Imagem: Alessandra Mathyas /WWF-Brasil
A energia elétrica faz parte do dia a dia das pessoas de uma forma tão natural que raramente alguém imagina a vida sem ela. Mas, para quase 40 mil famílias que moram em unidades de conservação (UCs) da Amazônia, ela ainda é um sonho. Um sonho que, aos poucos, vem se tornando realidade com a chegada da energia solar fotovoltaica nas comunidades locais.
Na primeira semana de junho, a realidade da comunidade Cassianã, na Reserva Extrativista (Resex) Médio Purus, administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), nos municípios de Lábrea, Pauiní e Tapauá, no Amazonas, começou a mudar com a primeira instalação fotovoltaica em uma escola que atende a cerca de 60 alunos.
A partir de agora, a escola poderá contar com aulas noturnas e usufruir de outros benefícios, como ventilador nas salas de aula, pesquisas pela internet e iluminação adequada, além de economizar despesas com o combustível usado para gerar energia.
Segundo João Araújo, líder da comunidade, “às vezes, falta inflamável (combustível) e o pessoal fica até três dias sem aulas”. Somente para as aulas noturnas, são necessários em média três litros de combustível para o gerador da escola, o que provoca gasto de R$ 450 por mês.
“O combustível vinha certinho para os dias de aula. Agora, vamos ter mais tempo e luz para pesquisar. Acho que poderemos até ter uma impressora”, disse Francisca Souza, aluna de Ensino Médio.
O barulho do motor também atrapalha muito as aulas. “Só em pensar que agora não vamos mais ter mais esse incômodo, pra gente não tem preço. Tinha noite que faltava voz”, desabafa o professor Cicleude Barroso, de Educação de Jovens e Adultos.
As melhorias são resultado do projeto Resex Produtoras de Energia Limpa, uma parceria entre o ICMBio e o WWF-Brasil que tem o objetivo de instalar seis sistemas fotovoltaicos em duas reservas extrativistas do sul do Amazonas, a Médio Purus e a Ituxi.
Além da instalação do sistema fotovoltaico na escola, o projeto capacitou moradores das duas reservas, eletricistas da prefeitura e estudantes da Universidade Estadual do Amazonas (UEA) para a instalação dos próprios sistemas.
O conteúdo, de 40 horas, abordou os princípios básicos da eletricidade, fontes renováveis e não renováveis, os componentes do sistema solar fotovoltaico autônomo e como planejar e projetar esses sistemas solares, seus conceitos básicos e a gestão comunitária de tecnologias sociais. Ao final da atividade, na própria escola, onde todos treinaram na prática a instalação do sistema, os alunos receberam certificado de participação e festejaram muito quando as luzes da escola se acenderam.
As instalações continuarão em setembro, com mais uma escola e um sistema de bombeamento de água de rio na Resex Médio Purus. Já na Resex Ituxi, também em Lábrea, serão instalados três sistemas para uso produtivo: bombeamento de água, refrigeração e funcionamento de equipamentos como despolpadeiras de frutas e extração de óleos vegetais.
“Com isso, os extrativistas acreditam que aumentarão a produção, poderão conseguir melhores preços e também terão uma vida comunitária mais dinâmica, fazendo das escolas centros também de cursos de tecnologia à distância e espaços de vivência nos finais de semana”, afirmou a analista de conservação do Programa Clima e Energia do WWF, Alessandra Mathyas.
Além da parceria entre o ICMBio e o WWF-Brasil, a iniciativa tem o apoio técnico da empresa Usinazul, do Instituto Mamirauá e o apoio institucional da Schneider Eletric, J.A. Solar, UEA e da Prefeitura de Lábrea.
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