Energia nuclear pode ser sustentável?

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Energia nuclear é a energia produzida nas usinas termonucleares. O princípio de funcionamento de uma usina termonuclear é a utilização do calor para gerar eletricidade. O calor é proveniente da divisão do núcleo dos átomos de urânio em duas partes, processo chamado de fissão nuclear.

O urânio é um recurso mineral não renovável encontrado na natureza, que também é utilizado na produção de material radioativo para uso na medicina. Além do uso para fins pacíficos, o urânio pode também ser utilizado na produção de armamentos, como a bomba atômica.

No passado, essa energia foi utilizada na Segunda Guerra Mundial para produzir as bombas de Hiroshima e Nagasaki, que causaram destruição em massa nos locais e geraram graves consequências que permanecem até os dias atuais. O período da Guerra Fria também contou com trocas de ameaças nucleares envolvendo as duas principais potências da época (União Soviética e Estados Unidos). A partir do ano de 1950, foram criados programas pacíficos para utilização da energia nuclear.

Energia nuclear no mundo

Por ser uma fonte de energia altamente concentrada e de elevado rendimento, diversos países utilizam a energia nuclear como opção energética. As usinas nucleares já respondem por 16% da energia elétrica produzida no mundo.

Mais de 90% das usinas nucleares estão concentradas nos Estados Unidos, na Europa, no Japão e na Rússia. Em alguns países como Suécia, Finlândia e Bélgica, a energia nuclear já representa mais de 40% do total de eletricidade produzida. A Coreia do Sul, China, Índia, Argentina e México também possuem usinas nucleares. O Brasil, por sua vez, possui duas usinas nucleares no litoral do estado do Rio de Janeiro, em Angra dos Reis, (Angra 1 e Angra 2).

Vantagens do uso da energia nuclear

Apesar dos perigos, existem algumas vantagens na geração de energia nuclear. Um dos primeiros pontos a destacar é que a usina não é poluente durante seu funcionamento normal e se cumpre as normas de segurança.

Igualmente, não é necessário uma grande área para sua construção. Além disso, apesar de ser uma fonte de energia não renovável, o urânio é um material relativamente abundante na natureza que garantiria o abastecimento das usinas por muito tempo.

Desvantagens do uso da energia nuclear

Entretanto, os riscos da utilização da energia nuclear são imensos. Além de seu uso para fins não pacíficos, como a produção de bomba atômica, os resíduos gerados pela produção dessa energia representam um grande perigo para a humanidade.

Também existe o risco de acidentes nucleares e o problema do descarte do lixo nuclear (resíduos compostos de elementos radioativos, gerados nos processos de produção de energia). Além disso, a exposição aos resíduos de alta radioatividade pode causar danos irreversíveis à saúde, como câncer, leucemia e deformidades genéticas.

Acidentes nucleares

O maior desastre nuclear da história ocorreu em Chernobyl, na região da Ucrânia, em 26 de abril de 1986, quando um reator da usina apresentou problemas técnicos, liberando uma nuvem radioativa com 70 toneladas de urânio e 900 de grafite na atmosfera. O acidente é responsável pela morte de mais de 2,4 milhões de pessoas nas proximidades e atingiu o nível 7, o mais grave da Escala Internacional de Acidentes Nucleares (INES).

Após a explosão do reator, vários trabalhadores foram enviados ao local para combater as chamas. Sem equipamento adequado, eles morreram em combate e ficaram conhecidos como “liquidadores”. A solução foi construir uma estrutura de concreto, aço e chumbo, para cobrir a área da explosão.

No entanto, a construção foi feita com urgência e apresenta fissuras, tanto que o local até hoje é nocivo pela radiação. Para se ter uma ideia da magnitude do acidente, o volume de partículas radioativas em Chernobyl foi 400 vezes maior do que o emitido pela bomba atômica de Hiroshima, lançada no Japão.

Outro acidente nuclear relevante aconteceu em Goiânia, em 1987, quando dois catadores de papel encontraram um aparelho de radioterapia e o levaram para um ferro velho. Após desmontarem o aparelho, os homens encontraram uma cápsula de chumbo com cloreto de césio em seu interior.

A coloração brilhante do cloreto de césio no escuro impressionou Devair Ferreira, o dono do ferro velho, que levou o “pó branco” consigo e distribuiu o material para familiares e vizinhos. O contato com o césio causou náuseas, vômitos e diarréias. Ao todo, onze pessoas morreram e mais de 600 foram contaminadas. A exposição à radiação atingiu 100 mil pessoas.

O ferro velho onde abriram a cápsula foi demolido, o comércio fechou e muitas pessoas se mudaram. As autoridades sanitárias construíram um depósito em Abadia de Goiânia, cidade próxima, para armazenar as mais de 13 mil toneladas de lixo atômico resultantes do processo de descontaminação da região.

A energia nuclear pode ser sustentável?

Há alguns anos, a revista Scientific American lançou uma reportagem que abordava o tema da energia nuclear como alternativa a curto prazo para combater o problema do aquecimento global. Isso porque, com a reutilização de algumas ogivas nucleares, uma grande quantidade de emissões de gases estufa foi poupada nos Estados Unidos.

Mas o fato curioso é que, utilizando uma espécie de upcycle, os Estados Unidos transformaram 19 mil ogivas russas (que foram construídas com o propósito destrutivo) em combustível para reatores nucleares que produzem 20% de energia no país. Foi constatado pelo cientista climático James Hansen, da Universidade de Columbia, que essa iniciativa evitou a emissão de 64 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa na atmosfera, além de fuligens e outros poluentes expelidos por usinas de energia movidas a carvão.

No entanto, todo o esforço para construir uma usina nuclear envolve a liberação de grande quantidade de gases do efeito estufa. As emissões oriundas da produção do cimento e do aço utilizados no processo, além do que é gasto para enriquecer o urânio (combustível para a usina) fazem com que, de acordo com o Laboratório de Energia Renovável do Departamento de Energia dos EUA, haja o gasto de 12 gramas de CO2 para cada kilowatt hora (kWh) de energia elétrica produzida – equivalente aos números de uma usina eólica e inferior aos de uma usina solar.

Alternativas para a energia nuclear

Alguns especialistas dizem que embora a energia nuclear apresente desvantagens, vale a pena investir em construções de reatores para geração desse tipo de energia e, consequentemente, diminuir a utilização da queima de carvão que gera muitas emissões de gases de efeito estufa, principalmente a curto prazo.

Mas será que vale a pena correr tantos riscos? O que é melhor? Os perigos das catástrofes nucleares já repetidas algumas vezes na história ou continuar com as emissões em larga escala, que estão esquentando o planeta? Nesse caso, investir em energias renováveis e limpas que não geram impactos ambientais negativos é uma alternativa. Consumir energia 100% limpa é o jeito mais eficiente de compensar as emissões de gases do efeito estufa.

Equipe eCycle

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