Imagem de Linus Nylund no Unsplash
Há bilhões de anos, os oceanos da Terra não eram azuis, como os conhecemos hoje, mas sim verdes. Essa descoberta, fruto de uma simulação realizada por uma equipe multidisciplinar de cientistas japoneses, revela um capítulo fascinante da história do planeta. Publicado na revista Nature Ecology & Evolution, o estudo reconstruiu as condições ambientais da era Arqueana, mostrando como a combinação de ferro e cianobactérias transformou a cor dos mares primitivos.
A pesquisa utilizou uma série de fatores ambientais, como a composição química da atmosfera e dos oceanos, para recriar o espectro de luz da época. Naquele período, a atmosfera era rica em vapor d’água e dióxido de carbono, o que a tornava mais ácida e acelerava a erosão das rochas. Esse processo liberava grandes quantidades de ferro, que eram carregadas para os oceanos. Dependendo da carga iônica, o ferro poderia dar à água tons marrons, cinzas ou verdes. No caso da simulação, o ferro triplamente carregado conferiu um tom esverdeado às águas, já que o hidróxido de ferro absorvia a luz azul, enquanto a água absorvia a luz vermelha, refletindo a luz verde de volta para a atmosfera.
Além do ferro, as cianobactérias desempenharam um papel fundamental na coloração dos oceanos. Esses microrganismos utilizavam clorofila para converter a luz solar em energia e possuíam pigmentos que absorviam comprimentos de onda não capturados pela água verde. Essa combinação de fatores intensificava ainda mais a tonalidade esverdeada dos mares.
O período dos oceanos verdes durou aproximadamente de 3 bilhões a 600 milhões de anos atrás. Durante essa era, os oceanos eram mais extensos, o que, visto de longe, daria à Terra uma aparência predominantemente verde. As cianobactérias, ao realizarem a fotossíntese, liberavam oxigênio e hidrogênio na atmosfera. Com o tempo, o oxigênio passou a dominar e reagiu com o ferro dissolvido na água, levando ao gradual desaparecimento da cor verde e ao surgimento dos oceanos azuis que conhecemos hoje.
Essa transformação não apenas alterou a cor dos mares, mas também teve um impacto profundo na evolução da vida no planeta. O aumento do oxigênio atmosférico permitiu o desenvolvimento de formas de vida mais complexas, marcando um ponto de virada na história da Terra.
O estudo oferece uma janela para o passado distante do planeta, destacando como fatores geológicos e biológicos interagiram para moldar o ambiente primitivo. Além de desvendar mistérios sobre a aparência da Terra antiga, a pesquisa contribui para a compreensão dos processos que possibilitaram o surgimento da vida como a conhecemos.
Para mais detalhes, o artigo completo pode ser acessado na revista Nature Ecology & Evolution.
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