A embalagem antimicrobiana pode ser uma solução para a redução de emissões de gases do efeito estufa relacionados ao desperdício de alimentos. O desenvolvimento dessas embalagens, muitas vezes feitas a partir de plástico biodegradável, ajudam a estender a vida útil de diversos produtos alimentícios, além de contribuir contra outros problemas dos aterros sanitários.
O desperdício de alimentos, além de ser uma prática insustentável em questões socioeconômicas, também pode contribuir para a degradação do meio ambiente. Os restos de comida, que consequentemente vão parar em aterros sanitários, acabam apodrecendo nesses terrenos, liberando metano na atmosfera — um gás do efeito estufa que pode ser pior que o CO2.
Mas por quê a embalagem antimicrobiana pode ajudar?
A ação antimicrobiana das embalagens ajuda a desacelerar o processo de apodrecimento dos alimentos, mantendo-os frescos por mais tempo e, então, evitando que sejam descartados. O seu desenvolvimento vem avançando cada vez mais, com protótipos feitos a partir do extrato de folha de manga com celulose, ou outros materiais biodegradáveis que substituem o uso do plástico.
O interesse no desenvolvimento de embalagens antimicrobianas não é novo. Componentes antimicrobianos são comumente incorporados ao plástico usado como camada de contato direto com alimentos em recipientes de outros tipos de plástico, vidro, papelão, metal e multicomponentes.
Contudo, desenvolvimentos mais atuais são derivados da demanda de alimentos com menos preservantes. Os preservantes, embora estendam a vida útil de produtos, podem conter componentes cancerígenos, como o nitrito e o nitrato. As nitrosaminas, por exemplo, quando em contato com ácidos gástricos, formam agentes cancerígenos.
Além disso, a taxa de difusão de antimicrobianos da embalagem pode ser controlada. Enquanto alimentos frescos recebem menos exposição a esses agentes, aqueles guardados por mais tempo recebem mais. Já os preservantes adicionados diretamente nos alimentos são parte da sua composição desde o início.
Acredita-se que o uso de embalagens antimicrobianas possa reduzir as emissões derivadas do desperdício de alimentos em até 10%. Porém, os seus benefícios não param por aí. A utilização de materiais biodegradáveis, como plásticos específicos e a folha de manga, ajudariam a reduzir os 60% de 8 bilhões de toneladas de plástico que foram parar em aterros sanitários desde 1950.
A redução do desperdício também pode ser benéfica. Geralmente, mais da metade do desperdício pode ser atribuído ao consumo doméstico de comida, enquanto ⅕ é resultante do processo de fabricação desses produtos. Além da lotação de aterros sanitários e a liberação de gases do efeito estufa, o processo de jogar comida fora contribui para o desperdício de água e energia usados na indústria alimentícia.
Fora o uso do plástico, outros materiais vêm sendo explorados na produção de uma embalagem antimicrobiana funcional. Além dos protótipos da folha de manga que foram desenvolvidos por uma colaboração da Universidade de Aveiro em Portugal e Universidade de Cádiz em Espanha, especialistas encontraram outros alimentos que podem funcionar como agentes antimicrobianos.
Semente de mostarda, manjericão, canela, orégano, alecrim, sálvia e capim-limão são candidatos em futuras pesquisas por conta de suas ações antimicrobianas, capazes de reduzir a proliferação de bactérias e mofo durante o processo de apodrecimento dos alimentos. Contudo, alguns obstáculos podem dificultar a produção de algumas dessas embalagens, uma vez que sua adição pode alterar a composição de alimentos guardados nesses recipientes.
Enquanto isso, novas pesquisas são feitas com o objetivo de encontrar soluções para esses problemas. O uso de íons metálicos, nanopartículas de prata, celulose bacteriana e filme plástico infundido com óleos essenciais e revestido com nanotubos de argila já são explorados pela indústria.
Até que o uso de embalagens antimicrobianas seja normalizado, existem formas de reduzir o desperdício e, consequentemente, seus impactos ambientais. Confira o nosso vídeo para algumas dicas!
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