Energia solar transforma a cozinha e a qualidade de vida em Ruanda

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A introdução de fogões movidos a energia solar em comunidades rurais de Ruanda está revolucionando a forma como muitas famílias preparam suas refeições, trazendo benefícios sociais, ambientais e econômicos. O projeto Solar Energy Transitions (SET), liderado por pesquisadores da Universidade de Coventry, alia tecnologia, sustentabilidade e participação comunitária para enfrentar desafios como poluição do ar, desmatamento e desigualdade energética.

Em East Kayonza, onde a energia elétrica é escassa e muitas casas dependem de lenha para cozinhar, a substituição de fogões tradicionais por modelos solares tem proporcionado uma verdadeira transformação. A redução no consumo diário de lenha foi impressionante: de 3,4 kg para 0,86 kg, o que não só alivia a pressão sobre os recursos florestais, mas também melhora a qualidade do ar dentro das casas em mais de 70%. Essas mudanças reduzem os riscos de doenças respiratórias, um problema que afeta desproporcionalmente mulheres e crianças nessas comunidades.

A parceria entre pesquisadores, líderes locais e especialistas da indústria foi central para o sucesso do projeto. Equipados com mais de 100 sensores, os fogões solares instalados em 20 residências foram monitorados durante sete meses, permitindo uma análise detalhada dos impactos. Os tempos de preparo das refeições diminuíram significativamente, liberando horas preciosas que antes eram gastas coletando lenha. O resultado? Famílias com mais tempo para a educação e outras atividades, além de uma rotina doméstica mais eficiente.

O processo de cocriação envolveu a comunidade em workshops participativos, onde as mulheres desempenharam um papel de destaque na tomada de decisões. Essa abordagem garantiu que as soluções tecnológicas fossem adaptadas às necessidades locais, promovendo não só a inclusão, mas também a autonomia tecnológica das participantes.

Os dados gerados pelo projeto já estão disponíveis para orientar futuras políticas públicas voltadas à promoção de tecnologias limpas. Além disso, os resultados reforçam o potencial de iniciativas como essa para enfrentar problemas globais, como a poluição do ar interno e as desigualdades no acesso à energia.

Ao combinar ciência, inovação comunitária e sustentabilidade, o projeto SET demonstra como a energia solar pode transformar realidades em algumas das regiões mais desafiadas do mundo, oferecendo um modelo inspirador para outras comunidades e países.

Stella Legnaioli

Jornalista, gestora ambiental, ecofeminista, vegana e livre de glúten. Aceito convites para morar em uma ecovila :)

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