O isopor, cujo nome técnico é poliestireno expandido ou EPS, na sigla em inglês, está associado a um número cada vez maior de produtos, nos hábitos de consumo. Uma das principais características do isopor é o isolamento térmico.
Seja para garantir que a cervejinha fique gelada, preservar medicamentos do calor excessivo, conservar a marmita quente ou qualquer outra de suas inúmeras funções, o isopor é utilizado. No entanto, na hora de descartar, não é raro que ele acabe indo parar no lixo comum. Além disso, placas de isopor também são utilizadas na construção civil e em diversos outros setores.
O que muita gente não sabe é que o isopor EPS é um tipo de plástico.
O isopor é um produto sintético proveniente do petróleo – o termo isopor é uma marca registrada de uma empresa alemã, mas em português a palavra já foi dicionarizada e é usada para se referir aos produtos feitos a partir de poliestireno expandido (EPS), o nome técnico do isopor. Segundo a Associação Brasileira de Poliestireno Expandido (Abrapex), o EPS não contém quaisquer produtos tóxicos ou perigosos para o meio ambiente e sua produção é isenta de CFCs. O isopor é composto por 98% de ar e 2% de plástico – as “células”, que juntas formam o isopor, estão cheias de ar.
O estireno, a principal matéria-prima utilizada na produção do isopor, é um composto químico que foi objeto de dezenas de estudos desde que os plásticos foram desenvolvidos. A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, da sigla em inglês) encara essa substância com desconfiança.
Após observar profissionais que tem contato diário com esse produto, a Agência constatou que pessoas expostas ao estireno passaram a sofrer de problemas de saúde como dores de cabeça, depressão, perda auditiva e problemas neurológicos.
De acordo com a EPA, “vários estudos epidemiológicos sugerem vínculo entre a exposição ao estireno e um aumento no risco de leucemia e linfoma. Entretanto, as evidências não são conclusivas devido à exposição a múltiplas substâncias químicas e à informação insuficiente sobre os níveis e a duração da exposição”.
O tempo de decomposição do isopor é considerado indeterminado – alguns fabricantes indicam que o material não é biodegradável, não se desintegra, não desaparece no ambiente e não contém gás CFC. Ou seja, em tese, ele pode durar para sempre. Porém, por ser um derivado de plástico, ele tende a se degradar aos poucos. Se for descartado incorretamente no meio ambiente, com o passar do tempo, o plástico do isopor tende a se quebrar, dando origem a microplásticos, que possuem a capacidade de absorver compostos químicos tóxicos. Alguns desses compostos podem ser agrotóxicos, pesticidas e metais pesados, como mercúrio e chumbo, que acabam depositados principalmente nos rios, lagos e oceanos.
Muitos animais como peixes, tartarugas, baleias e golfinhos confundem esses microplásticos e pequenos pedaços de isopor com organismos marinhos – e acabam se “alimentando” deles. O resultado disso é a intoxicação não apenas dos animais marinhos, mas também de qualquer ser que se alimente deles, incluindo os seres humanos, que se alimentam de alguns desses animais posteriormente.
Uma pesquisa, publicada pelo Journal of Hazardous Materials, indica que a redução do isopor ao microplástico pode ter um grande impacto na saúde humana. O material, quando exposto a radiação ultravioleta, presente nos raios solares, se torna uma plataforma para a proliferação de bactérias e vírus nocivos à saúde.
Foi observado que alguns dos químicos, presentes no isopor, resultam na resistência antimicrobiana de bactérias. Essa resistência antimicrobiana (RAM) faz com que bactérias, vírus e parasitas se tornem resistentes à ação de antibióticos, impossibilitando a sua ação preventiva, ou de tratamento, em doenças e infecções.
Sim, o isopor é reciclável. O principal problema para a reciclagem desse tipo de produto é a viabilidade econômica. De acordo com estudo realizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), anualmente são consumidos cerca de 2,5 milhões de toneladas de isopor em todo o mundo. No Brasil, o consumo é de 36,6 mil toneladas, cerca de 1,5% do total.
O isopor, apesar de levíssimo, ocupa um espaço muito grande, o que corrobora para seu baixo preço de venda na indústria da reciclagem. Ou seja, o isopor é reciclável, mas não é uma opção viável para catadores e cooperativas, o que na prática dificulta muito a sua reciclagem.
No entanto, existem pontos de descarte que aceitam isopor. O ideal é manter um consumo consciente desse tipo de resíduo, evitando-o sempre que possível – assim como outros tipos de lixo plástico. Se não tiver jeito, consulte os postos de descarte mais próximos da sua casa no mecanismo de busca gratuito do Portal eCycle. O meio ambiente agradece.
Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos.
Saiba mais