Espaços de conversa podem ajudar na redução de danos associados ao uso de álcool e drogas entre universitários

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Por Vinicius Botelho em Jornal da USP | No decorrer da vida universitária, é comum que estudantes se envolvam em situações relacionadas ao uso de álcool e outras drogas, seja pelo consumo próprio ou com terceiros – colegas e desconhecidos, em festas e eventos sociais. Muitos pretendem apenas se divertir, mas acabam se prejudicando com as consequências do contato com essas substâncias. Estudo conduzido pelo Laboratório de Ensino e Pesquisa em Psicopatologia, Drogas e Sociedade da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP sugere que a situação pode ser amenizada com espaços de conversa e informação sobre os reais riscos do uso de álcool e drogas.

O objetivo do estudo era buscar estratégias utilizadas para diminuir os danos associados ao uso de substâncias entre estudantes universitários. Entre elas, os pesquisadores destacam o diálogo, com espaços específicos para tratar a questão com os jovens. A professora Clarissa Mendonça Corradi-Webster, orientadora do estudo, elenca as principais formas que os jovens disseram utilizar para reduzirem o risco de terem problemas, como “controlar o consumo nos esquentas [consumo de bebidas antes da festa], ter meio de transporte seguro, beber muita água durante o evento, prestar atenção aos sinais do corpo, se manter próximo de amigos e cuidar de pessoas que fizeram uso abusivo de substâncias durante a festa, e mesmo dias depois, para conversar sobre as experiências”.

Antes mesmo do início da pesquisa, Clarissa já pensava em aumentar os espaços de conversa sobre o uso de substâncias com os jovens. A necessidade ficou evidente durante o estudo, pois verificou que os estudantes querem se divertir, não têm ideia do que pode ocorrer a seguir e “não encontram lugares para conversar sobre esse tema, principalmente os calouros”. Clarissa destaca que não são todos os jovens que fazem uso de álcool e drogas, mas todos eles precisam saber como diminuir os riscos.

Foi assim que o psicólogo João Diogo Filippini Fernandes, autor do estudo, definiu o diálogo entre os universitários como a melhor maneira de conhecer como os jovens percebiam suas ações em direção à redução de danos. Com a metodologia definida, o pesquisador trabalhou com grupos de estudantes, que se reuniam para debater e conversar sobre os diferentes problemas encontrados no contato com essas substâncias.

Diálogo e formação de grupos ajudam conscientização

Com os grupos montados, os pesquisadores passaram a conversar sobre o consumo de diferentes substâncias e as estratégias que os estudantes consideravam que poderiam ser adotadas para reduzir os impactos e consequências indesejadas relacionadas ao consumo de álcool e drogas.

João Diogo Filippini Fernandes – Foto: Sites USP

O estudo, diz Clarissa, é importante também para o restante da população, não só para os estudantes, pois o consumo dessas substâncias também está presente na vida de pessoas de fora da universidade.

A pesquisadora destaca a importância do conhecimento acadêmico em debates fundamentais da sociedade, pois as informações produzidas na universidade abrem espaços para reflexão de temas relevantes para a população, como é o caso dos riscos associados ao uso de substâncias e formas de reduzir danos.

Esses resultados fazem parte da dissertação de mestrado Estratégias de redução de danos em estudantes universitários que fazem uso de drogas, apresentada por João Diogo Filippini Fernandes à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP em abril de 2020. Fernandes trabalhou sob orientação da professora Clarissa Mendonça Corradi-Webster.

Mais informações: e-mails clarissac@usp.br e joaodiogo.ff@gmail.com

Ouça no player abaixo entrevista com os pesquisadores.

Este texto foi originalmente publicado por Jornal da USP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.

Equipe eCycle

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