Um estudo recente ressalta uma descoberta alarmante: os brinquedos sexuais, tão intimamente ligados ao prazer, podem ser uma fonte negligenciada de microplásticos e ftalatos potencialmente prejudiciais. Esta revelação traz à tona a urgência de uma regulamentação mais rigorosa na indústria, visando assegurar a segurança do consumidor.
Os microplásticos, anteriormente encontrados em locais remotos, desde picos de montanhas até o fundo do oceano, agora têm uma origem mais pessoal. Pesquisadores das universidades Duke e Appalachian State conduziram o estudo, destacando que os brinquedos sexuais, além de proporcionarem prazer, podem contribuir para problemas de saúde devido à presença de microplásticos e ftalatos.
Apesar de o tema ser muitas vezes tratado com tabu, o uso global de brinquedos sexuais continua a crescer exponencialmente. O mercado, estimado em US$ 10,07 bilhões em 2016, atingiu a impressionante cifra de US$ 40,6 bilhões em 2023, prevendo-se ultrapassar os US$ 80 bilhões até 2030, de acordo com Statista.
Considerando a significativa adoção desses produtos, os consumidores têm a expectativa de que sejam seguros, especialmente levando em consideração seu uso interno. Os pesquisadores analisaram quatro modelos distintos de brinquedos sexuais, adquiridos em diferentes momentos para garantir a representatividade da amostra.
A análise, realizada por meio de uma máquina de abrasão, revelou que o brinquedo anal liberou a maior quantidade de microplásticos, seguido pelas esferas anais, o vibrador duplo e, por fim, o vibrador externo. A identificação dos materiais utilizados em cada brinquedo mostrou a presença de substâncias preocupantes, como tereftalato de polietileno, cloreto de polivinila, silicone e borracha.
Os pesquisadores detectaram ftalatos em todos os brinquedos, em concentrações que ultrapassam os limites permitidos em brinquedos infantis pela Comissão de Segurança de Produtos de Consumo dos EUA e pela União Europeia.
Estudos anteriores já associaram ftalatos a disfunções endócrinas, impactando negativamente o sistema reprodutivo e o desenvolvimento infantil. Os pesquisadores alertam para a necessidade de uma regulamentação mais rigorosa na indústria de brinquedos sexuais, atualmente classificados erroneamente como “novidades” ou “massageadores”.
Recomendam, ainda, que futuras pesquisas incorporem fluidos corporais reais ou sintéticos, como lubrificantes pessoais, para avaliar o impacto na liberação de microplásticos e ftalatos. Em suma, os pesquisadores esperam que este estudo sensibilize as agências reguladoras para a implementação de medidas baseadas em evidências, garantindo a segurança do consumidor.
Alguns dos autores apresentarão suas descobertas em um simpósio durante a Conferência Anual da Sociedade de Análise de Risco de 2023, em Washington DC, em 13 de dezembro. O estudo completo pode ser acessado na revista “Microplastics and Nanoplastics“.
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