Emissões do setor farmacêutico tem crescido muito mais rápido do que a maioria das outras indústrias e a média global, aponta pesquisa
Uma nova pesquisa publicada no jornal The Lancet revelou que as emissões de gases com efeito de estufa relacionadas com o consumo de produtos farmacêuticos aumentaram 77% nos últimos 24 anos. Além disso, foi apontado que as emissões relacionadas com o setor têm crescido muito mais rapidamente do que as da maioria das outras indústrias e a média global.
Entre 1995 e 2019, as emissões provenientes do consumo de produtos farmacêuticos aumentaram em 77%.
Para chegar a essa conclusão, Rosalie Hagenaars, autora principal do estudo, e seus colegas usaram um conjunto de dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, analisando 76 países e incorporando dados do resto do mundo.
Segundo os especialistas, essa é a primeira vez que pesquisadores foram capazes de analisar tendências de emissões farmacêuticas nessa escala usando dados primários.
“Até agora, a maioria das estimativas de emissões farmacêuticas eram fragmentadas, focando em medicamentos individuais em vez de todo o sistema”, diz Hagenaars.
Acredita-se que a razão pelo aumento se deu pelo consumo farmacêutico crescente da população. E, enquanto uma maior acessibilidade a certos tipos de medicamentos seja benéfica, isso também resulta em uma crescente produção de resíduos.
“Por outros estudos, sabemos que o desperdício farmacêutico pode variar de 3 a 50%”, diz Hagenaars.
A especialista menciona estoques vencidos, receitas excessivas e embalagens grandes como principais contribuintes para a geração de lixo farmacêutico. Além disso, muitos países não contam com opções de devolução de medicamentos não utilizados.
É importante notar, entretanto, que o Brasil possui esse tipo de programa de logística reversa, como estipulado pela Resolução nº306, de 7 de dezembro de 2004 da Anvisa e pelo Decreto nº 10.388 da Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Entretanto, além dos resíduos, outros fatores, como a produção de medicamentos, também contribuem para o aumento das emissões de gases do efeito estufa da indústria. E, à medida que a produção se globaliza, mais da metade das emissões relacionadas a produtos farmacêuticos ocorrem fora dos países onde os medicamentos são consumidos. Sem melhor supervisão e responsabilização, essas emissões permanecem em grande parte invisíveis.
Reduzir o consumo, com foco na minimização do desperdício, é “nossa melhor opção” para diminuir a pegada de gases do efeito estufa do setor farmacêutico, afirma Hagenaars. No entanto, os governos desempenham uma função essencial nesse processo. Por exemplo, iniciando programas para reduzir o desperdício ou criar esquemas para recolher medicamentos não utilizados.
Como já mencionado, o Brasil já conta com esses tipos de programas. Entenda mais sobre o assunto e como descartar seus medicamentos corretamente nas matérias: