O efeito de borda é descrito como as alterações nas áreas mais externas dos fragmentos florestais, geradas pelo contato com a matriz. A constante substituição de grandes áreas nativas por ecossistemas diferentes leva à criação de fragmentos vegetais isolados e imersos em uma matriz antrópica. Exemplos dessas substituições incluem pastagens e campos agrícolas.
A origem desses fragmentos implica na formação de uma borda florestal. A borda florestal é definida como uma região de contato entre a área ocupada e o fragmento de vegetação natural. Ela promove mudanças nos parâmetros físicos, químicos e biológicos do sistema, como disponibilidade energética e fluxo de organismos entre tais ambientes.
Os efeitos de borda podem ser divididos em abióticos e biológicos diretos ou indiretos.
Os efeitos abióticos envolvem mudanças nos fatores climáticos ambientais, onde a zona de influência das bordas é maior em relação à exposição aos ventos, altas temperaturas, baixa umidade e alta radiação solar.
Já os efeitos biológicos diretos abrangem alterações na abundância e na distribuição de espécies provocadas pelos outros fatores abióticos nas proximidades das bordas, como o aumento da densidade de indivíduos devido à maior produtividade primária causada pelos altos níveis de radiação solar.
Por fim, os efeitos indiretos envolvem mudanças na interação entre as espécies, como predação, competição, herbivoria, dispersão de sementes e polinização.
Quando a mata é desmatada e uma pequena área permanece isolada, as árvores que ficavam no meio da floresta passam a estar nas bordas do fragmento. Muitas espécies apresentam dificuldades de adaptação aos novos aspectos naturais à sua volta, como luminosidade e mudança na temperatura, e adoecem.
Conforme as árvores da borda morrem, o efeito pode continuar ocorrendo na vegetação remanescente, com a possibilidade de toda a área ser extinta. No entanto, a dinâmica de um fragmento depende de diversos fatores, como tipo de vizinhança, grau de isolamento e formato da área, por exemplo.
Além de ficarem muito mais vulneráveis às alterações, as florestas fragmentadas acabam sendo invadidas por organismos invasores, como plantas rasteiras, trepadeiras e capim, que adentram a mata e interferem no crescimento e desenvolvimento de outras espécies. Muitas vezes, quando atingem esse ponto, as áreas são irrecuperáveis.
Vale ressaltar que quanto menor e mais isolado for um fragmento florestal, mais sujeito ao efeito de borda ele estará. Como as dificuldades ocorrem em até 500 metros dentro da mata, muitos fragmentos são inteiramente áreas de borda.
De acordo com especialistas, a variação de espécies é comum em todos os sistemas biológicos. Porém, os fragmentos florestais possuem algumas características especiais, que os tornam mais complexos. A grande quantidade de pressão exercida sobre as áreas de florestas culminam na perda dessa biodiversidade.
As alterações que acontecem na mata que fica à borda de um fragmento vegetal influenciam também na fauna local: com a entrada de algumas espécies de plantas e a morte de outras, ocorrem mudanças na cadeia alimentar.
Muitos animais silvestres morrem por causa da modificação em seu habitat, outros, afugentados, migram para áreas próximas. Entretanto, o fragmento florestal nem sempre está destinado aos efeitos de borda e à morte das espécies nativas. Procedimentos de manejo ambiental podem reduzir os impactos do isolamento de uma área de vegetação nativa, preservando parte dos seus recursos e da sua biodiversidade.
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