Energias renováveis geraram 12,7 milhões de empregos globalmente

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Por Nações Unidas Brasil | Quase dois terços de todos esses empregos estão na Ásia. A China sozinha responde por 42% do total mundial, seguida pela União Europeia e pelo Brasil, com 10% cada, e pelos Estados Unidos e pela Índia, com 7% cada.

Legenda: Novo relatório confirma o crescimento de empregos no setor de energias renováveis, apesar de várias crises, e defende estratégias industriais específicas para criar cadeias de valor estáveis e empregos decentes.Foto: © Stéphane Bellerose /PNUD

O emprego global no setor de energias renováveis atingiu 12,7 milhões de postos de trabalho no ano passado, um aumento de 700 mil novos empregos em um ano, apesar dos efeitos persistentes da COVID-19 e da crescente crise energética, de acordo com um novo relatório.

A publicação intitulada em inglês Renewable Energy and Jobs: Annual Review 2022 identifica o tamanho do mercado nacional como um fator importante que influencia a criação de empregos no setor de energias renováveis, juntamente com mão de obra e outros custos. A energia solar é o setor que mais cresce. Em 2021, fornecerá 4,3 milhões de empregos, mais de um terço da atual força de trabalho global em energias renováveis.

O novo relatório foi publicado pela Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) em colaboração com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), durante o Fórum de Ação Global sobre Energia Limpa, realizado em Pittsburgh, nos Estados Unidos.

Com a crescente preocupação com as mudanças climáticas, a recuperação da COVID-19 e a interrupção das cadeias de suprimentos, os países estão cada vez mais interessados em localizar as cadeias de suprimentos e criar empregos no nível nacional.

O relatório descreve como mercados domésticos fortes são chave para sustentar o avanço da industrialização de energia limpa. O desenvolvimento de capacidades de exportação para tecnologias renováveis também é um fator, acrescenta o estudo.

O diretor-geral da IRENA,Francesco La Camera, disse: “Diante de inúmeros desafios, os empregos em energias renováveis permanecem resilientes e provaram ser um motor confiável de criação de emprego. Meu conselho aos governos de todo o mundo é buscar políticas que promovam a expansão de empregos decentes no âmbito das energias renováveis no país. Promover uma cadeia de valor nacional, não apenas criará oportunidades de negócios e novos empregos para as pessoas e comunidades locais, mas também reforçará a confiabilidade da cadeia de suprimentos e contribuirá para uma maior segurança energética em geral”.

Dados – O relatório mostra que um número crescente de países está criando empregos no setor de energias renováveis. Quase dois terços de todos esses empregos estão na Ásia. A China sozinha responde por 42% do total mundial, seguida pela UE e pelo Brasil, com 10% cada, e pelos Estados Unidos e pela Índia, com 7% cada.

O diretor-geral da OIT, Guy Ryder, disse que “além dos números, cada vez mais atenção está sendo dada à qualidade dos empregos e às condições de trabalho no setor de energias renováveis para garantir empregos decentes e produtivos. A crescente proporção de emprego feminino sugere que políticas e formação específicas podem melhorar significativamente a participação das mulheres em ocupações do setor de energias renováveis, a inclusão e, finalmente, alcançar uma transição justa para todos. As organizações de trabalhadores e empregadores permaneçam firmemente comprometidas com uma transição energética sustentável, que é essencial para o futuro do trabalho.”

Contextos regionais – O relatório destaca alguns avanços regionais e nacionais notáveis. Entre eles, os países do sudeste Asiático estão se tornando importantes centros de fabricação de energia solar fotovoltaica e produtores de biocombustíveis. A China é o principal fabricante e instalador de painéis solares fotovoltaicos e está criando um número crescente de empregos no setor eólico marinho (offshore). A Índia adicionou mais de 10 gigawatts de energia solar fotovoltaica, gerando muitos postos de trabalho de instalação, mas continua fortemente dependente de painéis importados.

A Europa agora responde por cerca de 40% da produção global de energia eólica e é o exportador mais importante de equipamentos de energia eólica; está tentando reconstituir sua indústria de fabricação de energia solar fotovoltaica. O papel da África ainda é limitado, mas o relatório observa que há crescentes oportunidades de emprego no setor de energias renováveis descentralizadas, especialmente no apoio ao comércio local, na agricultura e em outras atividades econômicas.

Nas Américas, o México é o principal fornecedor de pás de turbinas eólicas. O Brasil continua sendo o principal empregador no setor de biocombustíveis, mas também está adicionando muitos empregos em instalações eólicas e solares fotovoltaicas. Os Estados Unidos estão começando a criar uma base industrial nacional para o nascente setor eólico offshore.

O relatório destaca ainda que a expansão das energias renováveis precisa ser apoiada com pacotes de políticas integrais, incluindo treinamento para trabalhadores e trabalhadoras com o propósito de garantir empregos decentes, de alta qualidade, bem remunerados e diversificados com vistas a uma transição justa.

IRENA – A IRENA é a principal agência intergovernamental para a transformação energética global, que apoia os países em sua transição para um futuro de energia sustentável e serve como uma plataforma líder para cooperação internacional, um centro de excelência e um repositório de conhecimento político, tecnológico, de recursos e financeiro sobre energias renováveis. Com 168 membros (167 Estados e União Europeia) e 16 outros países em processo de adesão e ativamente engajados, a IRENA promove a ampla adoção e uso sustentável de todas as formas de energias renováveis para o desenvolvimento sustentável, o acesso à energia, a segurança energética e o crescimento econômico e a prosperidade com baixas emissões de carbono.

OIT – Fundada em 1919, a OIT é a única agência tripartite da ONU. A OIT reúne governos, empregadores e trabalhadores de 187 Estados-membros para estabelecer normas internacionais do trabalho, desenvolver políticas e elaborar programas que promovam o trabalho decente para as pessoas.


Este texto foi originalmente publicado por Nações Unidas Brasil de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.

Carolina Hisatomi

Graduanda em Gestão Ambiental pela Universidade de São Paulo e protetora de abelhas nas horas vagas.

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