Egito replanta mangues para combater os impactos das mudanças climáticas

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Mangues estão sendo replantados no Egito como parte de um programa para aumentar a biodiversidade local, proteger a costa do país e combater os impactos das mudanças climáticas. De acordo com Sayed Khalifa, o chefe do sindicato agrícola do Egito e líder do programa, a vegetação é um “tesouro” por sua habilidade de crescer em água salgada e por sobreviver durante períodos de seca. 

O programa tem como objetivo a replantação de 210 hectares, que representam seis áreas ao redor do mar Vermelho e da península de Sinai. No entanto, o grupo responsável pelo esforço pretende estender o projeto. 

Financiado pelo governo, o programa possui a verba de 50 mil dólares anuais e foi fundado cinco anos atrás. 

Manguezais são aliados no combate às mudanças climáticas

Os manguezais são ecossistemas essenciais para a vida de diversas espécies. Desse modo, a replantação do mangue pode influenciar a biodiversidade local, atraindo pássaros, crustáceos, peixes e larvas indispensáveis para o equilíbrio da área. 

A vegetação típica do ecossistema também pode oferecer benefícios na retardação dos efeitos das mudanças climáticas. De acordo com o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), as árvores do mangue têm a capacidade de absorver cinco vezes mais carbono do que as florestas em terra.

Além disso, a vegetação também pode filtrar parte da poluição da água e atua como uma “barreira natural contra a elevação do nível do mar e condições climáticas extremas, protegendo as comunidades costeiras de tempestades destrutivas”. 

Embora a importância do mangue, o ecossistema é frequentemente ameaçado por ações humanas. Nos últimos 50 anos, a aquicultura e a piscicultura comercial destruíram um terço das florestas de mangue do mundo — que atualmente possuem, ao todo, apenas 500 hectares. 

Portanto, a iniciativa do Egito na restauração dessas áreas pode ser efetiva. 

Porém, especialistas ressaltam a importância da proteção das áreas restauradas. Atividades de turismo de massa, principalmente ao redor do mar Vermelho (que contabiliza 65% da indústria de turismo vital do Egito), podem ser um empecilho para o programa, potencialmente contribuindo para a poluição desses locais. 

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Kamal Shaltout, professor de botânica da Universidade Tanta, no Egito, ressalta que os esforços de restauração podem ser em vão se essas ameaças não forem abordadas.

Os locais de replantação serão potencialmente bloqueados por barreiras marinhas, resorts e assentamentos costeiros. Contudo, o professor também recomenda outras medidas protetivas, incluindo operadores turísticos nessas áreas e o envolvimento de resorts no projeto. 

Júlia Assef

Jornalista formada pela PUC-SP, vegetariana e fã do Elton John. Curiosa do mundo da moda e do meio ambiente.

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