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Matriz energética suja anula benefícios dos carros elétricos

A transição para veículos elétricos (VEs) nem sempre resulta em redução de emissões de carbono. Pesquisadores da Universidade de Auckland e da Universidade de Xiamen, na China, descobriram que, em nações onde a matriz energética ainda é baseada em fontes poluentes, como carvão e petróleo, a adoção de carros elétricos pode, na verdade, agravar o problema climático. O estudo, publicado na revista Energy, analisou dados de 26 países ao longo de 15 anos e constatou que a expansão dos VEs está associada ao aumento das emissões de dióxido de carbono (CO₂) quando a eletricidade utilizada vem de usinas termelétricas. A pesquisa, conduzida pelo professor associado Stephen Poletti e pelo doutorando Simon Tao, demonstra que os benefícios ambientais dos veículos elétricos dependem diretamente da origem da energia que os abastece. Em redes elétricas predominantemente renováveis, como na Nova Zelândia – onde mais de 80% da geração é limpa –, os VEs de fato contribuem para a descarbonização. No entanto, em países com alta dependência de combustíveis fósseis, o resultado pode ser oposto.

O estudo aponta que, globalmente, apenas quando a participação de energias renováveis na geração de eletricidade atingir cerca de 48%, os veículos elétricos passarão a ter um impacto positivo na redução de emissões. Atualmente, fontes como eólica, solar e hidrelétrica representam pouco mais de 30% da matriz energética mundial, indicando que ainda há um longo caminho a percorrer.

Além de destacar a necessidade de descarbonizar a matriz elétrica, os pesquisadores sugerem medidas políticas para acelerar essa transição. Entre elas estão o estabelecimento de metas ambiciosas para energias renováveis, a eliminação de subsídios a combustíveis fósseis e a implementação de mecanismos de precificação de carbono. Investimentos em redes inteligentes e sistemas de transmissão mais eficientes também são apontados como essenciais para garantir a confiabilidade do abastecimento com fontes limpas.

O trabalho ainda analisou outros fatores que influenciam as emissões de CO₂, como crescimento econômico, inovação em tecnologias verdes e densidade populacional. Enquanto a expansão da economia tende a elevar as emissões, a adoção de energias renováveis e o desenvolvimento de cidades compactas demonstraram efeitos positivos na redução do carbono.

A pesquisa serve como um alerta: os veículos elétricos, sozinhos, não são a solução para a crise climática. Seu potencial sustentável só se concretizará quando combinado com uma matriz energética verdadeiramente limpa. Governos e formuladores de políticas devem, portanto, priorizar a transição para fontes renováveis, garantindo que a mobilidade elétrica cumpra seu papel na luta contra o aquecimento global.


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