Pesquisa comprova que o consumo de alimentos com emulsificantes pode promover o desenvolvimento de câncer colorretal
Emulsificante é um tipo de aditivo alimentar que ajuda na mistura de duas substâncias que, em outras situações, não se misturam — como o óleo e a água. No processo de emulsão, um líquido é disperso no outro, garantindo uma mistura homogênea.
Comumente utilizado em misturas cremosas, os emulsificantes são encontrados em alimentos processados, como no sorvete, margarina e maionese.
A estrutura de um emulsificante é composta por uma parte hidrofóbica, em conjunto com uma parte hidrófila. Elas se dissolvem através da dissolução do composto hidrofóbico na fase oleosa e da dissolução do composto hidrófilo na fase aquosa. Esse processo previne que gotas de óleo e água se misturem, enquanto as dispersam umas nas outras criando uma mistura estável e homogênea chamada emulsão.
Para que serve o emulsificante?
Além de contribuir para a formação de misturas homogêneas, o emulsificante é usado para “estabilizar emulsões de óleo em água, dispersar uniformemente compostos solúveis em um produto, evitar a formação de cristais de gelo em produtos congelados e melhorar o volume e uniformidade de alimentos assados”. (1)
Por outro lado, muitos desses compostos são utilizados para que os alimentos tenham uma textura cremosa e macia, que previne a separação de ingredientes, e aumenta a vida útil de armazenamento de alguns produtos.
Em contrapartida, essas substâncias também são comumente utilizadas na produção de cosméticos.
Do que é feito um emulsificante?
Os emulsificantes podem ser feitos a partir de ingredientes de origem animal, vegetal ou sintética. Os mais comumente encontrados em alimentos processados ou não-processados são:
- Lecitina de soja ou ovo;
- Mostarda;
- Carragena;
- Diglicéridos;
- Monoglicéridos;
- Polissorbatos;
- Carboximetilcelulose;
- Ácidos graxos, geralmente extraídos de óleos vegetais ou gorduras animais.
Quais alimentos contém emulsificantes?
Grande parte dos alimentos que contém emulsificantes em sua composição são aqueles que possuem uma textura macia e cremosa. Além disso, também são comuns em alimentos processados.
Alguns dos alimentos que contém algum tipo de emulsificante são:
- Margarina
- Sorvete
- Maionese
- Leite de soja
- Chocolate
- Molhos de salada
Efeito do emulsificante na saúde
De acordo com alguns estudos, os emulsificantes podem oferecer alguns riscos à saúde, principalmente associados à microbiota intestinal. Uma pesquisa realizada pela Georgia State University, por exemplo, comprovou que essas substâncias podem alterar as bactérias intestinais benéficas e impulsionar agentes inflamatórios, além de potencializar o desenvolvimento de câncer colorretal.
Os testes foram feitos em ratos de laboratório, que foram alimentados com dois tipos comuns de emulsificantes utilizados em alimentos processados. A partir da análise do conteúdo intestinal desses animais, os especialistas conseguiram observar que o consumo de emulsificantes pode alterar a composição da microbiota de uma maneira que a tornou mais pró-inflamatória, aumentando a indução e o desenvolvimento do câncer.
Essas mudanças, de acordo com os resultados, foram necessárias e suficientes para induzir alterações na homeostase das células epiteliais intestinais, que são associadas ao desenvolvimento de tumores.
Possível solução
Em contrapartida à associação do potencial inflamatório dos emulsificantes, uma outra pesquisa tentou amenizar seus efeitos prejudiciais. Pesquisas anteriores do mesmo time comprovaram que o consumo de alimentos com esses agentes era capaz de diminuir a incidência de uma bactéria específica da microbiota intestinal, chamada Akkermansia muciniphila.
Embora já seja naturalmente encontrada na microbiota, os especialistas focaram na reintrodução desses organismos no ambiente para tentar neutralizar o efeito de alguns tipos de emulsificantes dietéticos. Desse modo, os cientistas notaram que ratos de laboratório que foram alimentados com doses suplementares da bactéria eram protegidos contra a ação de agentes emulsificantes, prevenindo todas as alterações moleculares normalmente induzidas pelo seu consumo.
“Esta pesquisa apóia a noção de que o uso de Akkermansia muciniphila como probiótico pode ser uma abordagem para manter a saúde metabólica e intestinal diante de estressores modernos, como emulsificantes que promovem inflamação intestinal crônica e as consequências prejudiciais resultantes.”
“Além disso, isso sugere que a colonização do intestino com Akkermansia muciniphila pode ser preditiva da propensão individual a desenvolver distúrbios intestinais e metabólicos após o consumo de emulsificantes: quanto maior a presença da bactéria, maior a probabilidade de o indivíduo estar protegido dos efeitos nocivos de aditivos alimentares na microbiota”, disse Benoît Chassaing, autor do estudo.
Como saber se os emulsificantes são seguros para o consumo?
O controle do uso de emulsificantes é previsto pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Como um aditivo alimentar, essa substância é permitida na composição de diversos alimentos processados e industrializados. E, embora a concentração desses agentes nos alimentos seja relativamente pequena, é importante saber os seus potenciais efeitos na saúde, evitando seu consumo em excesso.
Para saber quais emulsificantes são controlados pela Anvisa, confira aqui.