Nesta quarta (21), o líder da ONU, António Guterres, participou de uma reunião privada com chefes de Estado e Governo. Na ocasião, ele lembrou os líderes mundiais que a meta climática de limitação do aquecimento global a 1,5º C está “respirando por aparelhos” e pediu comprometimento para frear a crise climática.
Por Nações Unidas Brasil | Ele pediu que o valor destinado ao apoio e adaptação climática dobre para 40 bilhões de dólares por ano até 2025 como forma de socorrer imediatamente as nações que já estão sofrendo com os impactos de eventos climáticos extremos, como é o caso do Paquistão.
Guterres ainda pediu aos representantes das principais economias do mundo – as nações do G20 – que eliminem gradualmente o carvão, aumentem o investimento em energias renováveis e acabem o que ele chamou de vício em combustível fóssil.
Durante uma reunião privada realizada na quarta-feira (21) na sede da ONU em Nova Iorque, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu aos chefes de Estado e de Governo mais ação e liderança para enfrentar a crise climática. Na ocasião, Guterres disse para o grupo que a meta de manter o aumento das temperaturas globais em 1,5º C acima dos níveis pré-industriais está “respirando por aparelhos”.
Falando a jornalistas após a reunião, o chefe da ONU disse que conversou com líderes sobre a emergência climática e a “tripla crise global” de alimentos, energia e finanças. Guterres disse aos líderes reunidos que a devastação que ele testemunhou este mês no Paquistão, onde as inundações chegaram a cobrir cerca de um terço do país, ocorreu com o aquecimento global de 1,2 graus. Atualmente, as previsões apontam que o mundo está caminhando para um aumento geral de mais de três graus.
A reunião foi anunciada antecipadamente como uma “troca franca e informal” de pontos de vista entre líderes, co-presidida por Guterres e pelo presidente do Egito, Abdel Fattah Al Sisi. A reunião foi uma oportunidade para abordar questões-chave antes da COP27, que será realizada em novembro, no Egito.
Combustíveis fósseis
Desde a COP26, realizada no ano passado em Glasgow, os impactos climáticos pioraram e as emissões de carbono subiram para níveis recordes, atingindo mais duramente as comunidades vulneráveis. Por este motivo, Guterres abordou quatro questões prioritárias durante a reunião: mitigação de emissões, financiamento climático, adaptação, além de perdas e danos.
Sobre mitigação, Guterres disse aos líderes que, embora as emissões devam ser cortadas quase pela metade antes de 2030, elas estão a caminho de aumentar em 14%. Ele pediu aos representantes das principais economias do mundo – as nações do G20 – que eliminem gradualmente o carvão, aumentem o investimento em energias renováveis e acabem o que ele chamou de vício em combustível fóssil. “A indústria de combustíveis fósseis está nos matando”, disse ele, “e os líderes estão fora de sintonia com seu povo, que clama por uma ação climática urgente”.
Financiamento
Sob o marco do Acordo de Paris de 2015 sobre mudanças climáticas, os países em desenvolvimento prometeram 100 bilhões de dólares por ano para financiar iniciativas que ajudem a lidar com os efeitos do aquecimento global.
Até o momento, essa meta não foi alcançada. O chefe da ONU declarou que os compromissos financeiros com o mundo em desenvolvimento devem ser cumpridos imediatamente e integralmente.
“Enfatizei a necessidade de dobrar o apoio à adaptação para 40 bilhões de dólares por ano até 2025”, continuou Guterres. “A destruição climática está acontecendo agora. As pessoas estão sofrendo agora”.
Olhando para a COP27, o secretário-geral expressou esperança de que o evento avance nessas discussões, como uma questão de justiça climática, solidariedade internacional e confiança.
Cooperação
Uma Cúpula de Chefes de Estado e de Governo do G20 acontecerá em Bali em novembro, durante os últimos dias da COP27, e Guterres pediu aos líderes que tomem decisões importantes para enfrentar a “tripla crise” de alimentos, energia e finanças.
Ele pediu cooperação e solidariedade internacional para reduzir os preços que dispararam desde a pandemia de COVID-19 e a guerra na Ucrânia, além do aumento do apoio aos países em desenvolvimento para evitar uma crise maior no próximo ano.
As instituições financeiras internacionais também devem intensificar e oferecer alívio da dívida aos países em desenvolvimento, declarou Guterres, e novos mecanismos para levar recursos aos países que precisam deles devem ser aprimorados e ampliados.
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