Espécie guarda-chuva é aquela que requer uma grande área conservada para sua sobrevivência
“Espécie guarda-chuva” (umbrella species, em inglês) é um termo, introduzido por Frankel e Soulé, em 1981. Ele é utilizado para se referir às espécies que requerem uma grande área conservada para sobreviver. Elas podem servir como espécies bioindicadoras no planejamento e monitoramento da conservação, já que pretendem proteger espécies e ecossistemas inteiros. Assim, outras espécies cujo habitat se encontra na mesma área que as denominadas “espécies guarda-chuva” também são beneficiadas, por possuírem necessidades comuns.
Biologia da Conservação
Biologia da Conservação pode ser definida como uma área interdisciplinar que possui a função de proteger espécies, seus habitats e ecossistemas das excessivas taxas de extinção e de erosão das interações entre os seres vivos. Sendo assim, ela surgiu como resposta à crise atual da biodiversidade para entender os efeitos das atividades humanas sobre as espécies, comunidades e ecossistemas. E, desse modo, desenvolver abordagens práticas, hoje bastante conhecidas e estudadas, que previnam a extinção.
No entanto, em termos econômicos e de gestão, é inviável desenvolver projetos de conservação para cada espécie em particular ali existente. Por isso, existem estratégias utilizadas que permitem conservar indiretamente outras espécies de uma determinada área, como a seleção de espécies guarda-chuva ou de espécies-bandeira. Assim, a conservação destas pode beneficiar os outros seres do mesmo ecossistema que não estão tão visíveis à população.
Neste contexto, há algumas vantagens nessa abordagem de gestão. Uma espécie guarda-chuva pode facilitar uma intervenção, pelo fato de não ser necessário amostrar todas as espécies presentes no ecossistema para provar a necessidade de aplicar medidas de gestão e conservação. No entanto, a desvantagem está exatamente aqui, pois abordagens mais simples de gestão que se concentram em uma determinada espécie podem não abranger ou ser ineficazes para as demais.
Espécie-bandeira ou guarda-chuva?
Espécies-bandeira também podem funcionar como espécies guarda-chuva. Embora estejam relacionados, os conceitos de espécies-bandeira e guarda-chuva são distintos e não devem ser confundidos. Em resumo, as espécies-bandeira servem para atrair a atenção da população, enquanto as espécies guarda-chuva pretendem proteger espécies e ecossistemas inteiros, já que requerem áreas bastante extensas. Dessa forma, elas se tornam bons representantes para as causas ambientais.
Por exemplo, o mico-leão-dourado é a espécie-bandeira para a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica.
Onça-pintada como espécie guarda-chuva
A onça-pintada (Panthera onca) é um exemplo de espécie importante para as ações de conservação de fitofisionomias brasileiras como o Cerrado, Mata Atlântica, Floresta Amazônica e Pantanal. Ela se localiza no topo da cadeia alimentar e necessita de extensas áreas preservadas para sobreviver, sendo considerada um bioindicador de qualidade ambiental.
A ocorrência de onça-pintada em uma região indica que esta área oferece condições que permitam a sobrevivência do felino e de outras espécies. Isso porque a onça-pintada é considerada uma espécie guarda-chuva. Ou seja, suas exigências ecológicas englobam todas as exigências das demais espécies presentes no ecossistema.
Existem registros da presença de onças desde o sudoeste dos Estados Unidos até o norte da Argentina. Porém, atualmente, a onça-pintada está extinta nesses territórios. A espécie ainda pode ser encontrada na América Latina, incluindo o Brasil, na Amazônia e na Mata Atlântica. E em ambientes abertos do país, como o Pantanal e o Cerrado.
As crescentes alterações ambientais provocadas pelo ser humano são as principais causas da diminuição da população de onças-pintadas no Brasil. Essas alterações incluem o desmatamento e a caça de presas silvestres (fonte de alimento) e das próprias onças. Portanto, reduzir a ameaça de extinção é fundamental para garantir sua sobrevivência e a integridade dos ecossistemas.
Além disso, por auxiliar no equilíbrio das populações de outros animais, a onça-pintada desempenha uma função ecológica importante. Saiba mais sobre essa espécie guarda-chuva clicando na matéria abaixo:
Portanto, a conservação espécie-habitat garante que todos os outros organismos contidos em sua abrangente escala territorial também sejam beneficiados. A preservação das diversas outras espécies que ficam sob a mesma proteção ajudam a garantir que os serviços ecossistêmicos sejam mantidos.
No entanto, pesquisas mostram que, em alguns casos, isso não acontece. O favorecimento de algumas espécies pode prejudicar a ocorrência de outras.
Outros exemplos de espécies guarda-chuva
- Urso-pardo;
- Panda-gigante;
- Baleia-franca;
- Coruja-pintada;
- Tartarugas marinhas.