A Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgaram avaliação inédita da regeneração da Mata Atlântica. O Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, que monitora a distribuição espacial do bioma, identificou a regeneração de 219.735 hectares (ha), ou o equivalente a 2.197 km², entre 1985 e 2015, em nove dos 17 estados do bioma. A área corresponde a aproximadamente o tamanho da cidade de São Paulo.
Segundo os dados do Atlas, Paraná foi o estado que apresentou mais áreas regeneradas no período avaliado, num total de 75.612 ha, seguido de Minas Gerais (59.850 ha), Santa Catarina (24.964 ha), São Paulo (23.021 ha) e Mato Grosso do Sul (19.117 ha).
UF | Área UF | Lei Mata Atlântica | % Bioma | Mata 2015 | % Mata | Regeneração 1985-2015 |
ES | 4.609.503 | 4.609.503 | 100% | 483.158 | 10,5 | 2.177 |
GO | 34.011.087 | 1.190.184 | 3% | 29.769 | 2,5% | 196 |
MG | 58.651.979 | 27.622.623 | 47% | 2.841.728 | 10.3% | 59.850 |
MS | 35.714.473 | 6.386.441 | 18% | 707.136 | 11,1% | 19.117 |
PR | 19.930.768 | 19.637.895 | 99% | 2.295.746 | 11,7% | 75.612 |
RJ | 4.377.783 | 4.377.783 | 100% | 820.237 | 18,7% | 4.092 |
RS | 26.876.641 | 13.857.127 | 52% | 1.093.843 | 7,9% | 10.706 |
SC | 9.573.612 | 9.573.618 | 100% | 2.212.225 | 23,1% | 24.964 |
SP | 24.822624 | 17.072.755 | 69% | 2.334.876 | 13,7% | 23.021 |
219.735 |
O estudo analisa principalmente a regeneração sobre formações florestais que se apresentam em estágio inicial de vegetação nativa, ou áreas utilizadas anteriormente para pastagem e que hoje estão em estágio avançado de regeneração. Tal processo se deve tanto a causas naturais, quanto induzidas por meio do plantio de mudas de árvores nativas.
Nos últimos 30 anos, houve uma redução de 83% do desmatamento do bioma. De acordo com Marcia Hirota, diretora-executiva da Fundação SOS Mata Atlântica, sete dos 17 estados da Mata Atlântica já apresentam nível de desmatamento zero: “Agora, o desafio é recuperar e restaurar as florestas nativas que perdemos. Embora o levantamento atual não assinale as causas da regeneração, ou seja, se ocorreu de forma natural ou decorre de iniciativas de restauração florestal, é um bom indicativo de que estamos no caminho certo”, observa Marcia.
Ao longo da história, a ONG foi responsável pelo plantio de 36 milhões de mudas de árvores nativas espalhadas pelo país, especialmente nas áreas de preservação permanente, no entorno de nascentes e margem de rios produtores de água, além de restaurar uma área em Itu, uma antiga fazenda de café, que hoje é destinada para atividades relacionadas a questões de conservação dos recursos naturais e restauração florestal.
“Durante o monitoramento, constatou-se a existência de outras áreas ocupadas por comunidades de porte florestal em diversos estágios intermediários de regeneração, áreas essas que devem ser mapeadas e divulgadas em futuros estudos”, esclare Flávio Jorge Ponzoni, pesquisador e coordenador técnico do estudo pelo INPE.
Este estudo foi realizado com o patrocínio de Bradesco Cartões e execução técnica da empresa de geotecnologia Arcplan. A análise se baseia em imagens geradas pelo sensor OLI a bordo do satélite Landsat 8. O Atlas utiliza a tecnologia de sensoriamento remoto e de geoprocessamento para monitorar remanescentes florestais acima de 3 ha.
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