Excesso de sal nos solos coloca segurança alimentar em risco

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Por Nações Unidas Brasil Para marcar o Dia Mundial do Solo, celebrado em 5 de dezembro, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), alertou a comunidade internacional sobre as consequências da má gestão da água e sua relação com a salinização do solo. 

Mais de 833 milhões de hectares de solos já estão salinizados, o que representa 9% da superfície da Terra. As regiões mais afetadas são a Ásia Central, o Oriente Médio, América do Sul, Norte da África e o Pacífico.

Práticas agrícolas insustentáveis, superexploração dos recursos naturais e o aumento da população mundial, também foram citados pela organização como fatores que exercem uma pressão cada vez maior nos solos, causando taxas alarmantes de degradação ao redor do mundo.

Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) destacou que o manejo impróprio da água, o que inclui abastecimento insuficiente e sistemas de drenagem de má qualidade, está contribuindo para a salinização excessiva do solo, um problema que ameaça a segurança alimentar global. O alerta foi feito antes do Dia Mundial do Solo, celebrado no domingo (5).

A salinização se refere ao aumento dos níveis de sal presente no solo, que pode impedir o crescimento de plantas e, até mesmo, ser tóxico para a vida. Isso pode acontecer naturalmente, por exemplo, em desertos, devido a falta de água e evaporação intensa, ou pode ocorrer como uma consequência da ação humana.

O solo em risco – O diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, afirmou que o solo é a base da agricultura e os fazendeiros em todo o mundo dependem do solo para produzir 95% da comida que nós comemos. “Contudo, nossos solos estão em risco”, alertou.

A organização explicou que práticas agrícolas insustentáveis e a superexploração dos recursos naturais, assim como o aumento da população mundial, estão colocando uma pressão cada vez maior nos solos e causando taxas alarmantes de degradação do solo em todo o mundo.

Mais de 833 milhões de hectares de solos já estão salinizados, o que representa 9% da superfície da Terra ou, grosseiramente, quatro vezes o tamanho da Índia.

A salinização do solo acontece em todos os continentes e em quase todas as condições climáticas, porém mais de dois terços dela está ocorrendo em zonas áridas e semi-áridas. As regiões mais afetadas são a Ásia Central, o Oriente Médio, América do Sul, Norte da África e o Pacífico

Desafios no Uzbequistão – O Uzbequistão, localizado na Ásia Central, é o maior país sem litoral do mundo e está rodeado por outras nações também sem acesso ao mar. Mais da metade dos solos do país são afetados pelo sal, tornando extremamente difícil cultivar de forma produtiva. 

“Tenho cultivado esta terra durante toda a minha vida e visto tantas pessoas desta área partirem ao longo dos anos por causa do calor, tempo seco e falta de água”, disse à FAO, Adyl Khujanov, um administrador de uma fazenda do vilarejo de Kyzylkesek, situado na região de Karakalpakstan, no oeste do Uzbequistão. A região é considerada o lugar mais quente e seco do país.

Em outras regiões do mundo, a salinização do solo é atribuída a atividades humanas insustentáveis. Isso inclui o uso excessivo de fertilizantes, métodos de irrigação inadequados, água de má qualidade e desmatamento.

Aprendendo novos métodos – A FAO trabalha com os países para apoiá-los na gestão dos recursos do solo. No Uzbequistão, a Parceria Global do Solo (GSP, na sigla em inglês) da FAO colabora com cientistas para desenvolver práticas de gestão de solo inteligentes para o clima, para que as safras em áreas afetadas pelo sal possam prosperar.

“Graças aos novos métodos que aprendemos e adotamos aqui para lidar com as mudanças climáticas e a severa escassez de água, posso cultivar tomates, melões, leguminosas e plantas de forragem para alimentar os animais”, relatou Khujanov. 

Dados ​​críticos e confiáveis – A FAO também enfatizou a importância de gerar dados confiáveis ​​sobre o solo, embora avise que muitos países enfrentam desafios nesta área. 

A agência publicou o Relatório Global do Laboratório de Avaliação do Solo, que revela que dos 142 países pesquisados, 55% carecem de capacidade adequada para análise de solo. A maioria deles na África e na Ásia. 

No lançamento do relatório, o diretor-geral da FAO sublinhou a necessidade de investimento em laboratórios de solo para fornecer dados confiáveis ​​que irão informar decisões sólidas para garantir o manejo sustentável do solo e prevenir a degradação. 

Qu Dongyu disse que a recente adoção de uma nova Estratégia de Solo pela União Europeia (UE) é um exemplo positivo, estabelecendo metas concretas e ambiciosas para melhorar a saúde do solo dentro e fora do bloco. 

A FAO lembrou que o papel vital de solos saudáveis ​​na mitigação e adaptação às mudanças climáticas e na construção de resiliência foi destaque na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP26) no mês passado.

A agência pediu a todos os países para que melhorem urgentemente as suas informações e capacidades sobre o solo, assumindo compromissos mais firmes com a gestão sustentável do recurso natural.

Equipe eCycle

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