A IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) lança hoje, 11 de março, uma edição especial da revista científica PARKS, sobre os impactos da pandemia do coronavírus na conservação da natureza em todo o mundo. A publicação é uma iniciativa da Comissão Mundial de Áreas Protegidas da IUCN e traz nesta edição o compilado mais abrangente até o momento da pesquisa científica mundial sobre as ligações e os impactos entre a pandemia de Covid-19 e as áreas protegidas e conservadas.
Dentre os ensaios, escritos por cerca de 150 autores, estão textos de Yolanda Kakabadse, ex-presidente da Rede WWF; Juan Manuel Santos, ex-presidente da Colômbia e ganhador do Prêmio Nobel da Paz; Mary Robinson, ex-Presidente da Irlanda e ex-Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos; e Sir Richard Roberts, bioquímico e vencedor do Prêmio Nobel de Medicina.
A revista destaca que mais da metade das áreas protegidas da África e 1/4 das áreas protegidas da Ásia foram forçadas a interromper ou reduzir suas ações de conservação, como fiscalização e monitoramento, e um em cada cinco guardas florestais relataram ter perdido seus empregos.
No Brasil, estima-se que o número reduzido de visitantes pode levar a uma perda de US$ 1,6 bilhão em vendas para empresas que trabalham direta e indiretamente com o turismo em áreas protegidas, enquanto na Namíbia, as áreas conservadas por comunidades podem perder US$ 10 milhões em receitas de turismo direto, segundo estimativas iniciais.
“A natureza é uma rede de segurança para a recuperação de muitas das comunidades afetadas por essa pandemia e pode ser uma das nossas maiores aliadas contra futuras doenças zoonóticas”, comenta Mariana Napolitano, gerente de Ciências do WWF-Brasil e autora de um dos artigos da revista PARKS.
No ensaio “Causas de doenças zoonóticas”, ela e a equipe do WWF, junto com pesquisadoras brasileiras, trazem uma visão geral sobre como áreas protegidas e conservadas podem desempenhar um papel significativo na redução do risco de surgimento de novas doenças humanas que se originam nos animais (as chamadas zoonoses).
“Os principais vetores de zoonoses são as mudanças no uso da terra, especialmente pela intensificação da produção agrícola e pecuária, o comércio de animais silvestres de alto risco e o consumo da carne desses animais”, comenta Mariana.
As áreas protegidas e a conservação da vida selvagem estão entre algumas das formas mais eficazes de controlar essas atividades e minimizar os perigos associados a elas. Além disso, elas são aliadas na necessária recuperação verde frente à atual crise.
Esta edição especial da revista PARKS também revela que pelo menos 22 países propuseram ou promulgaram retrocessos nas regulamentações ou cortes orçamentários na conservação do meio ambiente durante a pandemia. Os pacotes e políticas de estímulo econômico pós-COVID analisados em um dos artigos continuam a minar em vez de apoiar a natureza, nossa melhor esperança contra futuras pandemias e atuais crises planetárias, como as mudanças climáticas.
“Cuidar do nosso planeta nunca foi tão urgente. A crise do coronavírus nos mostrou o que acontece quando estamos em desequilíbrio com a natureza. 2021 precisa ser o ano em que mudamos de rota, para uma economia mais justa, menos intensiva no uso de recursos naturais e de menor emissão de gases de efeito estufa”, reflete Mariana.
Além do artigo sobre zoonoses, a Rede WWF contribuiu com mais quatro artigos nesta edição: “Uma visão geral global e perspectivas regionais”; “Áreas marinhas protegidas e conservadas em um mundo pós-COVID-19”; “Turismo em áreas protegidas e conservadas em meio à pandemia” e “O impacto do COVID-19 nos guardas florestais”.
Confira a revista (em inglês) em PARKSjournal.com
Fonte: WWF-Brasil, licenciado sob Creative Commons Attribution-NoDerivatives 4.0 International License
Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos.
Saiba mais