Ecossexuais são grupos de pessoas que vem ganhando cada vez mais espaço nos debates ambientais e LGBTQIA +. O termo ecossexualidade teve seu início graças ao casal de pesquisadoras Annie Sprinkle e Elizabeth Stephens. A premissa dos ecossexuais é enxergar a Terra como uma amante, e não mais como uma mãe.
A explicação para isso, segundo o movimento, é que mães geralmente perdoam os erros dos filhos e deixam passar. Porém, não existe mais tempo para fazer isso com a Terra, por isso, é necessário enxergá-la como um amante, um parceiro. Afinal, para manter uma relação amorosa é preciso de cuidados e atitudes que não façam a pessoa ir embora.
Indivíduos que se consideram ecossexuais levam sua relação com a terra muito a sério. Para eles, ser ecossexual significa constantemente demonstrar carinho e paixão pelo planeta em que se vive. Ou seja, ecossexuais comumente realizam casamentos com a Terra, ou rituais e tratamentos com a natureza, chegando até mesmo a práticar sexo com o meio ambiente, mas não há zoofilia.
A ideia de sexo com a Terra pode parecer meio estranha de ínicio, mas depois que se entende a premissa do movimento ecossexual, é fácil de entender certas atitudes. Os ecossexuais pregam que ter uma relação próxima de carinho com a natureza, como abraçar árvores, idolatrar o Sol, apreciar as curvas da Terra e massagear o chão com os pés podem trazer uma melhora na relação entre os humanos e o meio ambiente.
Pois desta forma, pessoas que costumam fazer sexo com a terra de forma rotineira, cuidando dela como uma parceira, passariam a enxerga-la como uma amante. Essa visão, por consequência, faz com que o indivíduo tenha vontade de cuidar e proteger o planeta, por ter medo de perder “um amor”.
Os rituais ligados à Terra e à natureza são datados de milhares de anos atrás, como os casamentos com o oceano praticados na idade média. No entanto, foi apenas no fim dos anos 90 e início do século XXI, que os ecossexuais formaram uma comunidade sólida.
Isso aconteceu graças ao casal de pesquisadoras Elizabeth Stephens e Annie Sprinkle. As duas eram conhecidas por realizarem diversos casamentos com significados ligados ao meio ambiente. Assim, as duas performam uma cerimônia em frente a uma audiência, que apreciava casamentos simbólicos entre as duas e coisas como a terra, o céu, o oceano e até mesmo o Sol.
De acordo com o casal, essa ideia surgiu como uma maneira das duas de trazerem atenção das pessoas para a relação de dependência dos humanos com o planeta Terra. Elaboradas como formas de artes, essas cerimônias contaram com dançarinos, poetas, músicos e outros tipos de artistas. Eles tinham o trabalho de usar a arte como um meio de comunicar a conexão da natureza com a humanidade.
Além da causa ambiental, esses eventos eram uma maneira de responder as pessoas que se declararam contra os casamentos homossexuais. Por serem um casal LGBTQIA +, Elizabeth e Annie enfrentaram diversos obstáculos em suas vidas, devido ao preconceito.
Um dia, as duas ouviram de uma pessoa que se “o casamento gay fosse permitido, essas pessoas iriam casar com qualquer coisa”. Em resposta a isso, as duas decidiram então, que iriam se casar com a Terra. Para enfim mostrar, que se LGBTQIA + quisessem, eles poderiam sim se casar.
Com uma abordagem menos apocalíptica sobre o movimento ambientalista, as duas começaram sua jornada como porta-voz dos ecossexuais. Ambas passaram a desenvolver pesquisas relacionadas à sexologia e ao meio ambiente, que pudessem trazer conhecimento às pessoas sobre a atual situação da natureza.
Devido ao trabalho das duas, os ecossexuais ganharam um espaço na mídia, chamando mais pessoas para fazer parte da comunidade. Segundo estudos da área, atualmente, existem cerca de 100 mil pessoas no mundo que se identificam como ecossexuais. Para esses indivíduos, esse tipo de ativismo não é apenas sobre “fazer sexo com a Terra”.
Ecossexuais acreditam que para ser uma pessoa ecossexual é preciso se preocupar com o impacto da indústria sexual no meio ambiente, demonstrar carinho e agradecimento pela natureza e pensar quais as melhores maneiras de utilizar produtos naturais sem gerar impactos negativos.
Algumas das principais atitudes de ecossexuais são a compra e venda de sex toys sustentáveis, sites pornôs com venda revertida para ONGs ambientais e eventos performativos sobre amor à Terra. Como os casamentos realizados por Beth e Annie. É preciso frisar que nem todo ativista ambiental se identifica como ecossexual.
Os ecossexuais enxergam a Terra como uma amante, uma parceira. Por isso, eles pensam que devem lutar contra a mudança climática como uma forma de proteger e preservar o meio ambiente. Esses indivíduos afirmam que demonstrar carinho e “fazer sexo” com a Terra pode diminuir o estresse causado pela industrialização e outros fatores que afetam a natureza.
Para os ecossexuais, a ecossexualidade é parecida com a homossexualidade ou a bissexualidade. Ou seja, para algumas pessoas ser ecossexual é uma identidade primária, que pode ser seguida por ser gay, lésbica, panssexual, bissexual ou heterossexual. Certos ecossexuais escolhem o termo “pólen-amoroso” para se identificar.
Sensores utilizados por ecossexuais são tão importantes quanto a camisinha é para as relações sexuais humanas. Pessoas que vivem em conexão com a natureza geralmente fazem uso de luzes UV, sensores e microfones que ajudam em um entendimento melhor a respeito da vida não-humana.
Esses acessórios podem ser utilizados como meio de proteção, para evitar algum acidente ou uma doença indesejada. No entanto, também são uma maneira prática dos ecossexuais sentirem maior empatia pela natureza.
A Ecosexual Bathhouse é um projeto australiano, uma casa de banho onde as pessoas podem experienciar a sua ecossexualidade. Ela foi criada com o intuito de que ecossexuais encontrem um lugar em que se sintam mais à vontade ao exercerem seu amor pela Terra.
A casa de banho é equipada com diversas salas, brinquedos, acessórios, vídeos e revistas que ajudam o indivíduo a melhorar a sua relação com a natureza. Entre as atrações é possível encontrar galerias de pólen, áreas de brincadeiras ao vento, áreas de compostagem, experiências com luzes ultravioleta e saunas de pós-consumo.
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