Etarismo é a discriminação por idade contra indivíduos ou grupos etários com base em estereótipos. O etarismo é um tipo de preconceito e pode assumir muitas formas. Isso vai desde atitudes individuais até políticas e práticas institucionais que perpetuam a discriminação etária.
O termo etarismo foi usado pela primeira vez pelo gerontologista Robert N. Butler para descrever a discriminação contra adultos mais velhos. No entanto, o conceito evoluiu para ser frequentemente aplicado a qualquer tipo de discriminação com base na idade. Logo, pode envolver preconceito contra crianças, adolescentes, adultos ou idosos.
Manifestações de preconceito com base na faixa etária são relatadas em diversas situações do cotidiano. No mercado de trabalho, por exemplo, o etarismo pode levar a disparidades salariais ou a uma maior dificuldade de encontrar emprego.
O etarismo afeta adultos mais jovens, que podem ter dificuldade em encontrar emprego. Na maioria das vezes, recebem salários mais baixos, sob a justificativa de que são menos experientes. Enquanto isso, adultos mais velhos podem ter problemas para conseguir promoções, encontrar um novo trabalho e mudar de carreira.
A American Psychological Association sugere que o preconceito de idade é uma questão séria. Logo, deve ser tratada da mesma forma que a discriminação baseada em gênero, etnia ou orientação sexual, por exemplo. A organização aponta a necessidade de aumentar a consciência pública sobre o assunto e os problemas que o preconceito de idade cria pode ajudar. À medida que a população de idosos continua a aumentar, encontrar maneiras de minimizar o etarismo é cada vez mais importante.
Dados do Baltimore Longitudinal Study of Aging sobre as atitudes relacionadas à idade, demonstram que ter estereótipos negativos de adultos mais velhos foi associado a um risco aumentado de doença cardiovascular anos depois. No estudo, 25% das pessoas que tinham estereótipos negativos tiveram um ataque cardíaco 30 anos depois. Sendo que apenas 13% das pessoas com opiniões positivas sobre os idosos tiveram o mesmo destino.
Os participantes do estudo que tinham estereótipos negativos sobre adultos mais velhos tiveram um declínio 30% maior em sua memória. Isso em comparação com pessoas que viam a velhice de forma mais favorável. Os participantes pontuaram na faixa de demência em um teste cognitivo quando sob ameaça de estereótipo. Isso em comparação com 14% dos participantes do teste que não estavam sob a ameaça.
Além disso, o preconceito relacionado ao etarismo tem sido associado à:
Enfrentar a discriminação etária exige uma nova compreensão do envelhecimento por todas as gerações sobre essa fase da vida. Essa compreensão precisa contrariar conceitos desatualizados de pessoas idosas como fardos. Por fim, reconhecer a ampla diversidade da experiência da terceira idade, as desigualdades do preconceito etário e demonstrar disposição para perguntar como a sociedade pode se organizar melhor.
As ações que podem ajudar a combater o preconceito etário incluem:
É importante notar, também, que idosos no Brasil contam com o Estatuto da Pessoa Idosa, chamado anteriormente de Estatuto do Idoso. Ele é destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos.
Em um estudo publicado no periódico The Gerontologist, os pesquisadores observaram como as pessoas mais velhas eram representadas nos grupos do Facebook. Eles encontraram 84 grupos dedicados ao tópico de adultos mais velhos.
No entanto, a maioria desses grupos foi criada por pessoas na casa dos 20 anos. Quase 75% dos grupos existiam para criticar ou debochar de pessoas mais velhas. Sendo que quase 40% defendiam proibi-los de atividades como dirigir e fazer compras.
Os adultos mais velhos também sentem o impacto do etarismo no local de trabalho. De acordo com a US Equal Opportunity Commission, quase um quarto das reclamações de trabalhadores estão relacionadas à discriminação com base na idade.
A organização AARP relata que 1 em cada 5 trabalhadores nos Estados Unidos tem mais de 55 anos. Quase 65% dos trabalhadores dizem que sofreram discriminação com base na idade no trabalho. Além disso, 58% dos entrevistados afirmaram que o etarismo se tornou mais aparente para eles após os 50 anos.
Quando os adultos mais velhos são vistos como deficientes cognitivos ou físicos, eles apresentam desempenho abaixo de suas habilidades nas tarefas. Esta foi a conclusão de um artigo de revisão recente de Sarah Barber, pesquisadora de psicologia e gerontologia da Georgia State University.
Grupos estigmatizados têm um desempenho pior quando são confrontados com estereótipos negativos, segundo a pesquisadora. Ela descobriu que as expectativas dos outros podem desempenhar um papel importante no desempenho dos adultos mais velhos. Principalmente em tarefas cognitivas e habilidades motoras, como dirigir.
A pesquisa revela que cerca de 17% por cento dos indivíduos com 50 anos ou mais enfrentam etarismo nos consultórios médicos. Sendo que cerca de 8% temem que seu médico os esteja avaliando negativamente por causa da idade.
Essa sensação de discriminação pode levar os idosos a um desempenho inferior nos testes cognitivos que recebem. Além de levar a uma maior desconfiança dos médicos e maior insatisfação com os serviços de saúde. Por fim, também gera pior saúde física e mental autorreferida e índices ainda mais elevados de hipertensão.
Esses efeitos de ameaça do estereótipo também podem afetar a saúde e o desempenho físico. Os adultos mais velhos costumam ser estereotipados como lentos, fracos, fracos e frágeis, de acordo com a pesquisadora. Em estudos de laboratório, a ameaça do estereótipo também pode levar a uma caminhada mais lenta para adultos mais velhos.
Segundo Barber, as pessoas que têm atitudes positivas sobre o envelhecimento vivem mais. Além de terem melhor função de memória e se recuperam mais facilmente de doenças.
Por isso, é fundamental garantir que os estereótipos baseados na idade sejam eliminados. Afinal, uma transformação na maneira como enxergamos as pessoas mais velhas e suas capacidades. Isso parece não ser somente uma questão de respeito e ética, mas também de qualidade de vida e saúde pública.
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