Uma enchente pode ter causas naturais ou antrópicas e afetar populações vulneráveis com mais frequência
Enchente, ou cheia, é um termo utilizado para descrever a elevação do nível d’água no canal de drenagem devido ao aumento da vazão, atingindo a cota máxima do canal, porém, sem extravasar. Ela pode ter causas naturais ou antrópicas e afetar populações vulneráveis com mais frequência.
Vale ressaltar que a ocorrência de enchentes é mais frequente em áreas com maior número de assentamentos humanos, quando os sistemas de drenagem passam a ser menos eficientes com o tempo se não forem recalculados ou adaptados.
Chuva
A chuva é um fenômeno natural caracterizado por precipitações de água. A água, quando é aquecida pelo Sol ou por outro processo de aquecimento, evapora e se transforma em vapor de água. Em seguida, esse vapor se mistura com o ar e começa a subir, formando nuvens. Ao atingir altitudes elevadas ou encontrar massas de ar frias, o vapor condensa, se transformando novamente em água. Como é pesada e não consegue se sustentar no ar, a água acaba caindo em forma de chuva.
Além de ser fundamental para a manutenção da vida na Terra, a água da chuva tem profunda importância no desenvolvimento de diversas atividades econômicas. Em relação à produção agrícola, a água pode representar até 90% da composição física das plantas. A falta de água em períodos de crescimento dos vegetais pode destruir lavouras e até ecossistemas devidamente implantados. Na indústria, para se obter diversos produtos, as quantidades de água necessárias são muitas vezes superiores ao volume produzido de material.
Causas das enchentes
É comum que ocorram enchentes – o problema é quando os seus desenvolvimentos afetam cidades e outras áreas de circulação urbana, alagando-as. “As enchentes na prática são os eventos naturais dos rios. Eles sempre enchem nos períodos das chuvas e esvaziam nos períodos das secas”, esclarece o arquiteto paisagista Paulo Pellegrino, professor da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo).
Dessa maneira, não é incomum encontrar próximo aos rios as chamadas planícies de inundação, áreas tomadas pela água quando há períodos mais intensos de chuvas. Isso seria algo corriqueiro se não houvesse construções urbanas ocupando indevidamente esse espaço.
No entanto, inúmeras ações antrópicas são condicionais para o aumento da frequência de enchentes, tais como impermeabilização do solo, degradação da vegetação original, retificação de cursos d’ água e lançamentos de entulhos nas margens e canais de drenagem.
Racismo ambiental
A escassez de recursos naturais, o desequilíbrio de ecossistemas, os desastres naturais e os fenômenos climáticos não respeitam distribuições geográficas e impactam classes, gênero e raça de formas distintas.
Em todo o mundo, negros e outros grupos marginalizados, como populações indígenas, são desproporcionalmente afetados por impactos ambientais. Frequentemente, essas populações vivem em áreas mais afetadas por poluição, por exemplo.
São famílias assentadas próximas a fábricas de reciclagem de baterias e corpos hídricos poluídos, locais onde há risco de desmoronamento, níveis perigosamente altos de chumbo, água contaminada e ar com péssima qualidade. O mesmo ocorre com as enchentes – elas afetam classes, gênero e raça de formas distintas.
Possíveis soluções para as enchentes
Quando as enchentes ocorrem em regiões com baixa ocupação humana, a própria natureza pode se encarregar de absorver os excessos de água, gerando poucos danos ao ecossistema.
Porém, quando elas acontecem em áreas ocupadas, os danos podem ser pequenos, médios ou grandes, de acordo com o volume de água que escoou do leito normal e com a densidade populacional.
Por isso, torna-se essencial a criação de medidas mitigadoras de enchentes. As ações podem ir desde medidas não estruturais, como a limpeza rotineira das drenagens da cidade, até realização de obras estruturais, como trincheiras de infiltração e telhados verdes.
Essas medidas buscam aumentar a área de infiltração e contribuir para a redução da ocorrência e intensidade dos eventos extremos. Mas a principal forma de prevenção contra enchentes é evitar a ocupação com assentamentos humanos nas planícies de inundação.