Estudo indica que a ergotioneína pode proteger células causadoras de câncer contra danos oxidativos
A ergotioneína (EGT) é um aminoácido derivado da histidina, adquirido principalmente de alimentos como o cogumelo. A substância foi classificada como uma vitamina em 2010. Essa mudança se deu devido à associação que sua deficiência pode comprometer a saúde a longo prazo.
Desde a sua descoberta, em 1909, inúmeros estudos comprovaram os benefícios associados ao aminoácido. De fato, a ergotioneína é conhecida popularmente por suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Ela é comumente utilizada como um suplemento alimentar no combate de algumas condições de saúde.
A popularidade do micronutriente se dá devido à sua ação antioxidante. Ou seja, sua capacidade de proteger o organismo contra a ação de radicais livres que causam estresse oxidativo. Portanto, a EGT é considerada por muitos uma “vitamina da longevidade”.
Usos
A ergotioneína possui alguns usos na saúde, com evidências insuficientes para o tratamento de:
- Doenças cardiovasculares;
- Dores nas articulações;
- Danos no fígado;
- Catarata;
- Doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer;
- Diabetes.
Benefícios da ergotioneína
Os benefícios da ergotioneína são associados ao consumo de cogumelos. Um estudo, em específico, ressalta o papel da EGT como um antioxidante capaz de oferecer benefícios à saúde cognitiva.
Após a análise de 2.840 participantes com 60 anos, o estudo concluiu que o maior consumo de cogumelos pode reduzir o risco de declínio cognitivo em adultos mais velhos.
Além disso, em um estudo que incluiu 470 adultos com mais de 50 anos, o desempenho em vários domínios cognitivos, incluindo função executiva e memória, foi melhor em participantes com níveis plasmáticos mais elevados de ergotioneína.
Outro estudo generalizado sobre os benefícios da EGT concluiu que ela é um antioxidante único, capaz de neutralizar uma ampla variedade de espécies reativas de oxigênio e nitrogênio — que contribuem para o estresse oxidativo. Semelhantemente, é ressaltado que a substância é um tipo de antioxidante estável, que não se auto-oxida em pH fisiológico.
“Estas observações, em conjunto com o fato de a EGT não ter sido associada a quaisquer efeitos tóxicos ou adversos, apoiam a sua utilização em terapias contra uma vasta gama de doenças e condições, desde doenças cardiovasculares ao envelhecimento e neurodegeneração. A EGT é um antioxidante-citoprotetor raro capaz de atravessar a barreira hematoencefálica, um recurso necessário para tratar doenças neurodegenerativas onde o estresse oxidativo desempenha um papel central na progressão da doença”, dizem os especialistas.
Fontes de ergotioneína
Além dos cogumelos, a ergotioneína pode ser encontrada em outros alimentos comuns. Entretanto, é importante notar que ela possui uma maior concentração em fungos das seguintes espécies:
- Flammulina populicola (cogumelo-de-agulha, Enokitake)
- Grifola frondosa (cogumelo Maitake)
- Hypsizygus tessellatus (buna-shimeji)
- Lentinula edodes (Shiitake)
- Pholiota nameko (Nameko)
- Boletus edulis (míscaro ou tortulho)
- Pleurotus ostreatus (cogumelo-ostra)
- Agaricus bisporus (champignon, cogumelo-paris)
- Cantharellus cibarius (canário ou rapazinhos)
Outros alimentos com uma pequena concentração de EGT incluem:
- Farelo de aveia
- Semente de abóbora
- Farelo de trigo
- Gérmen de trigo
- Arroz integral
- Feijão preto
- Feijão vermelho
- Alho
- Brócolis
- Cebola
- Espinafre
- Salsão
Possíveis riscos
Segundo uma pesquisa de 2022, o potencial antioxidante da ergotioneína também pode oferecer riscos. Foi observado que possíveis bactérias nocivas podem ingerir a EGT para sobreviverem no organismo.
No estudo, pesquisadores do Instituto de Ciências Microbianas da Universidade de Yale descobriram que as bactérias ingerem o nutriente EGT para ajudar na sua sobrevivência. No caso do patógeno causador do câncer gástrico Helicobacter pylori, a bactéria utilizou o nutriente para competir com sucesso pela sobrevivência nos tecidos do hospedeiro.
“Ficamos entusiasmados ao descobrir um mecanismo não convencional que permite às bactérias resistir ao estresse oxidativo durante a infecção”, disse a autora sênior do estudo, Stavroula Hatzios, professora assistente de biologia molecular, celular e do desenvolvimento, e de química.
Entretanto, o entendimento sobre a funcionalidade desses patógenos pode oferecer uma solução para o problema. De acordo com Hatzios, a produção de um medicamento pode prevenir esse efeito em organismos prejudiciais.
“Como a proteína que as bactérias utilizam para absorver o EGT funciona de uma forma distinta da sua contraparte nas células humanas, estamos otimistas de que um medicamento específico possa ser desenvolvido para inibir a absorção microbiana deste nutriente”, acrescentou a especialista.
Além deste risco, nenhum efeito adverso foi relatado após a suplementação de ergotioneína a curto prazo em pequenos ensaios clínicos. Portanto, seu consumo é considerado seguro com o devido acompanhamento médico.
Como usar ergotioneína?
A ergotioneína está disponível como suplementos orais, com doses recomendadas pelo fabricante que variam de 5 a 20 mg por dia. Entretanto, assim como qualquer outro suplemento alimentar, o seu uso é recomendado apenas através da indicação e supervisão médica.
Embora alguns estudos pequenos comprovem a eficácia da EGT no tratamento de algumas condições de saúde, novas pesquisas são necessárias para confirmar seus benefícios a longo prazo. Portanto, ela deve ser usada apenas como um tratamento adicional.
Para mais informações sobre a eficácia da ergotioneína em seu quadro de saúde específico, consulte um profissional.