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Entenda o que é o efeito Dunning-Kruger e seu impacto na humanidade
O efeito Dunning-Kruger é uma tendência cognitiva que faz com que as pessoas superestimem seus conhecimentos e habilidades em áreas em que possuem pouca ou nenhuma experiência. Acredita-se que ele seja uma resposta à falta de autoconsciência do indivíduo e, por isso, é involuntário.
O conceito do efeito Dunning-Kruger foi baseado em um estudo de 1999 liderado pelos psicólogos David Dunning e Justin Kruger, em que participantes foram testados em questões de lógica, gramática e senso de humor. A partir dos testes, os especialistas concluíram que indivíduos que obtiveram a pontuação mais baixa tenderam a superestimar seus resultados. Em contraste, pessoas com a maior pontuação sofriam do efeito contrário e subestimavam seus resultados.
Desde a sua conclusão, diversos outros especialistas recriaram o estudo para comprovar a existência do efeito Dunning-Kruger. Em exemplo, um estudo de 2008 com os mesmos responsáveis pela análise de 99 obteve resultados semelhantes aos originais.
No entanto, algumas pessoas questionam o modelo estatístico que Dunning e Kruger usaram, alegando que parte dos resultados são mais afetados pela chance.
Causas
De acordo com Dunning e Kruger, o efeito é resultante de um problema de metacognição — da capacidade de analisar os próprios pensamentos ou desempenho. A partir dessa falha de reconhecimento, um indivíduo que possui essa mentalidade é mais propenso a rejeitar retornos e críticas construtivas, prendendo-se em um ciclo: as pessoas que não sabem não enxergam a própria falta de capacidade por não possuir um maior entendimento.
Além disso, especialistas podem creditar uma das causas do efeito Dunning-Kruger à própria falta de habilidade perceptiva — muitas vezes, a pessoa não sabe que não sabe.
Por outro lado, ele pode ser atribuído ao excesso de confiança cego ou ao orgulho.
Não é burrice
É importante notar que, embora o efeito Dunning-Kruger esteja associado à ignorância, ele não é exclusivamente um resultado da burrice. Qualquer pessoa pode ser suscetível ao efeito, uma vez que ele não reflete a inteligência, e sim a falta de reflexão sobre as habilidades próprias de um indivíduo.
Por outro lado, pessoas que possuem a humildade intelectual em poder reconhecer as próprias limitações são menos propensas a superestimar suas capacidades.
Impactos
O efeito Dunning-Kruger pode ter um grande impacto nas crenças, percepções, ações e decisões das pessoas.
Na medicina, por exemplo, um artigo comprovou os impactos desse fenômeno entre graduandos. De acordo com os resultados da pesquisa, médicos com níveis de competência mais baixos tendiam a se classificar em posições maiores do que seu desempenho real. Similarmente, esses mesmos profissionais eram mais suscetíveis a rejeitar críticas construtivas e retornos.
Resultados de outra análise comprovaram o possível impacto do efeito Dunning-Kruger na saúde mundial. Nela, um terço de todos os participantes acreditavam saber mais que profissionais da saúde sobre os efeitos das vacinas — o que pode comprometer a decisão da vacinação de muitas crianças no mundo todo, contribuindo para a disseminação de falsas informações e para possíveis surtos de condições evitáveis.
Síndrome do impostor
O oposto do efeito Dunning-Kruger é a síndrome do impostor, em que o indivíduo não reconhece as próprias capacidades e não acredita no merecimento de suas realizações e conquistas.
Como sair do ciclo
Quebrar o paradoxo da ignorância resultante do efeito Dunning-Kruger pode ser difícil, mas essencial. Algumas dicas para superar essa mentalidade envolvem:
- Refletir: o excesso de confiança pode fazer com que as pessoas pulem para decisões instantâneas e, muitas vezes, errôneas. Parar para refletir sobre o assunto pode oferecer outra mentalidade.
- Aprenda: veja o aprendizado como uma forma de seguir em frente — adquirir novos conhecimentos não é um empecilho, ninguém sabe de tudo.
- Reconheça críticas: receber feedback é uma nova oportunidade para conhecer suas limitações.
- Peça ajuda: similarmente à aceitação de críticas, tente ser proativo — peça-as você mesmo, pergunte como você está indo e amplie a sua própria percepção.
