isso razoável, pois seria impossível comparar com precisão o valor natural de um local com o valor natural de outro. Esse mecanismo é encarado como a fomentação de um novo mercado, onde os processos e produtos fornecidos pela natureza são mercadoria.
Seja a purificação da água e do ar, a geração de nutrientes do solo para a agricultura, a polinização, o fornecimento de insumos para a biotecnologia, entre outros. Essas críticas colocam em dúvida a eficiência da economia verde em relação à conservação ambiental, e no que diz respeito à inclusão social.
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