Relatório divulgado em 23 de março pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) indicou que a região da América Latina e do Caribe é superada apenas pelo continente africano em termos de produção e uso per capita de carvão vegetal, sendo o Brasil o maior produtor do mundo.
O documento aponta a necessidade de tornar mais eficiente a produção e o uso dessa matéria-prima, com o objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
O relatório “A transição do carvão” destaca que a região latino-americana e caribenha produziu cerca de 8,9 milhões de toneladas de carvão em 2015, abaixo apenas da África, que produziu 62%, 32 milhões de toneladas.
O Brasil é o maior produtor regional e do mundo: produziu 6,2 milhões de toneladas em 2015, 12% da produção global. No país, mais de 90% do carvão vegetal vem da madeira e é utilizado pelo setor industrial, principalmente a indústria metalúrgica, que utiliza 80% do total, diferentemente de outros países da região, em que o carvão é utilizado principalmente na indústria de alimentos e nas residências.
De acordo com o relatório da FAO, em 2010, cerca de 7% das necessidades energéticas primárias da América Latina foram cobertas com energia proveniente da madeira.
Em 2010, a América Latina e Caribe emitiu 371 milhões de toneladas métricas de dióxido de carbono (Mt CO2), pelo uso de madeira e carvão, 297 milhões de toneladas proveniente da madeira e 74 milhões de toneladas de CO2 pelo uso e produção de carvão.
A FAO recomenda que os governos criem um ambiente político propício e um clima de investimento atrativo que leve à transição para uma modernização do setor.
Segundo o estudo, em âmbito global, uma mudança de fogões ou fornos tradicionais para fornos modernos e eficientes para a produção de carvão poderia reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 80%. Além disso, a transição de cozinhas tradicionais para outras de última geração poderia reduzir as emissões em cerca de 60% em âmbito global.
Cerca da metade da população da América Central, aproximadamente 22,5 milhões de pessoas, depende da lenha e do carvão para satisfazer as necessidades energéticas básicas. De acordo com a FAO, o consumo de lenha na América Central em 2013 foi de 42,5 milhões de metros cúbicos.
O maior percentual de consumo de lenha é destinado ao cozimento de alimentos e uma menor proporção é utilizada para calefação e na pequena indústria. A lenha é a fonte primária de energia para famílias rurais de Guatemala, Honduras e Nicarágua, com aproximadamente 18 milhões de habitantes dependendo desse recurso.
Segundo o “Perfil Ambiental e Sistema de Contas Ambientais da Guatemala”, 95% da madeira consumida no país é extraída de forma não controlada. Desse volume, 76% são usados para lenha e 24% para outros usos.
O governo da Guatemala desenvolveu planos de uso sustentável de lenha e uma estratégia e política nacional para uso desse recurso energético de responsabilidade do Instituto Nacional de Bosques (INAB).
Em Honduras, o consumo de lenha cobriu 43% da matriz energética do país no período 2005-2011. O governo do país impulsiona o programa social “Vida Melhor” que fomenta o uso de eco-fogões, destinando 20 milhões de dólares anuais para prover de fogões limpos a 800 mil famílias pobres até 2018 para reduzir os impactos negativos do uso não eficiente de lenha na saúde humana e no meio ambiente.
Segundo a FAO, a América Latina e Caribe tem 935,5 milhões de hectares de florestas, 23,4% da superfície de florestas do mundo, o que representa 36% das reservas globais de carvão em biomassa viva (107 gigatoneladas). Metade desses recursos são florestas primárias, 48% são florestas regeneradas de maneira natural e 2% são plantações.
O panorama não é muito diferente em âmbito sub-regional, enquanto que 45% das florestas da América Central são primárias e 54% da Amazônia, apenas 3% das florestas do Caribe são florestas primárias, percentual que alcança 15% na América do Sul.
A maior parte das florestas no Caribe e na Amazônia é de propriedade pública, enquanto na América Central e no Cone Sul a maior fatia é privada. Segundo a FAO, apenas 15% das florestas da região tem plano de manejo.
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