Por Herton Escobar, do Jornal da USP | “Fiquem com os ouvidos ligados. Assim que o primeiro sapo cantar a gente sai; significa que a chuva parou”, anuncia o professor Miguel Trefaut Rodrigues, do Instituto de Biociências (IB) da USP, enquanto espia a tempestade pela janela da barraca. Ao lado dele, outros quatro pesquisadores aguardam a serenata de anfíbios deitados sobre camas de campanha do Exército brasileiro, acompanhados de dois jornalistas e dois militares. Todos sujos e cansados, porém ansiosos para voltar ao trabalho em meio às bromélias gigantes e florestas nebulares do lado de fora.
Estamos a 1.875 metros de altitude na Serra do Imeri, uma cadeia isolada de montanhas no extremo norte do Amazonas. Chuvas fortes castigam o acampamento quase todos os dias, e a umidade do ar dificilmente cai abaixo de 90%. O chão da barraca é um grande charco de lama preta e grudenta, que se agarra a tudo e a todos que ousem pisar sobre ela. É praticamente impossível se manter limpo, mas ninguém reclama. Essa é uma viagem dos sonhos para qualquer cientista que se interessa pela biodiversidade da Amazônia: uma oportunidade raríssima de se aventurar por uma natureza verdadeiramente intocada e desconhecida, no topo da maior floresta tropical do planeta.
A ideia da viagem surgiu em 2018, na sequência de uma expedição pioneira ao quase vizinho Pico da Neblina, que resultou em várias descobertas e documentou, pela primeira vez, as plantas e bichos que habitam a montanha mais alta do Brasil (2.995 metros), em 2017. A região onde estamos agora é menos alta, porém mais isolada, sem qualquer infraestrutura instalada ou via de acesso preestabelecida. Até onde se sabe, ninguém jamais colocou os pés ali. As comunidades Yanomami do entorno foram consultadas antes da expedição e nem mesmo elas conheciam as partes mais elevadas da serra.
A missão dos cientistas no topo da montanha é relativamente simples: percorrer a maior variedade possível de ambientes e coletar a maior diversidade possível de plantas e animais, para ter uma ideia do que existe ali. Simples de dizer, difícil de executar. Passar duas semanas no alto de uma serra, no meio da lama, exposto às intempéries da natureza, subindo e descendo trilhas todos os dias (e noites) não é nenhum passeio no parque.
“Foi a expedição mais difícil da minha vida”, diria Rodrigues, ao final da aventura. Aos 69 anos, com um histórico acadêmico e de vida do tamanho da Amazônia, Rodrigues é o ícone da equipe e mentor da expedição, realizada em parceria com o Exército brasileiro e financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), por meio do programa Biota. Foi ele quem concebeu o projeto e selecionou os integrantes da equipe, incluindo especialistas em répteis e anfíbios (herpetologia), mamíferos (mastozoologia), aves (ornitologia), plantas (botânica) e parasitas (parasitologia). Quatorze pesquisadores ao todo, oriundos da USP, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) e do Centro Nacional de Pesquisas Científicas da França (CNRS). O Jornal da USP acompanhou toda a expedição, realizada entre 2 e 23 de novembro.
Desde o início havia a expectativa de que muitas espécies novas seriam descobertas, em função do isolamento biogeográfico da região. Dito e feito: em 12 dias de trabalho no campo, os pesquisadores coletaram 285 animais, de 41 espécies, das quais 12 (30%), pelo menos, são inéditas para a ciência (cinco anfíbios, quatro lagartos e três aves). Pode parecer pouco, mas é muita coisa. E isso é só o que os pesquisadores conseguiram identificar de imediato como coisas novas. À medida que o material for sendo examinado em detalhe no laboratório, é muito provável que outras novidades apareçam, tanto do ponto de vista genético quanto morfológico.
“Em que outro lugar você sai para coletar e volta do campo todos os dias com uma espécie nova na mão? Isso aqui é incrível”, anima-se Rodrigues. “Estamos preenchendo uma página em branco na história da biodiversidade brasileira.”
“Aqui é uma Amazônia diferente. Tem menos bichos e menos diversidade, mas tudo que a gente encontra é especial”, diz o ornitólogo Luís Fábio Silveira, do Museu de Zoologia (MZ) da USP, com os olhos voltados para cima e um par de binóculos à mão, sempre atento à movimentação das aves no dossel da floresta. Auxiliado pelo biólogo Igor Alvarenga, ele coletou 21 espécies de aves na expedição, das quais três, pelo menos, são inéditas para a ciência — além de outros registros de destaque, como um tucaninho-verde (Aulacorhynchus whitelianus), nunca antes capturado no Brasil. Outras 46 espécies tiveram sua ocorrência registrada por meio de canto ou avistamentos.
Tão importante quanto o número de novas espécies, segundo os pesquisadores, é o fato de que grande parte das plantas e animais coletados na expedição parece ser exclusiva (ou endêmica, na linguagem técnica) dessas formações montanhosas do norte da Amazônia, que incluem o Pico da Neblina, o Monte Roraima e outros maciços tabulares (chamados tepuis), que se espalham pelo norte do Brasil, sul da Venezuela e oeste da Guiana. Ou seja, são espécies que só existem no topo das montanhas e chapadas dessa região, conhecida como Pantepui.
Cravada na fronteira do Brasil com a Venezuela, a Serra do Imeri fica no extremo sul dessa região montanhosa, guardada em território brasileiro por uma dupla camada de áreas protegidas: a Terra Indígena Yanomami e o Parque Nacional do Pico da Neblina (mapa acima).
“O nível de endemismo aqui é muito alto. Essa é a grande diferença”, destrincha o professor Taran Grant, também do IB-USP, especialista em anfíbios. Como comparativo, antes de embarcar para as montanhas, os pesquisadores passaram uma noite coletando répteis e anfíbios no entorno do aeroporto de Santa Isabel do Rio Negro, 90 quilômetros (km) ao sul da Serra do Imeri, que o Exército utilizou como base de apoio para a expedição. Em três horas de trabalho tranquilo, sem muito esforço, coletaram 45 bichos, de 20 espécies diferentes. Já na Serra do Imeri, foram necessários cinco dias de trabalho intenso para coletar esse mesmo número de animais, com o uso de dezenas de armadilhas e dezenas de horas de busca ativa na natureza. No final, voltaram para casa com 160 bichos, de pelo menos 12 espécies.
A diferença fundamental, conforme anotou Grant, é que nenhuma das 20 espécies coletadas em Santa Isabel do Rio Negro era nova, enquanto que quase todas as 12 espécies recolhidas na Serra do Imeri são inéditas (quatro lagartos e cinco anfíbios, pelo menos), além de serem todas endêmicas da região dos tepuis, segundo Rodrigues.
Além dos dois professores, a equipe de herpetologia era formada pelos biólogos Agustín Camacho, Antoine Fouquet, José Mario Ghellere, Leandro Moraes e Renato Recoder. Nenhuma cobra foi encontrada na expedição, apesar de muita procura.
No caso dos mamíferos, o número de exemplares coletados foi até elevado, mas com uma diversidade de espécies relativamente pequena. De um total de 69 animais capturados, 55 eram de apenas três espécies de ratinhos — nenhuma delas inédita, mas todas elas endêmicas dos tepuis, segundo o professor Alexandre Percequillo, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, que compôs a equipe de mastozoologia com a professora Ana Paula Carmignotto, da UFSCar. O mesmo esforço de coleta na “baixa Amazônia”, segundo eles, teria produzido um resultado oposto, com um número bem maior de espécies, porém menos indivíduos coletados de cada uma delas.
Os únicos animais de maior porte registrados na expedição foram antas e duas espécies de macaco (prego e guariba), avistados nas partes mais baixas da serra. Por conta das dificuldades impostas pelo terreno, o trabalho dos pesquisadores ficou restrito a uma faixa de 1.700 a 2.000 metros (m) de altitude.
Apesar de estarem fisicamente conectadas com as florestas abaixo delas, essas formações montanhosas abrigam ambientes altamente diferenciados do restante da Amazônia. São como ilhas que se elevam sobre um oceano de floresta, com condições ambientais próprias e pouca conectividade entre elas — condições que favorecem o isolamento biogeográfico e, consequentemente, a evolução de uma biodiversidade própria, exclusiva desses locais. A altitude é um fator determinante: quanto maior a elevação, menor a temperatura e, consequentemente, menor a quantidade e a diversidade de seres vivos capazes de sobreviver ali.
Assim como ocorre nas ilhas oceânicas, portanto, é de se esperar que essas montanhas florestais tenham uma biodiversidade mais restrita e altamente endêmica, comparativamente ao resto da Amazônia. Várias das espécies coletadas na Serra do Imeri são parecidas — mas não necessariamente idênticas — com as que os pesquisadores coletaram alguns anos atrás no Pico da Neblina, numa expedição muito semelhante à atual, ou que já eram conhecidas de outros tepuis, mas que nunca haviam sido coletadas no Brasil.
Segundo os pesquisadores, essas semelhanças sugerem que a Serra do Imeri já foi um tepui também, apesar de não ter mais esse formato característico. O tampo da mesa, digamos assim, foi corroído pela erosão, à exceção de alguns monólitos de granito mais duro que hoje se projetam de suas escarpas como relíquias geológicas de um passado distante — preservado tanto nos minerais das rochas quanto no DNA das espécies endêmicas que sobrevivem ali, e que agora serão estudadas pelos cientistas.
Identificar essas espécies é apenas o primeiro passo. Em última instância, o que os pesquisadores buscam é justamente entender como cada uma delas se insere coletivamente num contexto histórico de evolução da biodiversidade da Amazônia, incluindo suas relações no tempo e no espaço com a biodiversidade dos Andes, da Mata Atlântica e outros biomas da América do Sul.
No caso das plantas, a biodiversidade endêmica dessas montanhas pode ser uma peça-chave para a compreensão das origens da flora amazônica e sul-americana como um todo, segundo a professora Lúcia Lohmann, do Departamento de Botânica do IB-USP. “Acreditamos que várias linhagens de plantas tiveram sua origem aqui, nessa região mais alta da Amazônia; depois desceram e ocuparam as regiões mais baixas, se diversificando ao longo do processo”, relata ela. “Nossa proposta é tentar entender essas origens, como surgiu essa biota tão diversa que hoje está distribuída por toda a América do Sul. As espécies que estão aqui em cima são críticas para isso.”
Lohmann e a colega Rafaela Forzza, do JBRJ, coletaram amostras de 220 espécies de plantas, dos mais diversos tipos e tamanhos, desde pequeninas orquídeas até palmeiras de vários metros de comprimento. Mais especificamente: seis exemplares de cada espécie, totalizando 1.320 amostras, para serem distribuídas entre diferentes herbários e compartilhadas com especialistas para identificação.
Lohmann estima que 10% dessas espécies possam ser novas, além de outros registros importantes. As bromélias “gigantes” que rodeiam nosso acampamento, por exemplo, só eram conhecidas de uma outra serra, na divisa de Roraima com a Venezuela (a Serra Parima), com base numa coleta feita mais de meio século atrás (em 1969): Brocchinia hechtioides. Mais uma espécie endêmica do Pantepui. As maiores chegam a ter quase dois metros de altura.
Outra linha de pesquisa, liderada por Camacho, busca mapear a vulnerabilidade desses animais endêmicos ao aquecimento global. Usando um aparato simples, que ele mesmo construiu (e sem impor qualquer sofrimento aos animais), o pesquisador mede o limite de temperatura ao qual cada espécie de réptil e anfíbio está fisiologicamente adaptada para sobreviver — chamada de temperatura voluntária máxima, ou TVM. A ideia é saber a partir de que ponto no termômetro o aquecimento global se torna uma ameaça para elas, a ponto de colocar suas populações em risco.
“Essas espécies que vivem no cume de montanhas são especialmente vulneráveis ao aquecimento climático”, destaca o biólogo espanhol, doutor e pós-doutor em zoologia pelo IB-USP. As que vivem mais embaixo podem subir a montanha em busca de climas mais amenos, à medida que a temperatura do planeta aumenta; mas as que já vivem no topo, não. “Essa opção de subir para fugir não existe para elas.” Mesmo vivendo dentro de uma área protegida, portanto, essas espécies podem ter sua existência encurralada pelas mudanças climáticas.
O início da expedição estava previsto para 5 de novembro, mas precisou ser adiado em dois dias por questões meteorológicas. Às 7 horas do dia 7 de novembro, embarcamos — metade da equipe — em um grande helicóptero Jaguar do Exército brasileiro, para um voo de 25 minutos de Santa Isabel do Rio Negro até a Serra do Imeri. O voo transcorreu sem problemas, mas o restante da equipe precisou esperar outras 24 horas para fazer o mesmo trajeto, pois logo que pousamos as nuvens se fecharam sobre a montanha e não abriram de novo até o fim do dia. O helicóptero até chegou a decolar, mas teve que dar meia-volta alguns minutos depois, para frustração de todos.
Não há outro caminho para chegar lá a não ser pelo ar. Nos meses que antecederam a expedição, o Exército fez várias tentativas de estabelecer uma via de acesso terrestre ou fluvial até o local, mas sem sucesso. Por sorte encontraram uma pequena área, mais ou menos plana, onde era possível pousar o helicóptero; caso contrário, nem mesmo isso teria sido possível. “Se o professor e sua equipe queriam um local realmente isolado (para pesquisar), conseguiram”, disse o chefe do Comando Militar da Amazônia (CMA), general Achilles Furlan Neto, ao nos receber no quartel-general do Exército em Manaus, no início de novembro.
Diferentemente do Pico da Neblina, onde há uma presença bem estabelecida de yanomamis e militares, essa porção mais ao sul da Serra do Imeri é uma verdadeira terra incógnita. Na busca por um caminho até o topo, batedores do Exército — sob o comando do tenente-coronel Márcio Weber de Menezes, do 3° Batalhão de Infantaria de Selva (3° BIS) — fizeram consultas às comunidades Yanomami da região, que relataram não subir a serra. “Se nem o Exército nem os indígenas foram lá, acho que ninguém foi”, concluiu o general Furlan.
A expedição foi autorizada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável pela gestão do parque nacional e pelas licenças de coleta, e pela Fundação Nacional do Índio (Funai), com consulta às associações que representam a etnia Yanomami na região.
A base da expedição foi montada em meio a um bromelial, com cinco grandes barracas do tipo canadense, organizadas por finalidade: cozinha, laboratório, enfermaria e dormitórios. Somando tudo: sete toneladas de infraestrutura, equipamentos e suprimentos, que exigiram sete voos de helicóptero para serem transportadas até lá. Uma equipe de 21 militares permaneceu no local para operar o acampamento e apoiar o trabalho dos pesquisadores na montanha, liderada pelo capitão Jefferson Fagundes, do 3° BIS. “Seria impossível realizar essa expedição sem o apoio do Exército”, ressaltou Rodrigues, em diversas ocasiões.
A vista do acampamento era impressionante. Bem à nossa frente estava o Pico do Imeri, com quase 2.400 metros de altura, coroado por um gigantesco monólito piramidal, enfeitado por tapetes de vegetação que parecem escorrer por suas encostas como uma cobertura de bolo. Olhando para a esquerda, na direção noroeste, várias escarpas montanhosas se alinhavam uma após a outra, com o contorno do Pico da Neblina perceptível no horizonte distante. À direita, olhando para o sudeste, mais montanhas se esparramavam sobre uma planície verde que se estendia a perder de vista, na direção do Rio Negro. Mesmo para aqueles acostumados a andar pela Amazônia, era uma paisagem fora do comum.
O acesso às florestas no entorno era feito por meio de três trilhas principais, que os pesquisadores percorriam diariamente para fazer suas coletas. As distâncias não eram longas, mas o terreno era difícil: íngreme, acidentado e lamacento. Em vários pontos era necessário usar cordas para se locomover com segurança. Não faltaram hematomas e arranhões distribuídos ao longo da expedição; mas, felizmente, ninguém se feriu com gravidade. Lohmann chegou a quebrar seis costelas numa queda, mas foi atendida pela médica do Exército no acampamento e não teve maiores complicações.
As técnicas de coleta são diferentes para cada grupo, mas todas envolvem uma combinação do uso de armadilhas com busca ativa na natureza — quando os pesquisadores saem procurando pelos bichos no meio da mata. Para répteis e anfíbios, por exemplo, as armadilhas mais clássicas são as do tipo pitfall, que nada mais são do que baldes enterrados no solo, em que os bichos caem e não conseguem mais sair. Três das quatro espécies novas de lagarto da Serra do Imeri tiveram indivíduos coletados dessa forma, enquanto que os novos sapinhos e pererecas foram todos encontrados por meio de busca ativa.
Cada espécime coletado recebe um “número de campo”, que passa a funcionar como um RG daquele bicho, acompanhado de anotações sobre onde, como e quando ele foi capturado.
Outro procedimento-padrão introduzido nessa expedição foi a coleta de amostras de sangue dos animais capturados, para a detecção de tripanossomatídeos — família de protozoários que inclui o Trypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas, e o Trypanosoma brucei, da doença do sono. De um total de 240 amostras, 14 haviam testado positivo para tripanossoma até a publicação desta reportagem, extraídas de mamíferos, aves e anfíbios.
Assim como no caso de seus hospedeiros, é praticamente certo que muitos desses parasitas representam espécies novas, segundo o pesquisador Bruno Fermino, pós-doutorando no Departamento de Parasitologia do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, responsável pela coleta e análise das amostras. O conhecimento dessa biodiversidade de parasitas selvagens tem importância sanitária nacional, visto que esses tripanossomas podem vir a infectar animais de produção (como frangos) e até seres humanos no futuro, à medida que o homem avança sobre a floresta. “Aí a gente não tem ideia de qual doença eles poderiam causar”, alerta Fermino.
A expedição chegou ao fim em 18 de novembro, dois dias antes do previsto — os suprimentos estavam acabando, o clima era imprevisível e o Exército achou por bem desmontar o acampamento e tirar todo mundo da montanha em segurança, aproveitando uma janela de tempo bom. Ainda serão necessários muitos anos de pesquisa para analisar e descrever todo o material que foi trazido de lá, mas ninguém tem dúvidas de que a expedição foi um sucesso.
“Sucesso absoluto”, comemora Rodrigues. “A gente ganhou muito com essa expedição.” Não só do ponto de vista do conhecimento científico, diz ele, mas também de fortalecimento da soberania nacional. Pela primeira vez, juntando o que foi coletado no Imeri e no Pico da Neblina, o Brasil tem material biológico próprio e “independência intelectual” para pesquisar a biodiversidade dessas terras altas da Amazônia, que até agora era de domínio quase que exclusivo de outros países. “Essa independência intelectual nos dá soberania, e isso é muito importante”, conclui Rodrigues.
Todo o material coletado na expedição foi depositado nas coleções do IB e do MZ da USP. No caso da botânica, duplicatas de todas as plantas ainda serão enviadas, também, para os herbários do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em Manaus.
Este texto foi originalmente publicado pelo Jornal da USP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.
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