O conceito de fast fashion teve início em 1970 com as grandes marcas da indústria da moda. No entanto, o termo só foi cunhado em 1990. Essa foi a maneira que a mídia criou para expressar a alteração cada vez mais veloz do modelo de negócios da moda por grandes empresas da indústria têxtil.
Mas quais são os impactos negativos desse modelo de produção e consumo? Entenda.
Você gosta de dar uma renovada no guarda-roupa às vezes? Quer mudar o look para se enquadrar nas tendências? Não quer mais usar aquela calça cujo modelo as pessoas não estão mais usando? Se você respondeu sim às perguntas anteriores, saiba que você não está só.
Consumir peças de roupas para estar conectado às tendências é um comportamento praticado pela maioria que pode pagar por esses itens.
Mas nem sempre foi assim. O comportamento consumista no âmbito, em que produtos são fabricados, consumidos e descartados, da moda foi planejado pelo mercado. Mais especificamente, pela indústria do fast fashion. E teve início em 1970, com a chamada crise do petróleo.
Com a proibição do comércio de petróleo para os EUA e alguns países europeus, as empresas têxteis inventaram uma estratégia para sair da crise e conseguir escoar a produção: o modelo fast fashion (ou, em português, a moda rápida).
As empresas que trabalham no modelo fast fashion observam o que as pessoas estão consumindo das marcas de moda renomadas. Logo, fabricam em larga escala modelos parecidos, porém com qualidade inferior e baixos custos. Desse modo, há uma maior garantia de que as peças serão consumidas.
Essas empresas praticam a chamada moda globalizada, que permite que os mesmos tipos de produtos circulem por toda a rede de lojas ao redor do mundo. Isso sem produzir peças de vestuário com particularidades locais, o que barateia muito o produto final.
Apesar de serem produzidas peças iguais em larga escala, a distribuição das peças é fragmentada entre os países para dar a sensação de exclusividade aos consumidores. Isso significa que poucos modelos da mesma peça chegam em uma mesma loja.
Esta fragmentação da mercadoria evita que sobrem peças. Caso sobrem, são feitas liquidações que escoam a produção. Se ainda assim algumas peças não forem vendidas na liquidação, é feito o remanejamento para outro hemisfério. Lá a estação de origem da peça está para começar.
Essas peças remanejadas para o outro hemisfério entram como novidade da coleção de primavera/verão ou outono/inverno, dependendo do clima local. Todo esse ciclo dura no máximo seis meses.
Ao todo, a indústria têxtil é responsável por 10% das emissões globais de gases do efeito estufa, com 1,7 milhão de toneladas de CO2 emitidas anualmente, segundo dados da Climate Seed.
Peças fast fashion são utilizadas menos de cinco vezes e geram 400% mais emissões de carbono do que peças comuns. Essas são utilizadas 50 vezes. Além disso, a produção de roupas não polui apenas com emissão de carbono.
Para produzir fibras têxteis é preciso desmatar, utilizar fertilizantes, agrotóxicos, extrair petróleo e transportar, entre outras formas de poluição.
Além disso, a produção em larga escala feita pelo modelo fast fashion incentiva condições de trabalho precárias e o trabalho escravo, em especial nos países da Ásia.
Um relatório realizado pela parceria entre McKinsey & Company e Global Fashion Agenda avaliou os esforços necessários da indústria da moda no combate à poluição ambiental.
Segundo o documento, as principais contribuições que as marcas podem fazer para o meio ambiente são:
Para abraçar a moda sustentável e o consumo consciente, é necessário primeiro identificar o que é fast fashion. Analise os preços, o alcance e a distribuição da marca. Geralmente, essas marcas são caracterizadas por apresentarem uma ampla variedade de produtos em um tempo de resposta extremamente curto entre o momento em que uma peça ou estilo viram tendência e o momento em que essas roupas ficam disponíveis para consumo.
Para além dos impactos gerados na produção, também existe o problema do descarte. Com um ciclo de vida tão curto, muitas peças vão parar precocemente em aterros sanitários e lixões.
A fibra têxtil mais empregada na moda é o poliéster, um plástico. E o poliéster demora em torno de 200 anos para se decompor.
Dependendo da configuração do tipo de fibra têxtil (muitas vezes há mistura de poliéster e algodão), a peça pode não ser reciclável. E o pior, lavar roupa libera microplásticos que vão parar no mar e, depois em nós mesmos.
O fast fashion contribuiu para uma significativa redução no número médio de vezes que um item é usado. Isso se deve à velocidade da moda, mas também à durabilidade dos produtos.
Na contramão, pesquisadores da Columbia University e da Georgetown University publicaram um artigo no Journal of Marketing que examina como os consumidores podem adotar um estilo de vida de consumo mais sustentável ao optar por produtos duráveis, pois são pessoas preocupadas com o meio ambiente.
Os autores propõem que roupas de maior valor e de alta tecnologia podem ser sustentáveis por terem um ciclo de vida mais longo. Assim, nas estratégias de comunicação e marketing, as marcas podem ajudar os consumidores a concentrarem seus orçamentos em menos produtos, porém duráveis.
Para mais, em contraposição a algumas práticas inviáveis do fast fashion, surgiu um movimento alternativo: o slow fashion.
Evite descartar peças de roupa. Tente consertá-las e continuar usando. Uma dica para evitar os remendos comuns e criar peças com estilo é tentar as técnicas japonesas boro e sashiko.
Se já estiver cansado das roupas e não for possível doá-las, tente dar a elas uma nova finalidade. Confira as matérias:
De qualquer maneira, se for inevitável o descarte, encaminhe corretamente para postos de coleta próximos de sua casa. Você ainda pode adotar práticas como aluguel, revenda, reparo, reforma e redução na lavagem e secagem.
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