Filme flexível de PVC: apesar de útil e higiênico, pode apresentar riscos à saúde em contato com certos alimentos

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Os filmes flexíveis (PVC plastificado, policloreto de vinila) estão muito presentes em nosso cotidiano, seja embalando alimentos no supermercado, brinquedos, frascos de cosméticos, produtos de higiene e limpeza e por aí vai. O PVC plastificado apresenta muitas características vantajosas: brilho, beleza, transparência, fácil rotulagem, inocuidade, alta barreira a oxigênio, reciclabilidade alta, fácil manuseio, versatilidade e proporciona higiene e segurança aos alimentos – todas essas características são procuradas e aprovadas por consumidores.

PVC: usos e impactos ambientais

Os perigos do plástico filme são um pouco complicados. O polímero cloreto de vinila não apresenta riscos à saúde, porém a fabricação dos filmes flexíveis requerem a adição de ftalatos (substância tóxica) para que o plástico apresente algumas das propriedades desejadas citadas anteriormente. Os ftalatos, quando estão ligados à cadeia do PVC, também não apresentam riscos à saúde, mas em determinadas condições, essas substâncias podem migrar do plástico para o alimento embalado. Para que isso ocorra, o filme flexível precisa entrar em contato com alimentos gordurosos, como carnes, chocolates, derivados de carnes e leite, pratos prontos, entre outros, pois as moléculas de gordura apresentam características semelhantes às moléculas do ftalatos (apolares), fazendo com que haja uma melhor interação entre essas moléculas (lipídios e ftalatos), do que entre as moléculas do ftalato e do PVC. Outro cuidado muito importante é, em hipótese nenhuma, aquecer o material em forno micro-ondas ou forno convencional, pois isso também acarretará na liberação de ftalatos para o alimento em contato com o filme.

A maioria das embalagens dos filmes flexíveis não informa se o produto apresenta ftalatos na sua constituição (não existem leis que obriguem os fabricantes a expor essa informação) e também não deixa evidente quais são as restrições de uso do filme flexível – algumas embalagens, inclusive, até aconselham o uso para armazenamento de carnes. Outras marcas informam que o produto é atoxico, levando o consumidor a entender que o produto não possui ftalatos, mas não existe nenhuma lei que impede o utilização de ftalatos na produção de filmes flexíveis.

Um estudo realizado no Rio de Janeiro, publicado pela revista Visa em Debate e chamado “Controle Sanitário de Filmes Flexíveis de PVC Comercializados no Estado do Rio de Janeiro” apresentou um resultado preocupante. Foram analisadas 37 amostras de filmes PVC flexível recolhidos  nos comércios do estado do rio de Janeiro; dessas amostras, 35 (95%) apresentaram resultados insatisfatório no ensaio de migração da embalagem para alimentos gordurosos de pelo menos um dos plastificantes ftalato de di-(2-etil-hexila) DEHP e adipato de di-(2-etil-hexila) DEHA.

Cuidados

Enquanto as leis brasileiras não impedirem a utilização de ftalatos e outras substâncias tóxicas e não houver uma fiscalização rigorosa nas indústrias que fabricam o filme flexível, cabe ao consumidor tomar alguns cuidados. Como dito anteriormente, não utilize em hipótese alguma o filme flexível em alimentos gordurosos e não aqueça qualquer tipo de alimento junto com esse plástico. Uma alternativa para embalar alimentos gordurosos é utilizar recipientes de vidro ou de outros tipos de plástico (nunca aqueça o alimento em forno micro-ondas junto com o recipiente de plastico, independente do polímero que o constitui). Recipientes com tampas de silicone não tóxico também podem ser boas alternativas.

A tecnologia dos filmes bioplásticos ainda não está disponível no Brasil. Esse tipo de filme é feito inteiramente a partir de matérias-primas vegetais, o que o torna inteiramente compostável, além de não apresentar riscos à saúde. Entretanto, pesquisadores brasileiros da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) estão a caminho de patentear uma alternativa sustentável para o filme flexível. Há duas embalagens inteligentes e biodegradáveis produzidas com fécula de mandioca: uma acusa o grau de deterioração do alimento e a outra ajuda a prolongar a validade do produto.

Plastificantes que compõem filmes de PVC podem ser transmitidos aos alimentos

Os filmes flexíveis de PVC apresentam muitas características boas, como as citadas no início da matéria, e ajudam muito na conservação de produtos vegetais e não gordurosos, sem apresentar riscos à saúde. Dessa forma, antes de embalar algum alimento com o filme flexível de PVC, fique atento à composição desse alimento – você pode olhar no rotulo da embalagem do alimento os ingredientes e a tabela nutricional. Caso a dúvida ainda persista ou o alimento não apresente rotulo, pesquise na internet se o alimento apresenta alto teor de lipídios ou de gordura.

Equipe eCycle

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