Estudo que testou tratamento periodontal em diabéticos com ômega 3 e aspirina recebe prêmio internacional

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Por Agência FAPESP* – Um estudo conduzido na Universidade Estadual Paulista (Unesp) com apoio da FAPESP foi o vencedor do prêmio Ricardo Teles de Pesquisa Clínica em Periodontia. A premiação ocorreu no último encontro da Associação Internacional de Pesquisa Odontológica, no mês de julho.

Realizado no Instituto de Ciências e Tecnologia (ICT-Unesp), em São José dos Campos, durante o doutorado de Nidia Castro dos Santos, o trabalho demonstrou que o uso de ômega-3 associado à aspirina no tratamento de periodontite em diabéticos permite melhorar não só os resultados clínicos, mas também o controle do diabetes (leia mais em: agencia.fapesp.br/33242).

Periodontite é o nome dado à inflamação na gengiva decorrente do acúmulo de placa bacteriana (película formada por bactérias e restos alimentares) ao redor dos dentes. É um estágio mais avançado da gengivite que, sem tratamento, pode levar à perda permanente da estrutura dentária.

O estudo, orientado pelo professor Mauro Pedrine Santamaria, é o primeiro a propor a suplementação das duas substâncias como terapia para o tratamento de periodontite em diabéticos. “Ele segue uma linha diferente de pesquisa. Na periodontia, uma abordagem muito comum é a raspagem, que trata as bactérias responsáveis pela doença. Já este trabalho lida mais com a imunidade”, explica Santos, em entrevista ao Jornal da Unesp.

O ômega-3 é reconhecido por suas propriedades anti-inflamatórias há tempos. Estudos conduzidos desde meados dos anos 2000 já demonstravam como essa gordura afeta a imunidade e a inflamação na periodontite. Porém, os estudos focavam apenas em pessoas sem diabetes.

A ausência de estudos com ômega-3 aplicado a diabéticos chamou a atenção da pesquisadora. “Percebi que não havia nenhum trabalho bem desenhado sobre o tratamento para esse grupo. Achamos que seria uma boa ideia”, diz Santos, que anteriormente já desenvolvia pesquisas sobre diabetes no ICT-Unesp.

O ômega-3, quando metabolizado, é capaz de produzir mediadores, como resolvinas e maresinas, que atuam melhorando a resposta inflamatória. A aspirina age como um agente potencializador nesse processo, aumentando os efeitos provocados pela gordura no combate à inflamação.

Como parte do estudo, os pesquisadores encurtaram a duração da terapia de seis meses para 60 dias. A adaptação trouxe resultados não só no tratamento da inflamação, mas também do diabetes. Além de redução nos níveis de moléculas envolvidas em processos inflamatórios, a pesquisa também constatou queda nas taxas de hemoglobina glicada (proteína do sangue ligada à glicose), o que sugere melhora no controle da glicemia.

*Com informações do Jornal da Unesp. Este texto foi originalmente publicado por Agência FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original.

Equipe eCycle

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