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Debate sobre fluoretação da água opõe benefícios dentais a possíveis riscos neurológicos

Uma nova pesquisa publicada no periódico JAMA Pediatrics trouxe à tona preocupações antigas sobre a fluoretação da água, ao sugerir uma relação entre níveis mais elevados de flúor na urina e uma diminuição na pontuação de QI em crianças. A investigação foi conduzida por cientistas do Instituto Nacional de Ciências da Saúde Ambiental (NIEHS) e revisou dezenas de estudos globais, incluindo análises realizadas no Canadá, China e Índia. Embora rigorosa, a pesquisa foi alvo de críticas de especialistas que questionaram a metodologia empregada e o impacto real das descobertas.

A controvérsia não é nova. A fluoretação da água, introduzida nos Estados Unidos em 1945, é amplamente reconhecida por sua eficácia na prevenção de cáries dentárias, o que a tornou uma das principais conquistas de saúde pública do século XX. Estudos mostram que o mineral, presente também em cremes dentais, fortalece o esmalte dos dentes e reduz a atividade bacteriana. No entanto, evidências apontam que o excesso de flúor pode causar danos, incluindo a redução das pontuações de QI em crianças expostas.

O estudo mais recente destaca que, para cada aumento de 1 miligrama por litro de flúor urinário — um indicador da exposição geral —, houve uma redução estimada de 1,63 pontos no QI infantil. Apesar disso, os próprios autores admitiram limitações significativas, como a falta de dados que comprovem se os níveis considerados seguros nos EUA, de 0,7 mg/L, afetam o desenvolvimento neurológico. Esses dados deixam em aberto a questão de ajustes nas diretrizes de segurança.

Críticos, como Steven Levy, da Associação Odontológica Americana, argumentaram que a revisão incluiu estudos classificados como de baixa qualidade e que muitos deles foram conduzidos em locais com alta presença de contaminantes, como poluição por carvão. Outros questionaram a confiabilidade de medições de urina pontuais, em vez de coletas contínuas, e as dificuldades de avaliar o QI de crianças pequenas.

Por outro lado, editoriais elogiaram a pesquisa por seu esforço metodológico em um tema de alta relevância. Para muitos defensores, os benefícios sociais da fluoretação ainda superam os possíveis riscos, especialmente entre comunidades carentes, onde o acesso a tratamentos dentários é limitado. A interrupção dos programas de fluoretação, alertam, pode agravar as desigualdades em saúde.

A discussão ocorre em um contexto político tenso. Robert F. Kennedy Jr., indicado à Secretaria de Saúde dos EUA na gestão de Donald Trump, é um crítico vocal da fluoretação, o que aumenta o peso das implicações do estudo. Cientistas como Fernando Hugo, da NYU, enfatizam a necessidade de novas pesquisas que avaliem os efeitos a longo prazo de ajustes nos níveis de flúor na água.

Embora o impacto do flúor continue dividindo opiniões, a questão reflete a complexidade de equilibrar ganhos odontológicos com potenciais riscos ao desenvolvimento infantil. Os resultados ressaltam a urgência de investigações mais detalhadas que possam fornecer bases sólidas para decisões políticas e de saúde pública.


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