Loja
Apoio: Roche

Saiba onde descartar seus resíduos

Verifique o campo
Inserir um CEP válido
Verifique o campo

A farinha de mandioca enriquecida contém três vezes mais ferro que outros alimentos vegetais. A tecnologia pode beneficiar pessoas em dietas deficientes ou sem carne

Por Caroline Roxo em Jornal da UnicampA mandioca é um alimento muito popular no Brasil. Contudo, parte do tubérculo costuma ser descartada pelos produtores como resíduo. Para agregar valor a este alimento tão presente na mesa dos brasileiros, pesquisadores desenvolveram uma tecnologia para enriquecer as folhas de mandioca. O estudo teve a participação de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), do Instituto Agronômico (IAC), da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), e de um pesquisador independente. O resultado é uma farinha rica em ferro, com finalidade nutritiva, capaz de reduzir uma das deficiências de minerais mais frequentes na população adulta e infantil.

“Essa tecnologia enriquece a folha da mandioca e faz com que o alimento ofereça uma biodisponibilidade de ferro quase três vezes maior em comparação a outros alimentos vegetais”, explica Mário Maróstica, pesquisador da Unicamp e responsável pela tecnologia.

O processo de biofortificação das folhas secas da mandioca utiliza apenas três matérias-primas, a mandioca, uma fonte de ferro e água. Isso permite a qualquer produtor gerar a farinha enriquecida com ferro dentro de uma cooperativa e comercializá-la, seja como produto final para o consumidor ou na forma bruta para indústrias de alimentos.

A tecnologia teve pedido de patente depositado pela Agência de Inovação Inova Unicamp no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e está disponível para licenciamento pelo setor privado e público. “Focamos no desenvolvimento de um produto de fácil aplicação industrial. Além disso, a farinha biofortificada é um alimento seco, menos suscetível à contaminação microbiana, e com longa durabilidade” expõe Maróstica.

Farinha de mandioca como alternativa para minimizar os efeitos da fome oculta

Fome oculta é a carência de micronutrientes (vitaminas e minerais) essenciais para processos básicos do corpo humano. A anemia ferropriva é uma das carências nutricionais mais reportadas no mundo, podendo resultar em problemas cognitivos e de crescimento, baixo rendimento escolar e profissional. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a fome oculta afeta uma em cada quatro pessoas.

É necessário que as pessoas possam se alimentar bem todos os dias para manterem uma dieta saudável. No entanto, 25% da população mundial se encontra em situação de vulnerabilidade nutricional. Ao analisar o consumo de ferro na população, uma pesquisa feita no país concluiu que uma em cada três crianças brasileiras sofre de anemia ferropriva, correspondendo a 20% do público infantil do Brasil. “Quando oferecemos um alimento rico em ferro, conseguimos melhorar a alimentação do indivíduo que não consome carne ou que não pode consumir carne suficiente naquele dia”, afirma o pesquisador.

Outros benefícios da farinha

O processo de biofortificação de ferro na folha seca da mandioca também aumentou a biodisponibilidade de proteínas do alimento. “Após o processo de enriquecimento, a disponibilidade de proteínas na folha seca da mandioca aumentou. Não a quantidade presente no alimento, mas sua biodisponibilidade. Em outras palavras, o consumidor dessa farinha terá uma maior absorção de proteína em comparação a um alimento não tratado”, explica Maróstica.

Outro aspecto que o pesquisador destaca no processo de biofortificação da folha da mandioca é o fato de a tecnologia não envolver melhoramento genético, isto é, o alimento não se caracteriza como transgênico. “Muitas pessoas são relutantes quanto ao consumo de alimentos transgênicos, mas nosso processo não produz qualquer alteração genética no alimento”, conta.

O público esperado desse alimento é diverso: pessoas carentes de recursos financeiros para manter uma alimentação balanceada, os que buscam fontes alternativas de ferro e os adeptos da alimentação vegana ou vegetariana, que podem ser afetados pela baixa ingestão do mineral por não consumirem carne, maior fonte de ferro para o organismo. O setor agroindustrial também pode se beneficiar do produto para suplementação da alimentação animal.

Da universidade para a população

Para que a farinha de mandioca tecnológica chegue à mesa do consumidor, é necessário que o setor privado ou público licencie a tecnologia. O processo de negociação é intermediado pela Inova Unicamp. A tecnologia pode ser aplicada em empresas interessadas tanto na produção da farinha bruta como no seu uso em outros alimentos, como pães de mandioca. Para saber mais sobre o licenciamento, empresas ou produtores interessados podem entrar em contato com a Inova na área Conexão com Empresas.

Matéria original publicada no site da Agência de Inovação Inova Unicamp.


Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos. Saiba mais