No dia três de fevereiro de 2023, cerca de 50 vagões de um trem carregando materiais tóxicos e combustíveis, próximo à divisa Ohio-Pensilvânia, descarrilaram. Desde então, especialistas e cientistas da área começaram a se perguntar sobre os possíveis riscos associados à liberação desses produtos.
Inicialmente, os produtos foram liberados no ar através da explosão inicial dos vagões. No entanto, uma atualização no caso para reduzir os riscos de outra explosão levou especialistas a desviarem os outros produtos transportados pelo trem para trincheiras, onde foram queimados — de acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA).
“Na avaliação de risco ambiental, temos que tomar muitas decisões que não queremos ter que tomar”, disse Kim Garrett, toxicologista ambiental da Northeastern University, sobre o descarrilhamento.
Inicialmente, muito foi falado sobre a liberação de cloreto de vinila no acidente, um gás inflamável utilizado para produzir PVC, também conhecido por, em altas doses, potencialmente causar câncer de fígado. No entanto, especialistas não conseguem apontar todos os riscos associados ao produto pela alta quantidade liberada no meio ambiente.
De acordo com Garrett, o problema da liberação do cloreto de vinila é a produção de outros dois químicos: fosgênio e cloreto de hidrogênio. Entretanto, como a queima do produto foi intencional, socorristas foram capazes de evacuar todos os 5 mil habitantes da Palestina Oriental, cidade de Ohio onde o acidente aconteceu.
Mas o cloreto de vinila não foi a única substância liberada no acidente. Representantes da EPA liberaram um documento listando outros produtos que eram transportados pelo trem, incluindo acrilato de butila, acrilato de etil-hexila e monobutil de etileno glicol, que ainda estão contaminando o ar, água e solo local.
“Posso me preocupar com um produto químico conforme o vejo escrito e como sei como ele se comporta em um ambiente de laboratório. Mas não sei como cada produto químico reage no ambiente ou cada produto químico reage entre si, como reage em grandes quantidades. Há muitas nuances toxicológicas aqui, e sei que essa não é a resposta que o público merece ou precisa”, disse Garrett.
Em resposta ao Scientific American, responsáveis da Norfolk Southern Railway encaminharam um documento publicado pela empresa em 15 de fevereiro, que explicava que estavam trabalhando na inspeção de casas afetadas e testes de água potável. Porém, muitos especialistas ainda não sabem se todos os químicos presentes no acidente foram analisados pela empresa ou pela própria EPA.
Até então, funcionários testaram o ar local e não relataram nenhum problema, mas ainda assim, acredita-se que as inspeções do ar interno de qualquer espaço fechado deve ser monitorado por mais tempo.
“Minha recomendação é ampliar o escopo e olhar para mais produtos químicos, porque acredito que há uma lista mais longa do que o que está sendo analisado atualmente”, diz Nesta Bortey-Sam, toxicologista ambiental da University of Pittsburgh.
Além disso, espera-se que os residentes da região façam suas próprias análises sobre a saúde física das pessoas e do meio ambiente local.
“Na região em geral, a saúde rural tem sido um problema. Os hospitais fecham; as pessoas não têm acesso a médicos como antigamente. Garantir que todos possam acessar os cuidados de saúde para queixas e problemas que notam é definitivamente importante na região”, conclui Garrett.
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