Emissões globais de metano estão crescendo no ritmo mais rápido em décadas, alertam cientistas

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As emissões globais de metano estão crescendo mais rápido que nunca, alerta um novo estudo publicado na terça-feira (30). As informações divulgadas na revista Frontiers in Nature revelam que as emissões de metano aumentaram rapidamente desde 2006, com as taxas de crescimento do gás tendo um “aumento abrupto e rápido” no início de 2020.

Segundo os autores do estudo, essas emissões continuarão aumentando exponencialmente a menos que sejam tomadas novas medidas para reduzi-las. 

“A taxa de crescimento do metano está acelerando, o que é preocupante. Estava bastante estável até cerca de 20 anos atrás e apenas nos últimos anos tivemos um enorme despejo de metano. Isso tornou o trabalho de combater o aquecimento antropogênico ainda mais desafiante”, disse Drew Shindell, cientista climático da Universidade Duke e principal autor do estudo.

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Shindell e seus colegas alegam que, enquanto a maioria dos esforços para reduzir a emissão de gases do efeito estufa é concentrada no dióxido de carbono, pouco se fez para resolver o problema do metano — embora ele seja considerado 80 vezes mais potente no aquecimento global que o CO2 nos primeiros 20 anos após atingir a atmosfera.

Naturalmente, os esforços para reduzir a concentração de CO2 atmosférico são justificáveis. No entanto, embora o CO2 possa permanecer na atmosfera durante centenas ou milhares de anos, a menos que seja removido, o metano possui uma menor “vida útil” — o que o torna uma ameaça maior. 

Estima-se que se todas as emissões de metano fossem cortadas imediatamente, 90% do metano acumulado deixaria a atmosfera dentro de 30 anos, proporcionando uma forma mais rápida de reduzir o aquecimento global do que focar apenas no carbono.

“O metano é a alavanca mais forte que podemos utilizar rapidamente para reduzir o aquecimento entre agora e 2050. Há uma resposta muito rápida para cortá-lo. Já vimos o planeta aquecer tanto que, se quisermos evitar impactos piores, temos de reduzir o metano. A redução do CO2 protegerá os nossos netos – a redução do metano irá proteger-nos agora”, explica Shindell. 

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Portanto, o objetivo do estudo foi ressaltar a importância de encontrar soluções eficazes para a redução das emissões do metano. Os autores apelam a três ações, ou imperativos, para reduzi-las:

1. Reverter o crescimento das emissões de metano em todas as principais fontes antropogênicas: combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás), agricultura (pecuária e arroz) e aterros sanitários.

2. Alinhar a mitigação do metano e do dióxido de carbono para reduzir os níveis atmosféricos de ambos os gases simultaneamente, em vez do foco atual no CO2.

3. Otimizar tecnologias e políticas para a redução do metano a nível global, nacional e setorial.

Consequentemente, para que essas ações sejam eficazes, os autores impulsionam uma mistura de soluções tecnológicas, mudanças sistêmicas e comportamentos que deverão ser desenvolvidos em âmbito global. 

Entre as soluções citadas no estudo estão a criação de ferramentas capazes de capturar metano e utilizá-lo para geração de energia, a redução do número de animais de gado através da melhoria da produtividade e mudanças na dieta para alimentos à base de plantas e a implementação de medidas políticas para a redução dessas emissões. 

Júlia Assef

Jornalista formada pela PUC-SP, vegetariana e fã do Elton John. Curiosa do mundo da moda e do meio ambiente.

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