El Niño pode ser responsável por essas mudanças no ecossistema marinho
De acordo com uma pesquisa publicada na revista Science, na última quinta-feira (7), dados de anos anteriores sugerem que as ondas de calor marinhas extremas deste ano podem ser um precursor de um evento de branqueamento em massa de corais em todo o Indo-Pacífico em 2024-25. O estudo foi feito em colaboração de pesquisadores dos Estados Unidos e da Nova Zelândia e indica que a atual ocorrência do El Niño pode ser o motivo do fenômeno.
O branqueamento de corais ocorre através do aumento da temperatura da água do mar o que, consequentemente, torna-o um dos impactos do aquecimento global. Essa mudança de temperatura causa a expulsão do pigmento de algas que vivem em relações mutualísticas com os corais, que perdem sua cor natural, expondo seus esqueletos.
Em alguns casos, o branqueamento pode ser temporário. Porém, devido às constantes mudanças de temperatura das águas oceânicas, o evento pode ser fatal aos organismos.
Segundo os pesquisadores, as mudanças nos ecossistemas marinhos podem ser rastreadas até a década de 1980, quando o branqueamento em massa de corais apareceu pela primeira vez. Além disso, o fenômeno também pode ser atribuído à passagem do El Niño.
O ano de 2023 é o primeiro dos possíveis dois anos em que o fenômeno climático ocorrerá. Semelhantemente, desde 1997, cada acontecimento destes “pares” de El Niño levou a um evento global de branqueamento de corais em massa.
“A probabilidade é que, algures nos próximos 12 a 24 meses, veremos o El Niño combinar-se com o aquecimento das temperaturas do mar e ter um impacto realmente grande.
“Estamos literalmente em um território desconhecido, sobre o qual sabemos muito pouco e ao qual não sabemos como responder, e acho que estamos perigosamente expostos”, disse o professor Prof Hoegh-Guldberg, da Universidade de Queensland, Austrália.
Além da possível morte desses organismos, o branqueamento de corais oferece diversos riscos à biodiversidade local. Os corais são lares de inúmeras espécies marinhas, oferecendo abrigo e outros benefícios aos seus habitantes. Porém, através do branqueamento, esses organismos desaparecem e, segundo os pesquisadores, o fenômeno pode prejudicar até 25% da biodiversidade oceânica.
De acordo com Hoegh-Guldberg, para a prevenção contra o evento catastrófico de 2024, políticos e líderes mundiais devem “agir mais rapidamente e com mais determinação do que nunca” para reduzir as emissões de gases do efeito estufa.
“Este é um problema de engenharia com base científica. Precisamos definir os parâmetros. Precisamos definir a forma como o nosso planeta funciona e fazê-lo em tempo recorde. Porque temos recursos, podemos fazê-lo. Mas temos que ser inteligentes e envolver todos. E certifique-se de obter um sistema que resfrie o planeta por um tempo, ou pelo menos não aumente por um tempo”, disse.