Fazendas de salmão estão dizimando peixes selvagens

Compartilhar

O desperdício é um evento recorrente em fazendas de salmão por conta da alimentação hiper-específica da espécie. Porém, nova descoberta feita pela Universidade de Cambridge indica que uma pequena mudança na indústria poderia manter milhões de toneladas de peixe no oceano e, simultaneamente, aumentar a produção de frutos do mar para consumo humano. 

Analisando a produção de fazendas de salmão escocesas, os pesquisadores conseguiram observar milhares de toneladas de peixe que são desperdiçadas poderiam ter outro fim. Os salmões de fazenda são alimentados com outras espécies de peixes selvagens para garantir uma carne mais rica em nutrientes. 

Entretanto, após as pesquisas, os especialistas concluíram que metade dos ácidos graxos (incluindo o ômega-3) e outros nutrientes são perdidos durante a alimentação dos salmões. 

Composto de pneus mata salmão-prateado

Portanto, a sobrepesca de espécies selvagens para a sustentação de fazendas de salmão, além de insustentável, também é desnecessária, já que os animais poderiam ser alimentados por subprodutos de peixes. 

Atualmente, a maioria dos peixes selvagens são pescados para alimentar fazendas de salmão no mundo todo. Contudo, ao criar cenários alternativos onde a espécie é alimentada por restos de peixe, em vez de peixes inteiros, os pesquisadores puderam confirmar que milhões de toneladas desses animais teriam um destino melhor. 

De acordo com a pesquisa, cerca de 3,7 milhões de toneladas de peixes poderiam permanecer nos oceanos, enquanto a indústria de peixes selvagens cresceria em até 6,1 milhões de toneladas. 

A permanência dessas espécies no oceano, por exemplo, poderia evitar as tragédias catastróficas da produção de peixe para consumo, como a sobrepesca. A sobrepesca, que é resultado da alta demanda na indústria pesqueira, tem um grande impacto na biodiversidade marinha, podendo afetar a fertilidade e o crescimento desses animais. 

Pesca fantasma: o perigo invisível das redes pesqueiras

Além disso, acredita-se que a sobrepesca coloca mais de um terço de tubarões, raias e outras espécies da vida marinha em risco de extinção. Embora não sejam o alvo das redes, uma infinidade de outras espécies acabam sendo levadas junto com os peixes-alvo, em processo chamado de “pesca fantasma”, contribuindo para o desaparecimento de espécies e para a perda de biodiversidade marinha. 

Embora a aquicultura de salmão seja proveniente da demanda mundial, os peixes selvagens deveriam ser priorizados para consumo humano. Nessa redistribuição, os salmões ainda receberiam a comida necessária para sua sobrevivência e outras espécies poderiam ter uma chance de vida no mar. 

Entretanto, é importante notar que o consumo de peixe e outros animais marinhos é insustentável. Mesmo que os problemas derivados das fazendas de salmão parem, a pesca ilegal e a sobrepesca de outras espécies de peixes também apresentam resultados catastróficos nos oceanos. 

Júlia Assef

Jornalista formada pela PUC-SP, vegetariana e fã do Elton John. Curiosa do mundo da moda e do meio ambiente.

Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos.

Saiba mais