Sem padronização global, biopolímeros enfrentam barreiras regulatórias e geram confusões conceituais, comprometendo a transição para uma economia circular
A ausência de definições claras e regulamentações harmonizadas no mercado global de bioplásticos compromete o consumo consciente, alimenta o greenwashing e retarda inovações realmente sustentáveis. Pesquisadores de universidades brasileiras destacam o papel das instituições intermediárias na construção de normas que promovam transparência e sustentabilidade no setor.
Um estudo revisou legislações e pesquisas sobre bioplásticos, trazendo à tona a confusão conceitual em torno de termos como “biodegradável”, “compostável” e “baseado em biomassa”. Um plástico de base biológica pode não ser biodegradável, como o polietileno feito de etanol de cana-de-açúcar, idêntico ao produzido a partir de petróleo. Mesmo materiais biodegradáveis, como o PLA, exigem condições específicas para se decompor, destacando a complexidade desse mercado.
A falta de consenso dificulta ações regulatórias que impulsionem soluções ecológicas. Na União Europeia, não há definição oficial para bioplásticos, dificultando a transparência empresarial e prejudicando a transição para uma economia circular. As instituições intermediárias, como a ABNT e a ISO, têm a missão de traduzir leis amplas em normas técnicas claras, monitorando seu cumprimento.
Além disso, a decomposição de bioplásticos gera questões ambientais adicionais. Estudos apontam a formação de microplásticos e a liberação de metano, gás que intensifica o aquecimento global. Soluções tecnológicas devem vir acompanhadas de educação ambiental, essencial para reduzir o consumo excessivo e conscientizar sobre os impactos reais dos plásticos no planeta.
A pesquisa também enfatiza que os avanços no setor dependem da colaboração entre governo, empresas e academia. Um exemplo é o CCD Circula, projeto brasileiro que busca soluções sustentáveis para resíduos pós-consumo. Compreender os impactos ambientais e harmonizar conceitos são passos indispensáveis para enfrentar crises climáticas e promover um mercado mais sustentável.
Pesquisadores reforçam que um sistema alimentar sem plásticos é inviável, mas a redução do uso excessivo é fundamental. Ao padronizar definições e regulamentações, instituições podem guiar a sociedade e o mercado rumo a um futuro mais consciente e sustentável.