Em meio a promessas ambiciosas e uma corrida por soluções climáticas, o hidrogênio verde emerge como uma alternativa promissora, mas enfrenta barreiras significativas para sair do papel. Um estudo recente publicado na Nature Energy revela que, até 2023, menos de 10% da produção de hidrogênio anunciada globalmente foi de fato implementada, destacando lacunas críticas entre expectativas e resultados.
Mais de 1.200 projetos de hidrogênio verde foram analisados por pesquisadores do Instituto de Pesquisa de Impacto Climático de Potsdam (PIK), que identificaram três lacunas principais: implementação passada, ambição futura e viabilidade de execução. Apesar do triplo de projetos anunciados nos últimos três anos, apenas uma fração foi concluída dentro do prazo. Essa situação reflete desafios estruturais, como custos elevados e incertezas regulatórias, que comprometem o crescimento desse mercado emergente.
Substanciais incentivos financeiros, estimados em cerca de um trilhão de dólares, seriam necessários para viabilizar os projetos planejados até 2030. Contudo, os subsídios globais anunciados até agora estão muito aquém dessa demanda. Políticas baseadas em incentivos permanentes não são vistas como sustentáveis. Os especialistas sugerem alternativas, como cotas obrigatórias de uso de hidrogênio em setores de difícil eletrificação, a exemplo da aviação e indústrias químicas e siderúrgicas. Um regulamento europeu já determina que, a partir de 2030, 1,2% dos combustíveis de aviação sejam sintéticos, com aumento progressivo para 35% até 2050.
O estudo também ressalta a necessidade de evitar bloqueios fósseis, que perpetuam a dependência de combustíveis tradicionais e ameaçam metas climáticas globais. A longo prazo, os autores defendem a adoção de mecanismos de mercado como a precificação de carbono, para equilibrar custos públicos e oferecer condições competitivas.
Outro ponto crítico é a lacuna entre teoria e prática. Para calcular a viabilidade dos projetos anunciados, os pesquisadores avaliaram o custo do hidrogênio verde em relação a combustíveis fósseis e as exigências de subsídios. A conclusão é clara: sem uma estratégia robusta que alie financiamento adequado a regulações efetivas, o potencial do hidrogênio verde dificilmente será plenamente explorado.
A solução imediata passa por subsídios direcionados e regulamentos específicos, aliados a expectativas realistas. Enquanto governos e indústrias buscam formas de superar as limitações financeiras e tecnológicas, o futuro do hidrogênio verde depende de medidas que harmonizem urgência climática e viabilidade econômica.
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